Operadoras privadas com frotas inadequadas
Os voos domésticos mostram indícios de insustentabilidade financeira, devido aos elevados custos operacionais
O ministro dos Transportes alertou às companhias privadas que operam no país a adequarem as suas estratégias ao mercado, como forma de obterem rentabilidade. Augusto Tomás notou que o mercado angolano de aviação civil encontra-se “excessivamente fragmentado”, com várias companhias privadas de reduzida dimensão sem capacidade de resistência à crises, situação que, nos últimos anos, conduziu algumas à falência. As operações domésticas mostram indícios de insustentabilidade financeira.
O mercado angolano de aviação civil encontra-se “excessivamente fragmentado”, com várias companhias privadas de reduzida dimensão sem capacidade de resistência a crises, situação que, nos últimos anos, conduziu algumas à falência, afirmou em Luanda o ministro dos Transportes, Augusto Tomás.
Como exemplo, citou as operações domésticas, que, neste momento, mostram indícios de insustentabilidade financeira, devido aos elevados custos operacionais, aliados a uma frota inadequada e à pouca procura por serviços aéreos na maioria das rotas.
A situação, de acordo com Augusto Tomás, exige a revisão do modelo operacional doméstico, de forma a garantir a sua sustentabilidade. “Pode-se migrar para um novo modelo que promova maior integração entre os diferentes operadores e reforce as sinergias entre o sector público e privado”, admitiu.
Referindo-se particularmente às duas empresas públicas do ramo - a Taag e a Enana - o ministro lembrou que ambas estão a passar por processos de refundação que, num caso e noutro, já começam a produzir frutos. Na Enana (Empresa Nacional de Navegação Aérea) estão a ser implementados, entre outros, uma gestão segmentada da rede aeroportuária, a reestruturação da organização e dos processos de negócio da empresa e novas tarifas aeroportuárias, além de estar em elaboração um estudo para a separação das actividades de exploração de serviços aeroportuários e de gestão do tráfego aéreo.
Na TAAG - Linhas Aéreas de Angola, o processo de refundação passou por etapas que permitiram tirar a companhia da chamada “lista negra” da União Europeia, para onde tinha sido atirada em 2007. Neste momento, a TAAG tem 14 voos semanais para Portugal e frequenta 25 destinos.
Mercê dos investimentos efectuados, a companhia transporta perto de 1,5 milhões de passageiros por ano, com as receitas a rondarem os 700 milhões de dólares norte-americanos por ano. No âmbito da sua reestruturação, a TAAG, além de reforçar a frota com a aquisição de novos aviões do tipo Boeing, elevando para 13 o número de aparelhos (cinco Boeings 737 e oito 777), melhorou os serviços de atendimento ao cliente.
Augusto Tomás notou que as melhorias introduzidas são reconhecidas pelas mais importantes entidades internacionais da aviação civil, incluindo a Skytrax, que, em 2013, atribuiu à TAAG a classificação de três estrelas, colocando-a ao lado das mais prestigiadas companhias. A Skytrax é uma empresa de prestígio internacional, cuja responsabilidade se centra na elaboração do “ranking” de referência mundial dos serviços prestados aos clientes nas companhias aéreas e aeroportos.
Especializada em pesquisa e auditoria na indústria do transporte aéreo, a Skytrax já fez mais de 380 avaliações e auditorias a companhias e aeroportos, atribuindo classificações de uma a cinco estrelas, sendo as companhias possuidoras de três ou mais as que apresentam serviços e padrões de qualidade mais elevados.
Não obstante os avanços já registados pela companhia, o presidente do Conselho de Administração da TAAG, José João Kuvínga, reafirmou na última quarta-feira que o processo de reestruturação da empresa vai continuar a ser aprofundado, até nivelar o número de trabalhadores e os equipamentos às reais necessidades da empresa para torná-la mais competitiva.
A TAAG tem mais de três mil trabalhadores, quase o triplo do número que precisa para o seu normal funcionamento, o que sobrecarrega os custos operacionais da empresa.
A situação, de acordo com Augusto Tomás, exige a revisão do modelo operacional doméstico, de forma a garantir a sua sustentabilidade