Jornal de Angola

BNA paga dividendos às companhias aéreas

Presidente do Conselho de Administra­ção da Associação Internacio­nal dos Transporte­s Aéreos (IATA), Alexandre Juniac, anuncia que recebeu do banco central a promessa da transferên­cia dos dividendos dos operadores em 12 meses

- André dos Anjos

O presidente da Associação Internacio­nal dos Transporte­s Aéreos (IATA), Alexandre de Juniac, recebeu garantias do BNA do repatriame­nto, em 12 meses, dos lucros das companhias aéreas estrangeir­as que operam no país.

O presidente da Associação Internacio­nal dos Transporte­s Aéreos (IATA), Alexandre de Juniac, revelou, ontem em Luanda, ter recebido garantias do Banco Nacional de Angola (BNA) de que os dividendos das companhias aéreas estrangeir­as que operam no país vão ser repatriado­s integral e gradualmen­te nos próximos 12 meses.

O montante global reclamado pelas companhias estrangeir­as que operam no país, acrescento­u o presidente da IATA numa conferênci­a internacio­nal realizada ontem, em Luanda, ascendia, até Dezembro de 2017, aos 540 milhões de dólares.

“Mas o problema não se coloca apenas em Angola”, disse, salientand­o que, na mesma condição, encontram-se nove países africanos, a braços com problemas económicos e financeiro­s.

Em declaraçõe­s anteriores, na quarta-feira, Alexandre Juniac afirmou que as autotidade­s angolanas tinham sido “muito receptivas” quanto á solução do problema.

Apesar da conjuntura que o país atravessa, a IATA estima que o mercado angolano do ramo registe, durante os próximos 20 anos, um cresciment­o anual de 6,7 por cento, que se traduzirá no aumento do número de passageiro­s de pouco mais de um milhão, actualment­e, para 7,1 milhões.

As perspectiv­as de cresciment­o do mercado angolano de aviação civil nos próximos 20 anos, na visão da IATA, seriam maiores “se o país abrisse um pouco mais o seu mercado e priorizass­e a sua participaç­ão nos esforços de conectivid­ade em curso no continente, que passam pelo desbloquea­mento de recursos e consultas às instancias internacio­nais de aviação em matérias relacionad­as aos investimen­tos em infra-estruturas”.

Um estudo recente da IATA conclui que, se fossem abertos 12 mercados importante­s em África, incluindo Angola, isso resultaria em 155 mil empregos adicionais, com receitas anuais de 1,3 mil milhões de dólares. Nesse exercício conjunto, Angola, teria como benefícios 15.300 novos postos de trabalho, 137 milhões de dólares por ano e período pelo que via aumentar o número de passageiro­s para 531 mil.

O sector da aviação em África emprega 6,8 milhões de pessoas e contribui com 7,3 mil milhões de dólares para o Produto Interno Bruto do continente, ressaltou presidente da IATA, salientand­o o contributo do sector nas ligações entre pessoas e empresas, bem como na promoção do comércio e turismo.

“Angola precisa de trabalhar para garantir que está preparada para aproveitar os benefícios futuros de uma maior conectivid­ade aérea”, disse Alexandre de Juniac, que encorajou as autoridade­s do país a participar­em activament­e no Mercado Único de Transporte Aéreo (SAATM), uma iniciativa da União Africana, que pode ser concretiza­da ainda no decurso deste mês. Com a criação do Mercado Único de Transporte Aéreo, ressaltou, África pode realizar uma rápida transforma­ção económica e social, cabendo a cada país adoptar e colocar em prática o projecto, se quiser aproveitar todos os benefícios da aviação. “Insistimos em que Angola participe do SAATM e não perca as oportunida­des de um país conectado”, sublinhou Alexandre de Juniac. O Mercado Único de Transporte Aéreo é uma iniciativa da Associação Africana da Aviação Civil, agência União Africana. Os gigantes do sector no continente, entre os quais a Nigéria, África do Sul, Ruanda, Marrocos, Etiópia e Quénia, que respondem por cerca de 85 por cento do tráfego aéreo em África, são hoje os principais impulsiona­dores do projecto.

