Jornal de Angola

CUANDO CUBANGO

No instituto situado na localiade de Missombo são formados anualmente técnicos para os diferentes ramos da agricultur­a

- Lourenço Bule| Menongue

Professore­s sem salários há 4 meses

Pelo menos 25 professore­s colaborado­res dos cursos médios de produção vegetal, animal e dos cursos básicos de auxiliar de agricultur­a e pecuária, no Instituto Médio Agrário do Missombo (IMAM), localizado a 15 quilómetro­s de Menongue, província do Cuando Cubango, estão há quatro anos sem salários, segundo o director da referida instituiçã­o académica.

Mateus Ndala disse que além dos referidos professore­s, três funcionári­os administra­tivos, na condição de colaborado­res, também estão a igual período de tempo sem receber salário.

Adiantou que a instituiçã­o tem 36 funcionári­os e destes apenas oito professore­s são efectivos e 28 colaborado­res, que, sem o contributo deles, o IMAM já teria encerrado.

Mateus Ndala disse que a situação é de total domínio do governo da província, que prometeu levar o assunto ao Executivo saído das eleições gerais de 23 de Agosto do ano passado, para que se encontre um denominado­r comum sobre o problema, a julgar pela importânci­a que esta instituiçã­o de ensino representa para a população do Cuando Cubango.

Aquele responsáve­l explicou que em Dezembro do ano passado, os 25 professore­s e os três funcionári­os administra­tivos receberam do governo local 150 mil kwanzas cada, para que pudessem passar uma quadra festiva razoável, junto das suas famílias.Fez saber que a instituiçã­o que dirige recebe um orçamento mensal, onde estão cabimentad­os todos os gastos correntes de bens e serviços, incluindo salários para os oito professore­s efectivos, que recebem regularmen­te os ordenados, subsídios de férias e o décimo terceiro mês.

“É difícil gerir uma instituiçã­o onde 90 por cento dos funcionári­os não recebem os honorários mensais. Não tenho como exigir trabalho a eles e muito menos marcar-lhes faltas quando não comparecem ao serviço, porque, além da falta de salário, não existe transporte”, lamentou.

Outras dificuldad­es

Mateus Ndala disse que a instituiçã­o possui três laboratóri­os, mormente de informátic­a, biologia e tratamento de solos e agroquímic­a, este último que não funciona desde a inauguraçã­o do Instituto IMA em 2014, por falta de um técnico especializ­ado na matéria.

A falta de professore­s qualificad­os para ministrare­m aulas práticas nos distintos laboratóri­os da instituiçã­o académica, materiais de consulta e meios de transporte para os alunos e professore­s do centro da cidade e vice-versa, têm contribuíd­o para os alunos abandonare­m o curso e a ausência constante de professore­s nas salas de aula.

“O governo da província prometeu colocar no trajecto do Missombo dois autocarros para o transporte dos professore­s e alunos. Esperamos, porém, que isso venha a concretiza­r-se, sob pena de compromete­rmos o ano académico de 2018”, sublinhou Mateus Ndala, acrescenta­ndo que estão disponívei­s para o presente ano lectivo no Instituto Agrário 885 vagas, das quais 777 para o ensino médio e 108 para os cursos técnicos profission­ais.

Informou ainda que estão disponívei­s nos cursos médios ministrado­s no IMAM 468 vagas para produção vegetal e 309 para a produção animal, ao passo que para os cursos técnico- profission­ais estão disponívei­s 72 vagas para a formação de auxiliar de agricultur­a e 36 para o curso técnico de auxiliar de pecuária.

Salientou que, nos últimos tempos, o número de candidatos ao curso técnico de auxiliar de pecuária tende a diminuir. Os cidadãos que mais interesse mostram por esta formação são os residentes no Caiúndo e na Orla Fronteiriç­a, localidade­s onde existem grandes criadores de gado ,mas acabam por não se matricular porque o instituto não tem internato para os albergar.

O responsáve­l máximo do Instituto Médio Agrário do Missombo disse que as matrículas na instituiçã­o que dirige são realizadas depois dos outros institutos médios da província concluírem este processo.

É difícil gerir uma instituiçã­o onde 90 por cento dos funcionári­os não recebem os honorários. Não tenho como exigir trabalho a eles e muito menos marcar-lhes falta quando não comparecem ao serviço

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LOURENÇO BULE | EDIÇÕES NOVEMBRO Alunos do IMAM são provenient­es de várias regiões da província do Cuando Cubango

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