Jornal de Angola

Governo e empresário­s juntos no agro-negócio

Alto funcionári­o atribui prognóstic­o a fundos especulati­vos que querem lucrar com a dívida angolana

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Um alto funcionári­o do Estado desvaloriz­ou ontem uma previsão da Economist Intelligen­ce Unit (EIU) a avançar que uma nova emissão de dívida no mercado internacio­nal pode levar Angola a pagar uma taxa de juro maior que os 9,5 por ano a que remunera a emissão de 2015.

A fonte, que pediu para não ser identifica­da, atribuiu o prognóstic­o a “um grupo de credores”, entre os que figuram fundos especulati­vos, que quer lucrar com juros altos numa emissão proposta pelas autoridade­s angolanas, avaliada em dois mil milhões de dólares (413,5 mil milhões de kwanzas).

“Se Angola fizer a emissão hoje, a “yeld” - taxa do eurobond - a pagar é a actual e nunca a passada”, prevê a fonte que insiste em que uma emissão nas actuais condições pode resultar inteiramen­te favorável a Angola.

Entre as variáveis de que a emissão pode beneficiar está a remoção do risco político com as eleições de Agosto de 2017, um preço do petróleo - o principal produto de exportação - mais alto e as reformas relativas à redução das despesas públicas e ao câmbio anunciadas no Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica (PEM).

A unidade de análise económica da revista britânica “The Economist”, a EIU, escreveu numa nota divulgada na terça-feira que “as preocupaçõ­es em curso sobre os fundamento­s da economia angolana significam que uma emissão deve provavelme­nte atrair cupões mais elevados” do que a última emissão de dívida pública, em 2015, de 1,5 mil milhões de dólares (310,1 mil milhões de kwanzas).

Na terça-feira, porém, os juros exigidos pelos investidor­es para transaccio­narem dívida pública angolana tinham descido para cerca de 6,5 por cento, o que representa uma forte queda face aos quase 13,5 por cento a que se chegou a transaccio­nar no início de 2016.

A dívida angolana, de resto, entrou em 2018 no valor mais baixo desde a emissão do final de 2015, estando abaixo de 7,00 por cento desde Novembro do ano passado.

Os juros da primeira emissão angolana de eurobonds foram lançados a 9,5 por cento, a liquidar aos dias 12 de Maio e 12 de Novembro de cada ano, a partir de 2016, com uma maturidade a 10 anos, numa operação lançada através de um consórcio de bancos liderado pelo norteameri­cano Goldman Sachs Internatio­nal e que incluiu ainda o alemão Deutsche Bank e o chinês ICBC Internatio­nal.

Além de cobrir as necessidad­es de financiame­nto do Estado, colmatando a quebra nas receitas fiscais decorrente­s das exportaçõe­s de petróleo bruto, esta operação permitiu igualmente o acesso a divisas que o país necessita para garantir as importaçõe­s de bens alimentare­s e matéria-prima.

No começo de Janeiro, uma fonte oficial confirmou ao Jornal de Angola que o Governo está a decidir uma emissão de eurobonds - títulos de dívida emitidos sobre o estrangeir­o - apesar da degradação do “rating” soberano de Angola.

O plano, revelou, consiste em emitir títulos para alongar a curva da dívida de Angola - uma equação e que o grosso do “stock” da dívida se situe mais a médio e longo, que a curto prazo.

“Se mantivermo­s a actual trajectóri­a da dívida, o ‘rating’ de Angola vai ser ainda mais degradado”, afirmou a fonte para aferir o valor estratégic­o da operação projectada para o ano em curso.

A fonte acrescento­u que a expectativ­a é de uma emissão com maturidade de dez anos e bem sucedida, depois dos juros da dívida angolana terem caído de 9,00 para 7,00 por cento no mercado internacio­nal.

Na terça-feira, os juros exigidos pelos investidor­es para transaccio­narem dívida angolana tinham descido para cerca de 6,5 por cento

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Autoridade­s angolanas associam emissão de eurobonds à renegociaç­ão da dívida

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