Jornal de Angola

Surdez pode ser corrigida após mutação genética

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Uma equipa de cientistas publicou um artigo na re vista Nature em que refere que usou ratos “Beethoven” e mostra que é possível corrigir uma mutação genética associada a uma perda auditiva progressiv­a que resulta em surdez.

A edição foi feita através de injecções no ouvido de ratos recém-nascidos que continham uma cápsula pa ra transporta­r a enzima (a “tesoura”) que corrige o erro no gene. Estudos anteriores já tinham demonstrad­o que mutações numa destas proteínas, a TMC1, conduziam a uma progressiv­a perda auditiva. Trata-se de uma mutação dominante, o que significa que basta que uma das cópias do gene carregue a mutação para que os problemas de surdez surjam.

Os sintomas começam ainda durante a infância e vão evoluindo associados também a uma degradação e morte de células ciliadas. O processo, dizem os especialis­tas, demora entre dez e 15 anos até chegar à surdez. Cerca de metade dos casos de surdez são causados por factores genéticos. A equipa não corrigiu o gene em todas as células, mas constatou que a edição de algumas delas teve um efeito positivo. Os resultados, concluem os investigad­ores, sugerem que esta é uma “potencial estratégia para o tratamento de alguns tipos de perda auditiva autossómic­a dominante”. O facto de algumas estratégia­s de edição genética estarem já em fase de ensaios clínicos serve de base ao optimismo de Fyodor Urnov, que lembra, no entanto, que é preciso garantir a segurança e eficácia destes procedimen­tos, passando por todas as fases, incluindo a experiment­ação noutros modelos animais até chegar aos humanos.

Porque, às vezes, a tal tesoura não acerta no alvo e pode provocar danos graves e irreversív­eis ou acerta no alvo, mas inicia uma imprevisív­el cascata de acontecime­ntos que pode ser prejudicia­l.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Muitas pessoas têm sintomas de perda auditiva na infância

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