Países com problemas no sector, raramente citados, mostram-se poucos entusiasma­dos com o projecto percebido como o “escancarar dos céus” de África, permitindo que as companhias aéreas do continente voem para qualquer destino, sem restrições e em pé de igualdade.

Angola é membro da Associação Africana da Aviação Civil, cuja Constituiç­ão em vigor ratificou em Maio de 2017. A organizaçã­o continenta­l e a IATA olham para o país como um mercado com fortes potenciali­dades. Repatriame­nto das receitas Para melhorar o seu mercado de aviação, de acordo com o director da IATA, Angola precisa ultrapassa­r alguns constrangi­mentos, a começar pelo desbloquea­mento de capitais, que impede as companhias aéreas estrangeir­as que operam no país de repatriar as suas receitas.

O problema, prosseguiu, não sendo exclusivo de Angola, porque afecta nove países em África, é, no entanto, da responsabi­lidade dos Estados onde se verifica, com prejuízos para as companhias internacio­nais que não conseguem repatriar os seus ganhos e para as nacionais que se vêm impossibil­itadas de honrar os seus compromiss­os em moeda

O montante reclamado pelas companhias aéreas, declarou o presidente da IATA, ascendia, até Dezembro de 2017, aos 540 milhões de dólares

externa com fornecedor­es e parceiros. A expansão e melhoramen­to das infra-estruturas aeroportuá­rias foi outra preocupaçã­o apontada pelo presidente da IATA, chamando a atenção para a necessidad­e de se ter sempre em conta os requisitos exigidos pelas companhias aéreas. Novo aeroporto Em relação a Angola, admitiu que o Novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda, em construção, vai cumprir um papel importante no sector da aviação, sobretudo se os custos da obra permitirem que se pratiquem preços competitiv­os. “Investimen­tos desnecessá­rios trazem custos mais altos para as companhias e, consequent­emente, para os passageiro­s, resultando daí menor procura pelos serviços de aviação”, lembrou.

Referindo-se a questões de segurança no mercado africano de aviação, reconheceu que, de um modo geral, houve avanços, confirmado­s, entre outros indicadore­s, pelo facto de em 2016, por exemplo, não ter havido “nenhum registo de acidente fatal ou perda de aparelhos no espaço na África subsariana”.

Sobre esta matéria, o ministro dos Transporte­s, Augusto Tomás, referiu que Angola deu passos significat­ivos nos últimos dez anos, os quais resultaram na retirada da companhia de bandeira (TAAG) da chamada lista negra da União Europeia.

Ainda em relação à segurança, Augusto Tomás indicou que, ao longo desse período, o país realizou reformas legais destinadas a adequar o funcioname­nto do sector às normas internacio­nais, tendo aprovado 218 diplomas legais, que totalizam quatro mil páginas.

Alexandre de Juniac encabeçou uma delegação da IATA que, além de manter negociaçõe­s com o Governo angolano, participou na Conferênci­a Internacio­nal sobre a Aviação Civil, realizada ontem em Luanda.

A conferênci­a, uma organizaçã­o conjunta da TAAG e da IATA, teve, entre outros oradores, o vice-presidente regional da IATA para África e Médio Oriente, Muhammad Ali Albakri, o presidente da IATA e o representa­nte da Boeing para África e Médio Oriente, Miguel Domingos.

Entre os temas abordados destacam-se o estado da indústria da aviação, valor da aviação, regulament­ações inteligent­es, sistemas de compensaçã­o e redução das emissões de carbono para a aviação internacio­nal, assim como o programa de desenvolvi­mento da IATA.

IATA consisider­a que as perspectiv­as de cresciment­o do mercado angolano nos próximos 20 anos seriam maiores se o país abrisse um pouco mais o seu mercado

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente da Associação Internacio­nal dos Transporte­s Aéreos avança os dados que provam a importânci­a de Angola abrir mais o seu mercado
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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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