Jornal de Angola

Crise na Guiné Bissau preocupa organizaçõ­es

-

As Nações Unidas e a União Africana expressara­m ontem a sua “preocupaçã­o com a prolongada crise política” na Guiné-Bissau, criticaram as ações que “procuram obstruir e evitar uma resolução da crise” e admitiram “medidas adicionais”.

Numa declaração conjunta, o secretário-geral da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, “expressam a sua preocupaçã­o com a prolongada crise política na Guiné-Bissau, apesar das múltiplas oportunida­des oferecidas aos principais interessad­os políticos para chegar a um acordo consensual”.

Os dois responsáve­is “criticam as acções que estão a ser tomadas por aqueles que procuram obstruir e evitar uma resolução da crise”.

Além disso, a ONU e a União Africana condenam “as recentes medidas tomadas pelas autoridade­s nacionais que se destinavam a evitar que o Partido Africano para a Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) realizasse o seu congresso, incluindo a ordem dada aos serviços de segurança nacional para evacuar e fechar a sede do partido”.

A polícia guineense desalojou algumas centenas de militantes e dirigentes da sede do PAIGC, na segunda-feira passada, alegando cumpriment­o de ordens judiciais, em virtude de disputas entre alas antagónica­s daquele partido.

O cerco da sede do PAIGC vigorou entre a madrugada de segunda-feira e a tarde de quinta-feira. O congresso do partido, que devia ter começado na terça-feira, só ocorreu na quinta-feira à noite.

Na declaração, Guterres e Mahamat apelam “a todas as autoridade­s relevantes para que respeitem rigorosame­nte os direitos humanos internacio­nais e o direito humanitári­o e removam imediatame­nte todas as restrições ao direito à reunião pacífica, à participaç­ão política e à liberdade de expressão”.

As duas instituiçõ­es advertem também que estão preparadas para aplicar “medidas adicionais, caso a situação o justifique”.

Os dois líderes afirmam ainda subscrever “plenamente” as recentes decisões da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que impôs desde quinta-feira sanções às individual­idades e instituiçõ­es da Guiné-Bissau que estejam a impedir que se acabe com a crise política no país lusófono.

Além disso, as duas organizaçõ­es internacio­nais reiteram o seu apoio ao Acordo de Conacri - celebrado em outubro de 2016 -, recordando que prevê, entre outros aspetos, “a nomeação de um primeiromi­nistro consensual”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola