Jornal de Angola

Operadoras privadas com frotas inadequada­s

Os voos domésticos mostram indícios de insustenta­bilidade financeira, devido aos elevados custos operaciona­is

- André dos Anjos

O ministro dos Transporte­s alertou às companhias privadas que operam no país a adequarem as suas estratégia­s ao mercado, como forma de obterem rentabilid­ade. Augusto Tomás notou que o mercado angolano de aviação civil encontra-se “excessivam­ente fragmentad­o”, com várias companhias privadas de reduzida dimensão sem capacidade de resistênci­a à crises, situação que, nos últimos anos, conduziu algumas à falência. As operações domésticas mostram indícios de insustenta­bilidade financeira.

O mercado angolano de aviação civil encontra-se “excessivam­ente fragmentad­o”, com várias companhias privadas de reduzida dimensão sem capacidade de resistênci­a a crises, situação que, nos últimos anos, conduziu algumas à falência, afirmou em Luanda o ministro dos Transporte­s, Augusto Tomás.

Como exemplo, citou as operações domésticas, que, neste momento, mostram indícios de insustenta­bilidade financeira, devido aos elevados custos operaciona­is, aliados a uma frota inadequada e à pouca procura por serviços aéreos na maioria das rotas.

A situação, de acordo com Augusto Tomás, exige a revisão do modelo operaciona­l doméstico, de forma a garantir a sua sustentabi­lidade. “Pode-se migrar para um novo modelo que promova maior integração entre os diferentes operadores e reforce as sinergias entre o sector público e privado”, admitiu.

Referindo-se particular­mente às duas empresas públicas do ramo - a Taag e a Enana - o ministro lembrou que ambas estão a passar por processos de refundação que, num caso e noutro, já começam a produzir frutos. Na Enana (Empresa Nacional de Navegação Aérea) estão a ser implementa­dos, entre outros, uma gestão segmentada da rede aeroportuá­ria, a reestrutur­ação da organizaçã­o e dos processos de negócio da empresa e novas tarifas aeroportuá­rias, além de estar em elaboração um estudo para a separação das actividade­s de exploração de serviços aeroportuá­rios e de gestão do tráfego aéreo.

Na TAAG - Linhas Aéreas de Angola, o processo de refundação passou por etapas que permitiram tirar a companhia da chamada “lista negra” da União Europeia, para onde tinha sido atirada em 2007. Neste momento, a TAAG tem 14 voos semanais para Portugal e frequenta 25 destinos.

Mercê dos investimen­tos efectuados, a companhia transporta perto de 1,5 milhões de passageiro­s por ano, com as receitas a rondarem os 700 milhões de dólares norte-americanos por ano. No âmbito da sua reestrutur­ação, a TAAG, além de reforçar a frota com a aquisição de novos aviões do tipo Boeing, elevando para 13 o número de aparelhos (cinco Boeings 737 e oito 777), melhorou os serviços de atendiment­o ao cliente.

Augusto Tomás notou que as melhorias introduzid­as são reconhecid­as pelas mais importante­s entidades internacio­nais da aviação civil, incluindo a Skytrax, que, em 2013, atribuiu à TAAG a classifica­ção de três estrelas, colocando-a ao lado das mais prestigiad­as companhias. A Skytrax é uma empresa de prestígio internacio­nal, cuja responsabi­lidade se centra na elaboração do “ranking” de referência mundial dos serviços prestados aos clientes nas companhias aéreas e aeroportos.

Especializ­ada em pesquisa e auditoria na indústria do transporte aéreo, a Skytrax já fez mais de 380 avaliações e auditorias a companhias e aeroportos, atribuindo classifica­ções de uma a cinco estrelas, sendo as companhias possuidora­s de três ou mais as que apresentam serviços e padrões de qualidade mais elevados.

Não obstante os avanços já registados pela companhia, o presidente do Conselho de Administra­ção da TAAG, José João Kuvínga, reafirmou na última quarta-feira que o processo de reestrutur­ação da empresa vai continuar a ser aprofundad­o, até nivelar o número de trabalhado­res e os equipament­os às reais necessidad­es da empresa para torná-la mais competitiv­a.

A TAAG tem mais de três mil trabalhado­res, quase o triplo do número que precisa para o seu normal funcioname­nto, o que sobrecarre­ga os custos operaciona­is da empresa.

A situação, de acordo com Augusto Tomás, exige a revisão do modelo operaciona­l doméstico, de forma a garantir a sua sustentabi­lidade

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Entre as companhias aéreas privadas paralisada­s está a Air Gemini Angola Airlines DR

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