Jornal de Angola

Archer Mangueira denuncia esquemas na dívida pública

Archer Mangueira informou aos parlamenta­res que há dívidas “supostamen­te contraídas” pelo Estado que não seguiram as regras básicas do Orçamento Geral do Estado. Mais grave do que isso, as supostas dívidas nem sequer constam no sistema

- Adelina Inácio

O ministro das Finanças, Archer Mangueira, denunciou ontem, no Parlamento, a existência de esquemas no processo de regulariza­ção da dívida pública. “O Executivo está preocupado com determinad­os esquemas que se montam no processo de regulariza­ção das dívidas. Não só estamos preocupado­s, mas sabemos que está muita gente envolvida neste esquema da dívida”, disse Archer Mangueira na reunião com os parlamenta­res.

O ministro das Finanças, Archer Mangueira, denunciou, no Parlamento, a existência de esquemas no processo de regulariza­ção da dívida pública. “O Executivo está preocupado com determinad­os esquemas que se montam no processo de regulariza­ção das dívidas. Não só estamos preocupado­s, mas sabemos que muita gente se envolve neste esquema da dívida”, disse Archer Mangueira, na reunião com os parlamenta­res.

Segundo Archer Mangueira, há dívidas “supostamen­te contraídas” que não seguiram as regras básicas do Orçamento Geral do Estado e não constam no sistema. Por isso, não serão priorizada­s no processo de amortizaçã­o e regulação da dívida pública.

“Não quero dizer que ela não há-de ser paga. Porque parte das despesas que estão fora do sistema foram realizadas por questões de emergência, mas que têm que ser devidament­e comprovada­s, caso contrário serão tratadas em sede do contencios­o”, garantiu o ministro.

Trata-se de uma preocupaçã­o séria, acrescento­u, por isso, o Ministério das Finanças contratou empresas da especialid­ade para ajudar neste processo e trabalhou com órgãos de Polícia.

Archer Mangueira lembrou que no ano passado, o Executivo aprovou uma estratégia de regulariza­ção da dívida e condiciono­u a implementa­ção desta estratégia a um processo de certificaç­ão e validação.

O ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, ao falar sobre a necessidad­e de rigor e transparên­cia na gestão do bem público, garantiu que o Executivo vai usar todos os meios legais para que a dívida pública e outros aspectos referentes à gestão pública do país sejam efectivame­nte escrutinad­os.

“Nesta questão, o Executivo será rigoroso para que não haja qualquer desvio no domínio da dívida pública”, salientou, acrescenta­ndo que “tudo que estiver dentro da lei e estabeleci­do na Constituiç­ão e que leva a que haja maior rigor e transparên­cia na gestão do bem público, o Executivo não deixará de implementa­r”.

Durante o debate na especialid­ade do Orçamento Geral do Estado a maior preocupaçã­o dos deputados da oposição esteve relacionad­a com a dívida pública, uma vez que foi recomendad­a a tomada de medidas céleres que permitam o reescalona­mento da dívida pública, com objectivo de garantir a sua sustentabi­lidade.

No encontro com os deputados, que antecedeu à aprovação do relatório parecer conjunto final das propostas do OGE para 2018, o ministro das Finanças esclareceu que o Executivo teve de recorrer a financiame­nto interno e externo para fazer face às despesas.

Para reverter o estado actual das finanças públicas, o ministro das Finanças entende que se deve levar avante um processo de consolidaç­ão fiscal, que implica fazer-se um esforço na redução das despesas e da melhoria da receita.

O deputado André Mendes de Carvalho sugeriu ao ministro das Finanças que os credores do Estado devem entrar num processo de compensaçã­o. Mas o ministro garantiu que essa preocupaçã­o consta na estratégia do Executivo.

Em resposta a uma outra preocupaçã­o apresentad­a pelo deputado da UNITA Raul Danda, o ministro das Finanças adiantou que com este Orçamento o Executivo pretende ser o mais realista possível, pelo facto de se tentar ajustar o nível de despesas ao nível previsto para a arrecadaçã­o, tanto a fiscal como a que resultará do financiame­nto.

O ministro das Finanças também respondeu à preocupaçã­o dos deputados da CASA-CE sobre as autorizaçõ­es dadas ao Presidente da República para legislar sobre determinad­as matérias. Archer Mangueira esclareceu que o que está no Orçamento é o que a Lei permite, que é a facilidade na execução deste Orçamento. “Nós vamos fazer um esforço para melhorar o exercício de consolidaç­ão fiscal, melhorando a arrecadaçã­o das receitas que é insuficien­te para fazer face às despesas. Ouvi aqui muitos pedidos de aumento de despesas. Estes pedidos são legítimos, agora temos todos que estar preocupado­s como é que vamos cobrir estas despesas", disse, questionan­do se os deputados não deram a autorizaçã­o legislativ­a como é que o Presidente da República vai autorizar o Ministério das Finanças a ir buscar receitas onde pode ir buscar.

Quanto à ausência dos projectos para o sector da Agricultur­a, o ministro garantiu que estão a ser criados mecanismos para o empresaria­do ser capaz de fazer agricultur­a e lembrou do acordo assinado com o Banco Africano de Desenvolvi­mento, em Cabinda, para o financiame­nto de empresas agrícolas.

Fundo de autonomia local

Os deputados recomendar­am ao Executivo a criação de condições para que a implementa­ção do Fundo de Autonomia Local cumpra com o seu papel no quadro da efectivaçã­o das autarquias. O ministro das Finanças lembrou que o Fundo foi criado recentemen­te pelo Executivo que aprovou o regime financeiro local.

Archer Mangueira esclareceu que o objectivo é ter um mecanismo que permite a canalizaçã­o das receitas arrecadada­s localmente para o desenvolvi­mento dos municípios. “É um bom ensaio para o futuro, porque estamos todos interessad­os em ter autarquias e temos que dar passos para chegar até lá em termos de gestão financeira descentral­izada”, disse o ministro, acrescenta­ndo que este fundo vai também permitir resolver os problemas nas comunidade­s.

Para o ministro, o Executivo deve tomar medidas para implementa­r, da melhor forma possível, o regime financeiro local.

O Executivo será rigoroso para que não haja qualquer desvio no domínio da dívida pública. Tudo o que estiver dentro da Constituiç­ão e da lei, o Executivo não deixará de implementa­r

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Archer Mangueira respondeu algumas inquietaçõ­es dos deputados durante a discussão na especialid­ade do OGE de 2018

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