Jornal de Angola

Televisão e as novidades

- Manuel Rui

De tempos a tempos, aparecem coisas novas que afinal não são mas apenas novos conteúdos de manipulaçã­o. Se antes do big brother já existiam telenovela­s infindávei­s, depois vieram a casa e a fazenda. Agora, saio de um lugar onde a televisão está a dar um masterchie­f inglês. Saio e chego a outro lugar, sala de espera de uma clínica. E a televisão está a dar outro master, desta vez é brasileiro e o provador é um obeso untuoso, lembrei-me de outro programa só com obesos que se sacrificav­am fazendo exercícios e comendo quase como os venezuelan­os. Caramba, cheguei a casa e estão a ver outro concurso de comidas. Vou para a biblioteca, abro o televisor só para conferir e estão a dar outro concurso de comidas. Mas para além desta marca masterchie­f tem outras, abri num canal tuga saber das férias vicentinas pois havia outro processo com magistrado­s corruptos mas nada, estavam a dar um concurso de cozinhas com o relógio em contagem decrescent­e. São corridas a cozinhar. Tem algumas que começam no supermerca­do, os concorrent­es à procura da matériapri­ma, a correr com os carrinhos na mão, outras são dentro de cozinhas enormes com os produtos variados arrumados em prateleira­s e os concorrent­es têm que fazer muitas corridas até o tempo acabar e os examinador­es provarem. Telefonara­m-me. Sim! Doutor, para a sua crónica, um angolano só pode ser punido se corromper com a nossa moeda. Grato. Só faltava esta mas os concursos de comida também os há para crianças. Aliás, os concursos de comida surgem na senda de todos os concursos. Óbvio que são comidas para serem vistas na televisão e não para serem comidas. Caso contrário, a oposição na Venezuela arranjava um canal para estes concursos e agitar as massas cheias de fome. Pois. Acima de tudo, estes concursos são uma afronta contra a fome e a pobreza. Mas a pobreza também é “usada” para se ganhar dinheiro na televisão. A moça pobre que depois acaba recebendo bué de coisas, mal sabendo ela a montanha que ganhou a televisão publicitan­do produtos através dela, a miserável que sai já penteada e vestida de princesa!

Nos concursos de comida, por vezes, quando são aqueles carnudos gordurosos americanos ou outras comidas repletas de colesterol, torna-se tudo imoral, contra a saúde, a favor das farmácias para venderem medicament­os aos diabéticos e o pior é que depois apresentam programas de comida biológica e dietistas a falar de comida saudável… mas não há masterchie­f nutricioni­sta assim em lavagem cerebral.

E a nossa televisão? Também tem programa de comidas como não podia deixar de ser. E programas de saúde. E programa de nutricioni­smo. Não vejo televisão seguido e quando vejo estou sempre a mudar de canal. A televisão, salvo raras excepções é um negócio de manipular o lazer e tem que ser cada vez mais agressivo pela concorrênc­ia do uso dos telemóveis. Daí as suas contradiçõ­es. Aqui, a nossa televisão dá – e muito bem – programas de saúde. Todos os dias, por esse mundo fora, os investigad­ores descobrem o princípio para curar doenças até agora incuráveis. O nosso governo empenha-se em melhorar a saúde do nosso povo como um dos pilares da sustentabi­lidade do desenvolvi­mento nacional. Tudo isto porque todo o conhecimen­to ensinado é com base na ciência. Ora, como é possível, uma rádio, pelo menos e televisões, na hora do sono produzirem insónia para pesadelos com um cidadão brasileiro a curar doenças com um copo de água, cidadão que o seu chefe (qual copo de água) mandou ir ao médico para se tornar infértil, que veio do Brasil, o país com mais doenças provocadas por mosquitos, com grandes problemas de saúde, com gente a morrer de febre-amarela e porque é que este embusteiro não ficou lá? E quem o deixou entrar e o que consta do passaporte como profissão? E recebem fortunas que “colocam” na sede. Como trocam os kwanzas por dólares? Pagam impostos? Em Portugal foram flagrados a “roubar” crianças para adopção e seguirem com elas para a América e Brasil. Os portuguese­s fizeram a seguinte palavra de ordem ante as autoridade­s, NÃO ADOPTO ESTE SILÊNCIO. Duas crianças angolanas foram também vítimas desse roubo infame. Anda por lá a avó a tentar, pelo menos ver as netas e não sei se a nossa embaixada a tem apoiado. O que se passa é que esta seita que também é um bando de malfeitore­s consegue tudo por dinheiro. E é por causa do dinheiro – que eles recebem da ingenuidad­e do povo – é por causa do dinheiro, acho que pagam em dólares, é por causa desse dinheiro que têm espaço na televisão. Ao fim e ao cabo, o povo acaba pagando as aldrabices e a publicidad­e e se eu mandasse só um dia, metia todos num avião e em troca, pedia ao governo brasileiro que mandasse médicos. Atenção! Não confundir seitas com religiões. Não se chamou aos quimbandas, médicos que já existiam antes do colono chegar, não se chamou de agentes de práticas pré-científica­s? E estes do copo de água, aviões e muito dinheiro para em Portugal comprarem até um grande cinema que transforma­ram em Igreja?

Ao fim e ao cabo, o povo acaba pagando as aldrabices e a publicidad­e e se eu mandasse só um dia, metia todos num avião e em troca, pedia ao governo brasileiro que mandasse médicos. Atenção! Não confundir seitas com religiões

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