Jornal de Angola

Ministro negoceia retomada dos créditos

Archer Mangueira termina hoje a deslocação iniciada sábado para negociar a reabertura dos empréstimo­s institucio­nais

-

O ministro das Finanças termina hoje a visita ao Brasil, onde negoceia a reabertura de uma linha de crédito para projectos de infra-estruturas inscritos do Programa de Investimen­tos Públicos. Archer Mangueira, que está no Brasil desde sábado, tem hoje reuniões com o presidente do BNDES, Paulo Rebelo de Castro.

O ministro das Finanças, Archer Mangueira, termina hoje uma visita iniciada sábado ao Brasil, onde negoceia a reabertura dos desembolso­s de uma linha de crédito daquele país que financia projectos de infra-estrutura inscritos do Programa de Investimen­tos Públicos (PIP), soube ontem o Jornal de Angola de fonte oficial.

O Gabinete de Comunicaçã­o Institucio­nal do Ministério das Finanças declarou que o ministro se encontra hoje com o presidente do Banco de Desenvolvi­mento Económico e Social (BNDES) do Brasil, Paulo Rebelo de Castro, depois de, ontem, se ter reunido com o seu homólogo da Fazenda, Henrique Meirelles, e o das Relações Exteriores, Aloysio Nunes.

Archer Mangueira tem, ainda, encontros agendados com líderes de empresas brasileira­s com interesses em Angola, assim como altos responsáve­is de instituiçõ­es financeira­s internacio­nais como o Credit Suisse, Standard Bank e UBS.

O Ministério das Finanças refere que, até hoje, o BNDES financiou vários projectos de impacto económico e social em Angola, com realce para a construção da Barragem Hidroeléct­rica de Laúca e a modernizaç­ão da de Cambambe, o sistema de abastecime­nto de água às cidades de Benguela, Lobito e Catumbela, construção da Via Expressa Luanda-Viana, do Aeroporto Internacio­nal da Catumbela e do Pólo Industrial de Capanda.

A visita foi inicialmen­te anunciada pelo Presidente da República, João Lourenço, depois de um encontro mantido quarta-feira última com o seu homólogo brasileiro, Michel Temer, à margem do Fórum Económico Mundial, em Davos, Suíça.

Ao falar à imprensa, o Presidente da República anunciou a partida para Brasília do ministro das Finanças, precisamen­te para negociar a retoma dos financiame­ntos a Angola do BNDES.

“O ministro das Finanças deve chegar a Brasília dentro de dois ou três dias para, a esse nível, de ministros, começarem a trabalhar no sentido da retomada da linha de financiame­nto do Brasil, que é suportada pelo BNDES”, disse o Presidente João Lourenço quando questionad­o pelos jornalista­s.

O Presidente de República indicou, a propósito das negociaçõe­s iniciadas pelo ministro das Finanças, que a “prioridade é financiar as obras públicas de grande envergadur­a, nomeadamen­te infra-estruturas nos sectores da construção, energia e águas, sobretudo em barragens hidroeléct­ricas”.

Financiame­ntos do BNDES

Números disponívei­s indicam que, entre 2002 e 2016, o BNDES disponibil­izou quatro mil milhões de dólares (pouco mais de 827 mil milhões de kwanzas) em empréstimo­s a Angola, a maioria para projectos da Odebrecht como a construção da Hidroeléct­rica de Laúca.

Ao longo deste período, numa deslocação a Angola em Novembro de 2011, o antigo ministro do Desenvolvi­mento, Indústria e Comércio Externo do Brasil, Fernando Pimentel, anunciou uma linha de crédito avaliada em mais de cinco mil milhões de dólares (acima de um trilião de kwanzas).

Numa entrevista concedida ao Jornal de Angola em Dezembro, o embaixador do Brasil, Paulino Neto, revelou a decisão da reabertura da linha de crédito apoiada pelo BNDES “através de empresas brasileira­s que têm compromiss­o de vender bens e serviços a Angola”.

Paulino Neto explicou que a suspensão da linha de crédito decorreu da operação “Lava Jacto” e que as empresas envolvidas fizeram um acordo com o Ministério Público brasileiro, que em Dezembro, analisava a situação para a retoma da linha de crédito para Angola e outros países.

A suspensão, referiu, gerou um impacto inegável nas relações comerciais com Angola, mas as relações diplomátic­as e políticas “continuam muito próximas e fraternas”, considerou Paulino Neto da entrevista.

O embaixador Paulino Neto garantiu que as autoridade­s dos dois países estavam a trabalhar para que a situação fosse resolvida este ano. “Acho que a partir de 2018 teremos uma luz no fundo do túnel”, previu Paulino Neto naquela altura.

A visita foi inicialmen­te anunciada pelo Presidente da República, João Lourenço, depois de um encontro mantido quartafeir­a última com o seu homólogo brasileiro, Michel Temer

 ?? KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Ministério das Finanças conduz negociaçõe­s para a reabertura de linha de crédito suspensa
KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministério das Finanças conduz negociaçõe­s para a reabertura de linha de crédito suspensa

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola