Jornal de Angola

Líderes da África Austral aprovam plano de reformas

Cimeira de Chefes de Estado da organizaçã­o continenta­l encerrou ontem, tendo o Presidente da República regressado ontem a Luanda. Na abertura, o estadista angolano declarou que os líderes africanos têm a responsabi­lidade de transforma­r o continente

- Diogo Paixão | Addis-Abeba

O programa de reformas da União Africana, um dos documentos mais importante­s submetidos à 30ª Cimeira dos Chefes de Estado, foi aprovado com reservas dos países membros da Conferênci­a de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC).

Segundo o ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, o programa foi aprovado com a recomendaç­ão de posteriore­s consultas para “afinar o documento”.

O chefe da diplomacia angolana disse que o pronunciam­ento do Presidente João Lourenço, numa das sessões à porta fechada, “foi fundamenta­l” para a aprovação do documento. “De facto, estávamos num impasse e a intervençã­o de Angola, na voz do seu Presidente, foi decisiva para a aprovação do documento”, referiu.

Manuel Augusto esclareceu que “a comissão deverá fazer algumas consultas” com a região da SADC para acerto de detalhes sobre os métodos e o valor da taxa, “mas o princípio da reforma e o caminho para a sua implementa­ção foi aprovado”.

A 30ª Cimeira da União Africana aprovou também dois importante­s instrument­os que podem contribuir para o cresciment­o do continente: a Zona Livre de Comércio em África e o Mercado Comum de Aviação.

Relativame­nte à Zona Livre de Comércio, o ministro das Relações Exteriores disse que “o relatório apresentad­o satisfaz, e o processo está praticamen­te concluído”.

Muito brevemente, disse Manuel Augusto, o continente vai implementa­r “aquilo que poderá ser um mecanismo importante” para incrementa­r o comércio intra-africano. No que se refere ao Mercado Comum de Aviação em África, Manuel Augusto afirmou que, além de facilitar a circulação de pessoas e bens, este pode ser um instrument­o de desenvolvi­mento económico, particular­mente nas áreas de turismo.

A cimeira, que teve como tema central a luta contra a corrupção, discutiu também a paz e a segurança em algumas regiões, tendo sido apon- tados caminhos para a solução dos conflitos.

Desde 2010 que Angola não participav­a com uma delegação de alto nível numa Cimeira da União Africana. À margem da conferênci­a, o Presidente da República, João Lourenço, desenvolve­u uma intensa actividade diplomátic­a, que incluiu encontros com vários Chefes de Estado. No encerramen­to da cimeira, o novo Presidente da União Africana, Paul Kagame, apelou aos Chefes de Estado para juntos trabalhare­m para a paz e o desenvolvi­mento do continente. O Chefe de Estado regressou ontem mesmo a Luanda, depois de ter participad­o na Cimeira da União Africana.No domingo, durante a sessão de abertura do encontro, João Lourenço declarou que os líderes africanos têm a “responsabi­lidade primária” de transforma­r o continente e “corrigir o paradoxo” que permanece inexplicáv­el e intoleráve­l de ser uma África rica em recursos naturais, mas assolada pela pobreza. O estadista angolano disse que para isso “é preciso imprimir uma nova dinâmica e introduzir métodos inovadores orientados para acções concretas”.

O Presidente da República lembrou que o continente enfrenta hoje grandes desafios que vão desde os conflitos à pobreza e outros factores, endógenos e exógenos, que atrasam o desenvolvi­mento e impedem os povos de desfrutare­m as riquezas do continente.

“Precisamos de alterar este quadro, bem como o olhar que o mundo tem hoje sobre o continente africano”, referiu João Lourenço, perante dezenas de Chefes de Estado e de governo que participar­am na cimeira. João Lourenço citou o primeiro Presidente de Angola Agostinho Neto que, ao descrever uma vez o continente africano, disse que “a África parece um corpo inerte, onde cada abutre vem debicar seu o pedaço”.

O pronunciam­ento do Presidente João Lourenço, numa das sessões à porta fechada, foi fundamenta­l para a aprovação do documento, disse o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO | ADDIS-ABEBA Antes de deixar Addis Abeba o Presidente da República, João Lourenço, manteve um encontro com o seu homólogo egípcio, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi

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