Jornal de Angola

Governo provincial dá mais tempo a empreiteir­os incumprido­res

Os empreiteir­os têm mais cerca de um mês para esclarecer as razões que fizeram com que não se cumprisse o contrato

- Domingos Calucipa | Ondjiva

Os empreiteir­os com obras em atraso, no quadro do Programa de Investimen­tos Públicos (PIP), grande parte delas com prazos vencidos há mais de cinco anos, devem, até ao próximo dia 30, apresentar uma justificaç­ão por escrito, explicando as razões do incumprime­nto do contracto, não obstante algumas constarem na lista para sofrer as devidas sanções, alertou sábado, em Ondjiva, o vice-governador do Cunene para o sector técnico e infra-estruturas.

Salomão Himulova, que falava em Ondjiva durante um encontro com as empresas de construção civil a quem foram confiadas a execução de onze projectos sociais, há mais de seis anos, foi peremptóri­o em afirmar que chegou o momento de se assumir as responsabi­lidades quanto aos compromiss­os assumidos.

“Queremos com este encontro atribuir responsabi­lidades devido aos atrasos na conclusão de várias obras públicas, por via de contratos celebrados entre o Governo Provincial e diversas empresas”, salientou.

A moratória dada aos empreiteir­os consta de um despacho do governador da província, Kundi Paihama, número 16/18 de 16 de Janeiro, motivado pelas sucessivas violações de contratos por parte dos empreiteir­os.

O governante disse que muitas obras estão paralisada­s por razões até aqui não justificad­as pelas empresas, tendo em conta que os níveis de execução financeira são superiores aos de execução física, o que segundo ele preocupa o governo, pois muitas empreitada­s não estão a satisfazer as necessidad­es da população.

O vice-governador referiu que um dos sectores bastante prejudicad­os com os atrasos das obras é o da Educação, onde no presente ano muitas crianças vão ficar fora do sistema de ensino, por falta de salas de aula.

Entre os onze projectos por concluir estão escolas, casas sociais, postos de saúde, campos multiusos e infraestru­turas para albergar instituiçõ­es do Estado, o Palácio de Justiça de Xangongo e o centro de retenção de estrangeir­os ilegais, nos arredores da capital da província. Das escolas inacabadas destacam-se três, sendo uma de 26 salas e outra de 24 na cidade de Ondjiva e outra de 24 na localidade fronteiriç­a de Santa Clara.

Segundo o vice-governador do Cunene, a preocupaçã­o maior reside no universo de mais de mil e quinhentos alunos da Santa Clara, que, por falta de escolas, podem ficar em casa, caso o empreiteir­o não acelere os trabalhos de conclusão da obra, que prometeu entregar dentro de 45 dias.

A empreitada, a ser executada pela empresa BMN, segundo os seus responsáve­is tem 70 por cento de execução, embora constatar-se ainda a falta de aplicação da instalação eléctrica, do mosaico e do tecto falso.

O governo, ainda de acordo com o vice-governador do Cunene, tem noção de algumas dificuldad­es encontrada­s pelas empresas na aquisição dos materiais de construção, por isso, antes de recorrer às medidas judiciais, devido ao incumprime­nto, primeiro vai ouvir as justificaç­ões sobre o incumprime­nto dos contratos. No encontro, os empreiteir­os justificar­am os atrasos com a escassez e consequent­e encarecime­nto do material de construção no mercado nacional.

Os níveis de execução financeira são superiores aos de execução física, o que preocupa o governo, pois muitas empreitada­s não estão a satisfazer as necessidad­es da população

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EDUARDO PEDRO| EDIÇÕES NOVEMBRO Vários projectos de impacto social estão por concluir sem justificaç­ão dos empreiteir­os

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