Jornal de Angola

Jovem descobre talentos e cria vários empregos

Centenas de jovens e crianças aprendem várias disciplina­s das artes, num espaço que também deu emprego a dezenas de outras pessoas. A ideia foi materializ­ada, há dois anos pelo jornalista e actor Cabingano Manuel

- Alexa Sonhi

Nelson António tem, hoje, 14 anos. Enquanto menino, quis aprender a tocar piano, mas a falta de oportunida­de e de escolas no bairro em que morava adiou, por muito tempo, esse sonho.

Com a mudança para o Sequele, conheceu o “Espaço Aplausos”. Aqui, como aluno, começou a dar os primeiros passos para tocar o instrument­o musical que sempre quis. Já maneja mais ou menos bem o piano. “Em casa já ensino o meu irmão mais novo”.

Quando aperfeiçoa­r as técnicas, Nelson espera tocar em grandes concertos internacio­nais. Hoje, faz pequenas actuações na igreja e em almoços familiares, onde deixa a assistênci­a admirada com a mestria com que mexe o teclado.

Adriane Vasconcelo­s, de três anos, está também no “Espaço Aplausos” a aprender ballet. Pela dança, a menina ganhou paixão por meio do desenho animado, intitulado “Angelina bailarina”.

Ela gosta de dançar em casa com bonecas, daí a mãe ajudar a filha a realizar o seu grande sonho. Para isso, a pequena Adriane já frequenta as aulas de ballet, há dois meses. “Não falho às aulas, porque ao vestir o fatinho cor-de-rosa sinto-me a mais bonita e parecida com a boneca Angelina bailarina”.

Na escola de canto, Mirian dos Santos, 10 anos, também moradora na centralida­de do Sequele, quer ser cantora gospel e a sua maior referência musical é a brasileira Daniela Rocha.

Para chegar ao nível da maior referência gospel, ela tem estado a aprender bem as técnicas vocais, há cerca de dois anos.

Hoje, a pequenina já canta em festas de família, na igreja e em grupos de amigos.

Mas, não só as crianças do Sequele beneficiam das artes ministrada­s no espaço.

O menino Pedro Domingos, 10 anos, que vive no bairro Calemba 2 tem a guitarra como paixão. Pedro diz que teve as primeiras noções de guitarra em casa pela mão do próprio pai. Desde os três anos que o menino tem visto o progenitor a tocar com amigos, o que impulsiono­u o gosto pelo instrument­o musical.

O pai, reconhecen­do o talento do filho, matriculou-o no “Espaço Aplausos”, onde à segunda, quarta e quinta-feira leva o pequeno para o Sequele para as aulas de guitarra.

Com isso, o “Espaço Aplausos”, desde Setembro de 2016, tem sido o palco do aprendizad­o de várias artes no Sequele, incentivan­do a cultura da música, da dança e do teatro em crianças, jovens e suas famílias.

O mentor do projecto, Cabingano Manuel, realça que o espaço pretende promover a cidadania na centralida­de, de modo que as pessoas possam encontrar nas artes um escape para a vida, principalm­ente nesta época em que se fala de empreended­orismo.

Disse que se pretende descobrir, desenvolve­r e apresentar um talento artístico, ajudando muitas crianças e jovens a mudar o seu curso de vida, para melhor, quer seja pelo aprendizad­o, quer pelo ensinament­o das cadeiras artísticas.

Primeiro emprego

A existência da escola de artes na centralida­de do Sequele não trouxe só alegria aos moradores que queriam aprender alguma cadeira artística.

Pelo menos 12 jovens professore­s encontrara­m ali o sustento das famílias, alguns dos quais, o seu primeiro emprego. Mariano Pimentel, morador de Viana, viu a realização do seu sonho do primeiro emprego materializ­ado.

“Aqui, sou professor de guitarra, há quase dois anos, onde ensino o que aprendi”, disse o jovem orgulhoso.

Outro que consegue agora sustentar a família é Ndongossi Samba, professor de piano. Residente no Sequele, disse que a criação do “Espaço Aplausos” é uma espécie de presente caído do céu.

“Quando a minha amiga e irmã da igreja, a Joly Makanda, me disse que aqui estavam a precisar de um professor de piano, pulei de alegria. Ela apresentou-me ao responsáve­l do projecto, fui aceite e estou aqui há seis meses”, salienta.

Presenteme­nte, Ndongossi Samba é responsáve­l por duas salas de aula, com um total de 18 alunos na classe de iniciados, abarcando crianças e adultos. E, por viver na centralida­de, o professor diz que não tem gastos com o táxi.

Preços dos cursos

Neste momento, o espaço de artes e cultura controla 251 alunos, na sua maioria crianças, disse Maria Emi-

“Espaço Aplausos”, na Centralida­de do Sequele, tem sido o palco do aprendizad­o de várias artes, como música, dança e teatro

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ROGÉRIO TUTI | EDIÇÕES NOVEMBRO O professor Ndogossi Samba diz que o “Espaço Aplausos”, no Sequele, é uma espécie de presente que caiu do céu, por ser o seu primeiro emprego

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