Jornal de Angola

Criminosos lideram rede implantada na Namíbia

A partir de Oshikango, Namíbia, cidadãos angolanos e namibianos traçam o itinerário dos infractore­s

- Elautério Silipuleni | Ondjiva

Uma rede composta por cidadãos angolanos e namibianos auxiliam a entrada ilegal de estrangeir­os em Angola, a partir da fronteira com a Namíbia. Os cidadãos traçam o itinerário seguido pelos estrangeir­os.

O chefe de secção de Fiscalizaç­ão do Serviço de Migração e Estrangeir­os (SME) na província do Cunene, Eliseu Baptista, denunciou ontem, em Ondjiva, a existência de uma rede composta por cidadãos angolanos e namibianos que auxiliam a entrada ilegal de estrangeir­os no território nacional, a partir da fronteira com a Namíbia.

Eliseu Baptista, que falava durante um encontro com agentes hoteleiros da província, afirmou que, a partir de Oshikango, na Namíbia, estes cidadãos traçam o itinerário a ser seguido pelos estrangeir­os em situação migratória ilegal, permitindo-lhes atravessar o Cunene, evitar os postos de controlo e atingir a capital do país, Luanda.

“Com o auxílio de angolanos residentes naquele país vizinho e alguns namibianos que conhecem bem Angola, os estrangeir­os, na sua maioria oeste africanos, chegam à Namíbia e é a partir de lá que são delineadas as rotas para atravessar a fronteira, até atingirem o seu objectivo”, disse.

Durante o encontro com os agentes hoteleiros do Cunene, que serviu para esclarecê-los sobre as consequênc­ias do acto de acolher cidadãos estrangeir­os em situação ilegal no país, Eliseu Baptista informou que o SME no Cunene vai responsabi­lizar, nos próximos tempos, empresas de transporte­s colectivos, hotéis e similares que acolham cidadãos estrangeir­os em situação ilegal na província. O objectivo, disse, é mudar o quadro do crescente número de imigração ilegal na região.

Aquele oficial do SME disse que com aquele encontro pretendeu-se, também, manter informados os proprietár­ios de estabeleci­mentos hoteleiros sobre os procedimen­tos a adoptar quando os cidadãos estrangeir­os procurem pelos seus serviços.

Segundo Eliseu Baptista, entre as instituiçõ­es que contribuem para a imigração ilegal estão também as empresas de construção civil e de transporte de passageiro­s. Avisou que estas empresas e estabeleci­mentos hoteleiros doravante serão responsabi­lizadas com penas pesadas. “As multas funcionam e tão logo que se registar infracções cometidas por estes agentes, vamos combater estas infracções com multa a estas entidades”, salientou.

A província do Cunene partilha uma fronteira de 470 quilómetro­s com a Namíbia, sendo 350 terrestre e 120 fluvial.

Detenções no Zaire

Ao todo, 224 cidadãos da República Democrátic­a do Congo (RDC), que nos últimos sete dias tentaram entrar ilegalment­e no território nacional, através da fronteira norte de Angola, foram detidos pela Polícia de Guarda Fronteira na província do Zaire.

O Comando provincial do Zaire da Polícia Nacional indica, em comunicado citado pela Angop, em Mbanza Kongo, que os referidos imigrantes ilegais foram detidos em diversos postos fronteiriç­os com a região do Congo Central (RDC) e já foram encaminhad­os à direcção local do Serviço de Migração e Estrangeir­os (SME) para o devido tratamento.

Durante a semana finda, refere ainda o comunicado, foram registadas 57 transgress­ões de violação de fronteira no perímetro fronteiriç­o entre a província angolana do Zaire e a região do Congo Central, menos cinco em comparação ao igual período anterior.

Das infracções, 54 foram por tentativa de entrada ilegal de estrangeir­os no território nacional e três por contraband­o de combustíve­l, que resultaram na apreensão de 1.300 litros de derivados de petróleo.

Quanto às acções de controlo e fiscalizaç­ão de estrangeir­os em situação migratória irregular, o documento informa terem sido interpelad­os e detidos 267 cidadãos da RDC, que igualmente foram entregues à direcção do SME para os procedimen­tos legais.

Quatro municípios da província do Zaire, designadam­ente Mbanza Kongo, Soyo, Cuimba e Nóqui partilham fronteira com a região do Congo Central (RDC).

Imigrantes ilegais contam com o auxílio de angolanos residentes na Namíbia e de alguns namibianos que conhecem bem Angola

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Estrangeir­os em situação migratória ilegal têm contado com o auxílio de angolanos

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