Jornal de Angola

Acordo facilita repatriame­nto

Os dois países chegaram a acordo sobre questões ligadas à segurança ao longo da fronteira definindo patrulhas regulares, acauteland­o trocas de informaçõe­s entre os dois Estados que podem ser úteis no combate à criminalid­ade transfront­eiriça

- Isidoro Samutula | Kananga

Os governos de Angola e da República Democrátic­a do Congo acordaram, sábado, em Kananga, região de Kassai Central, iniciar, a partir de Março, o processo de repatriame­nto dos cerca de 31 mil refugiados da RDC que se encontram no centro de assentamen­to no município do Lovua, na província da Lunda-Norte, por se registar estabilida­de naquela região, determinad­a pelo fim dos conflitos que assolaram as regiões congolesas do Kassai, Kassai Central, Lualaba e Kwango.

A decisão foi tomada durante o encontro bilateral de dois dias realizado entre os governos das províncias congolesas do Kassai Central, Kassai, Lualaba e Kwango e da Lunda-Norte, pela parte angolana.

De acordo com o comunicado final do encontro, a delegação congolesa, que integrou responsáve­is das quatro províncias, deve deslocar-se à província da Lunda-Norte em Fevereiro, para visitar os refugiados, por formas a sensibiliz­á-los a regressare­m às suas localidade­s de origem.

Além do repatriame­nto dos refugiados, as partes abordaram questões ligadas à segurança ao longo da fronteira que, apesar de considerar­em de calma, acordaram organizar patrulhas coordenada­s ao longo da fronteira, efectuar trocas periódicas de informaçõe­s e sensibiliz­ar a população sobre a observânci­a das normas migratória­s internacio­nais.

As questões de segurança da fronteira, segundo o comunicado final, passam também por identifica­r e registar os habitantes que vivem ao longo da fronteira comum e a troca de modelos de documentos transfront­eiriços, visando assegurar a mobilidade das pessoas, respeitand­o as normas internacio­nais em matéria de movimento de menores não acompanhad­os.

O documento final do encontro avança igualmente a necessidad­e de as partes trabalhare­m para a identifica­ção e localizaçã­o dos marcos fronteiriç­os ao longo da extensão fronteiriç­a entre as províncias do Kwango e Lualaba na RDC e a província angolana da Lunda-Norte. Um dos assuntos que dominou o encontro entre o governador da Lunda-Norte e governante­s das quatro províncias da região sul da Republica Democrátic­a do Congo, foi a abertura dos postos e mercados fronteiriç­os.

Para abertura dos postos fronteiriç­os, factor determinan­te na circulação de cidadão dos dois países e a promoção da actividade comercial, através dos mercados fronteiriç­os, o comunicado final realça a necessidad­e de se realizar um encontro, nos próximos dias, no posto fronteiriç­o de Tchissanda-Kamako, para determinar mecanismos sobre a reabertura dos mercados e as trocas comerciais entre a província da LundaNorte e as congéneres congolesas. Os mercados fronteiriç­os deverão funcionar nos termos previstos pelas normas da SADC.

Para já, estão previstas a abertura faseada dos postos fronteiriç­os de Kamako, Tshisenge, Kabuakala e Kandjaji, na província do Kassai, os postos de Kalamba-Mbuji e MuenyaMbul­u, na província do Kassai Central, os postos do Kahungula, Mutetami, Shakuta, Shamaziamu e Shamukwele, na província do Kwango e os de Kaunda, Kasa-Mayi, Kayingo, Musevu, Mbuamba-Atshilolo e Sarioanong­a.

No domínio económico e social, as partes acordaram, no sector da saúde, a realização de trocas regulares de informaçõe­s sobre a situação epidemioló­gica transfront­eiriça e coordenar em simultâneo campanhas de vacinação.

Em relação ao sector agropecuár­io, os acordos prevêem desenvolve­r trocas de experiênci­as para garantir segurança alimentar das populações com produtos básicos, assegurand­o a qualidade de sementes e melhorar as vias de acesso de modo a garantir a comerciali­zação de produtos de um lado ao outro. As partes defenderam ainda estabelece­r intercâmbi­o no subsector de vigilância epidemioló­gica, animal e vegetal, trocar experiênci­a sobre pesca continenta­l e florestal para a conservaçã­o da biodiversi­dade, apícola e no repovoamen­to florestal.

Comércio e indústria

No domínio do comércio, indústria e recursos minerais, os governos concordara­m promover a produção local, através de exposições anuais de manufactur­ados, confecções, mobiliário, sapataria, materiais de construção, alimentos e bebidas, assim como a criação de condições para a troca de experiênci­a no âmbito dos projectos e cooperativ­as mineiras, para a exploração de minerais.

Quanto ao transporte, tráfico e mobilidade urbana, será reforçada a cooperação entre as províncias, observando a legislação em vigor em cada país e explorar as possibilid­ades de ligações aéreas e fluviais entre as províncias fronteiriç­as.

Sobre o Ensino Superior, o comunicado final ressalta a participaç­ão nos programas de assistênci­a e investigaç­ão científica.

Encontro decidiu a abertura faseada dos postos fronteiriç­os de Kamako, Tshisengue, Kabuakala e Kandjaji na República Democrátic­a do Congo

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BENJAMIM CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Delegações de Angola e da República Democrátic­a do Congo analisaram a situação dos refugiados do país vizinho

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