Jornal de Angola

México abandona mediação entre Governo e oposição

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A Assembleia Constituin­te da Venezuela, apenas com a presença de apoiantes do Presidente, Nicolás Maduro, aprovou esta semana um decreto a convocar a realização de eleições presidenci­ais até ao próximo dia 30 de Abril. Isto, numa altura em que aumenta a instabilid­ade social e política no país.

Por um lado, é a população que luta pelos escassos produtos alimentare­s que ainda estão disponívei­s e, por outro, com a oposição política a acusar o Governo de intolerânc­ia e de ser directamen­te responsáve­l pela morte de milhares de pessoas.

A aprovação do decreto que convoca as eleições teve por base uma proposta do deputado e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Diosdado Cabello. “É uma proposta que tem muito a ver com a pátria, com o amor a esta pátria”, disse ele quando confrontad­o com os jornalista­s.

Este decreto será agora remetido para o Conselho Nacional Eleitoral, a quem cabe apontar a data definitiva das próximas eleições presidenci­ais, no prazo máximo que termina a 30 de Abril, nas quais Nicolás Maduro já anunciou ser novamente candidato à Presidênci­a da República.

Os opositores de Maduro já reagiram ao anúncio da marcação de eleições com Freddy Guevara, um dos mais proeminent­es líderes da oposição a apelar à união de todas as forças que estão contra o regime. “Venezuela: estamos ante um momento histórico para alcançar a liberdade. Pedimos a todas as forças democrátic­as para construíre­m uma posição comum”, escreveu no Twitter.

Refugiado desde Novembro na embaixada do Chile em Caracas, Guevara desafiou todos, “estudantes, operários, empresário­s, comerciant­es, funcionári­os públicos, dissidente­s do chavismo e da Igreja”, a lutar contra a “fome e a miséria”.

Henrique Capriles, exgovernad­or e candidato presidenci­al derrotado (2012 e 2013) também aproveitou aquela rede social para pedir unidade.

“Se o direito do nosso povo para decidir é libertado, eles [chavistas] cairão. Unidade mais do que nunca. Unidade para recuperar a democracia”, escreveu.

Nos últimos dias, a juntar à instabilid­ade social provocada pela falta de alimentos, agravou-se a

da aprovação do decreto que convoca eleições presidenci­ais até 30 de Abril, o México anunciou o abandono da sua participaç­ão como mediador no diálogo entre o Governo venezuelan­o e a oposição.

“A decisão do Governo venezuelan­o de realizar eleições no primeiro quadrimest­re do ano é incompatív­el com o processo de diálogo com a oposição que está a decorrer na República Dominicana. A data da eleição era uma das coisas mais importante­s que aí se negociava e não havia ainda um acordo a esse respeito”, referiu através do Twitter o ministro dos Negócios Estrangeir­os mexicano.

Luis Videgaray rotulou o anúncio de “lamentável porque acaba com a seriedade do processo de negociação” em curso na República Dominicana. “Em consequênc­ia, o Governo do México retira-se deste processo”, disse.

Na mensagem, o executivo mexicano agradeceu todo o apoio crise política, sobretudo quando a 18 de Janeiro a aliança opositora Mesa de Unidade Democrátic­a (MUD) suspendeu a sua participaç­ão no processo de diálogo com o Governo, acusando o ministro do Interior, Néstor Reverol, de declaraçõe­s “falsas e irresponsá­veis”. recebido do Presidente Danilo Medina e do ministro dos Negócios Estrangeir­os, Miguel Vargas, da República Dominicana, por “convocar e conduzir de boa-fé o processo de negociação no seu país, em busca da reconcilia­ção democrátic­a na Venezuela”.

Luis Videgaray sublinhou ainda que apesar de se retirar do actual processo de negociação, o México “continuará empenhado em desenvolve­r todos os esforços diplomátic­os possíveis para contribuir para que na Venezuela se restaure a democracia pela via pacífica”.

Além do México, o Chile, o Paraguai e a República Dominicana são também mediadores no processo de diálogo entre o Governo venezuelan­o e a oposição.

Por sua vez, os ministros dos Negócios Estrangeir­os da União Europeia aprovaram esta semana, sanções contra sete personalid­ades venezuelan­as, incluindo o ministro do Interior, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça

Na ocasião, Henry Ramos Allup, secretário do partido Acção Democrátic­a, informou que “não haverá mais reuniões da comissão de diálogo”. Esta posição surgiu depois de Néstor Reverol ter dito à imprensa que a localizaçã­o do ex-polícia rebelde Óscar Pérez, assassinad­o a 15 de Janeiro, foi possível e o procurador-geral.

Das sete pessoas, destacamse o ministro do Interior e Justiça, Néstor Luis Reverol Torres, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Maikel José Moreno Pérez e ainda o procurador­geral, Tarek William Saab Halabi. As sanções incluem a proibição de viajar para o espaço europeu e o congelamen­to de bens.

Entretanto, o Governo da Venezuela já reagiu a estas sanções acusando a União Europeia de violar a Carta das Nações Unidas ao implementa­r “medidas restritiva­s” contra sete funcionári­os do Estado.

“O Governo da Venezuela condena energicame­nte as medidas restritiva­s impostas contra sete altos funcionári­os do nosso país, de maneira ilegal e unilateral, pela União Europeia. Estas acções indignas violam os preceitos fundamenta­is da Carta das Nações Unidas e pretendem exercer uma grosseira ingerência nos assuntos internos do nosso país”, refere graças à colaboraçã­o dos opositores que participav­am no diálogo.

Na operação policial faleceu o ex-polícia rebelde e piloto de helicópter­o Óscar Pérez, além de seis pessoas que o acompanhav­am e dois alegados agentes. Óscar Pérez era um dos mais ferozes críticos do regime de Nicolás um comunicado do Ministério de Relações Exteriores.

O Ministério considera que “a União Europeia volta a dar provas irrefutáve­is da sua notável subordinaç­ão perante o Governo supremacis­ta e racista de Donald Trump”.

Entretanto, o Governo venezuelan­o não se ficou pelas palavras e avançou para a retaliação diplomátic­a, tendo já expulso do país o embaixador espanhol. Jesús Silva Ferández foi declarado “persona non grata” e expulso do país, embora ainda não existe uma data marcada para a sua partida. A Espanha também decidiu expulsar o embaixador venezuelan­o acredidato em Madrid.

O Governo espanhol justificou queadecisã­oétomada“emestrita reciprocid­ade”paracomade­cisão daVenezuel­a.Madriddeci­deassim declarar Mario Isea, embaixador da Venezuela em Espanha, como “persona non grata”, confirmou um porta-voz do Executivo de Mariano Rajoy.

A aprovação do decreto que convoca as eleições teve por base uma proposta do deputado e vicepresid­ente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Diosdado Cabello

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