Todos por um, um por todos vamos torcer pela selecção
Como quem não quer nada e contrariando as previsões mais pessimistas, a Selecção Nacional de Honras de futebol está nos quartos-de-final do Campeonato Africano das Nações, que o Reino do Marrocos alberga desde o dia 13.
Em tempo de vacas magras, portanto, de apertos financeiros, a selecção está a ser um exemplo de como melhor aproveitar os recursos disponíveis para se obter os melhores resultados possíveis. Sem grandes talentos individuais mas com atletas engajados, determinados e tacticamente disciplinados, explorando as características técnicas de cada um, o treinador Srdjan Vaseljevic e seus pupilos conseguiram até agora levar a água ao seu moinho.
O que há mesmo a destacar é que a equipa tem válido pelo seu conjunto, pela sua determinação, pelo grau de concentração dos atletas que, sobretudo a defender, têm jogado segundo a divisa “todos por um, um por todos”. Basta perder a bola e todos os sectores da equipa entram em acção para a recuperar, não dando fôlego ao adversário para construir as suas jogadas.
É, com certeza, isso que permitiu ao grupo o empate sem golos diante do Burkina Faso, a vitória por uma bola a zero diante dos Camarões e, de novo, o empate a zero bolas frente à selecção da República do Congo, garantindo-lhe os cinco pontos necessários para passar à fase dos quartos-de-final sem ter visto as suas redes serem violadas.
No sector ofensivo auguramos que a selecção, que está a dar mostras de melhorias de jogo para jogo, consiga ter os avançados mais calmos e concentrados na hora da decisão, com soluções alternativas que confiram eficácia ao ataque e maior grau de confiança no momento das investidas ao reduto contrário.
Como “treinador de bancada” que sou, portanto mais um dos que falam por entusiasmo, é óbvio que eu quero ver os Palancas Negras chegarem o mais longe possível e, no final do CHAN*2018, a bandeira de Angola a ondular nos céus marroquinos e daí espalhar o nosso perfume pelo mundo, se possível como a primeira das primeiras.
As selecções regressam hoje aos relvados depois de dois dias de descanso. Angola volta a entrar em campo apenas amanhã, às 17h30, para defrontar a Nigéria.
Vamos todos torcer para que, com todo o respeito pelas demais, as nossas cores brilhem mais, vibrem mais, rasguem literalmente os relvados marroquinos com futebol digno de ficar na retina de todos os adeptos para todo o sempre.
Pena é que os atletas do 1º de Agosto, um clube histórico da nossa praça futebolística, incontornável na hora de se escrever o percurso da modalidade pós-independência, estejam de fora desta caminhada que o combinado nacional está a empreender no CHAN´2018. Uma mancha que vai ficar na história da agremiação como um episódio de triste recordação, por mais argumentos que se procure encontrar para justificar essa ausência, tendo em conta as simpatias - e que não são poucas - que o clube já granjeou dentro e fora do país.
Para os comentaristas do futebol será sempre “aquele CHAN… em que os atletas do 1º de Agosto se recusaram a participar…” O resto virá por acréscimo, ao sabor da especulação jornalística e, também e acima de tudo, clubística. O peso da abordagem nesse sentido será maior quanto melhor for a participação da selecção angolana neste CHAN.
Eu particularmente, que nutro simpatia por um certo número de equipas do nosso futebol, pelo que representam em termos de projecção da imagem do país além fronteiras - e o 1º de Agosto faz parte desse selecto naipe -, tenho dificuldades em perceber das reais razões que ditaram essa falta de comparência.
Embora a máxima reze que “os ausentes não contam”, não posso deixar de assinalar que se trata de uma ausência perturbadora, à qual a Federação Angolana não podia manifestamente estar indiferente.
Razão, pois, para redobrarmos o apoio àqueles que, em terras de Sua Majestade o Rei Mohammed VI, procuram, com estoicismo, honrar as cores da nossa bandeira.
PS: Hoje em dia temos computadores, tal como os telefones, inteligentes. Mesmo sem pedirmos, sugerem-nos palavras alternativas na construção de uma frase. Na escrita à quente, pregam-nos verdadeiras partidas de que só nos damos conta depois de o texto publicado. Agora, em que até vêm “prevenidos” com o acordo ortográfico a que nem todos aderimos, toda a atenção pode ser pouca. E quando a gente quer escrever maioritária, é majoritária que aparece, como se fosse um lapsus calami. É arreliante quando o erro passa. Entre a saudade pelos velhos tempos da máquina de escrever, em que não corria tanto esse risco (agora é automático), e o fascínio pelo avanço da tecnologia, a minha cabeça e o meu coração às vezes ficam perdidos. Mas é com o moderno que eu quero ficar, com um chip de alarme na “cachimónia”, que espero se mantenha sempre activo.