Grupo contorna falta de divisas
Novagrolíder edifica em Lisboa uma plataforma de exportações para a Europa, onde projecta obter divisas para honrar os compromissos com os fornecedores e elevar os actuais níveis de oferta ao mercado nacional de hortofrutícolas
Para a minimizar as dificuldades cambiais e manter o seu ciclo de produção de hortofrutícolas nas suas unidades de Caxito (Bengo) e Quibala (Cuanza Sul), a Novagrolíder decidiu apostar fortemente na exportação para o mercado europeu a partir de uma moderna plataforma logística em fase de implantação em Lisboa, revelou ao Jornal de Angola o administrador da companhia, José Macedo.
“A plataforma logística está praticamente concluída”, indicou José Macedo, referindo-se à instalação de câmaras de maturação da banana e outros produtos que vão diversificar as exportações angolanas no domínio das hortofrutícolas.
Ao todo, a companhia está a implantar oito contentores, em que sete se destinam à maturação e um ao armazenamento, além de um espaço no Mercado Distribuidor de Lisboa consagrado às vendas.
O administrador anunciou que a Novagrolíder chegou a um acordo com a TAAG para o transporte, duas vezes por semana, de dez toneladas de produtos para a Lisboa, com remessas de manga, papaia e quiabo, principalmente.
Além destes três, os produtos eleitos para a exportação são a banana, uva e ananás, estando a empresa a trabalhar para a certificação do “global gate” - um mecanismo de aferição da qualidade dos produtos que se habilitam a entrar para a Europa -, mas a aposta inclui exportações para outros países europeus, os quais o administrador da Novagrolíder considerou “extremamente exigentes” quanto aos padrões de qualidade.
“Estamos a trabalhar para a certificação, para estarmos em condições de ir para toda a Europa”, disse, adiantando ser essa uma das principais “tábuas de salvação” da sua empresa para atenuar o elevado défice de divisas no mercado nacional, honrar os compromissos com os fornecedores e manter ou aumentar os actuais níveis de fornecimento ao mercado nacional, onde o grupo tem como clientes grandes superfícies comerciais e outros espaços.
José Macedo apontou destinos “fora de África” como Portugal, Espanha e França, considerados “mercados preferenciais” pela companhia, mas disse que a empresa também está atenta aos países do Leste e Centro da Europa e mesmo do Médio Oriente, como o Dubai.
“O nosso objectivo é produzir e aumentar cada vez mais a exportação e evitarmos o sufoco que tivemos em 2017, pois já não estamos em condições de suportar outros constrangimentos como num passado recente em que, por exemplo, a nossa sobrevivência ficou-se a dever à benevolência de diversas multinacionais de sementes, pesticidas e outros produtos, que depositaram total confiança em nós”, lamentou José Macedo.
A opção estratégica da Novagrolíder, declarou o empresário para definir estas operações, é investir no aumento da qualidade dos produtos a colocar no mercado externo, para captar mais divisas e alavancar os projectos agrícolas.
Interrogado sobre a aceitação dos produtos angolanos na Europa, cujo mercado considerou “exigente”, José Macedo revelou que o segredo reside na certificação: “no que diz respeito à banana, a principal aposta, a empresa possui mais de 250 hectares de bananal em Caxito, onde além da luta pela obtenção de competitividade, a Novagrolíder investe na qualidade das embalagens”.
A oferta da Novagrolíder, sublinhou o administrador, é testada, o que permite obter “óptimos resultados” .No que diz respeito ao fomento das exportações , o administrador da companhia disse esperar que o Banco Nacional de Angola e os bancos comerciais encontrem a melhor forma para lidar com a situação, até porque “está em causa a credibilidade da empresa e mesmo do país”.
“Acredito que quer o BNA, como os bancos comerciais, vão encontrar as melhores saídas para que possamos honrar os nossos compromissos com os fornecedores e mantermos a nossa estratégia de ajuda ao Executivo na diversificação das exportações”, realçou.
José Macedo anunciou que, em Fevereiro, a Novagolíder vai participar numa feira na Alemanha, com a exposição da sua oferta de produtos agrícolas.
Companhia está a implantar oito contentores, sete para à maturação e um para armazenamento, além de um espaço no Mercado Distribuidor de Lisboa para vendas