Jornal de Angola

Papa Francisco ignora textos sobre heresia

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O Papa Francisco explicou a membros da Companhia de Jesus que, para preservar a sua “saúde mental”, “conhece mas não lê” as acusações de heresia formuladas pelos grupos opositores católicos.

A revelação do chefe da igreja foi transmitid­a ao grupo de jesuítas com quem se encontrou no Chile, durante a deslocação oficial que realizou no passado mês de Janeiro.

“Por saúde mental eu não leio as páginas da internet da chamada 'resistênci­a'. Sei quem são, conheço os grupos, mas não os leio, simplesmen­te para preservar a minha saúde mental. Quando há alguma coisa séria informam-me para que tome conhecimen­to. É um desgosto, mas é preciso seguir em frente”, disse Francisco aos jesuítas de Santiago do Chile. A conversa com os jesuítas vai ser publicada na próxima edição da revista da Companhia de Jesus, Civilta Católica, sendo que alguns extractos foram editados ontem no jornal italiano “Corriere della Sera”.

O Papa Francisco acrescenta que é normal que exista oposição quando se levam a cabo mudanças e destaca que quando sente que existe resistênci­a tenta dialogar mesmo que as críticas tenham origem em pessoas que acreditam na verdadeira doutrina. O actual primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Artur Silva, não goza de apoio suficiente para desempenha­r as suas funções, o que afecta sobremanei­ra a sua principal tarefa, organizar o país para eleições, segundo estima o representa­nte do Secretário-Geral das Nações Unidas para o país.

Artur Silva foi nomeado pelo Presidente José Mário Vaz, mas fora do compromiss­o do Acordo de Conacry, que atribui esta responsabi­lidade aos partidos. Esta situação mantém o clima austero e agrava a crise política guineense, o que requer a presença contínua da ONU na Guiné-Bissau, defendeu ontem o representa­nte especial do Secretário-Geral da organizaçã­o para o país lusófono no Conselho de Segurança.

Citado pela UN News, Modibo Touré sustentou que, face à continuaçã­o da crise, a ONU tem de manter o foco no apoio aos esforços dos líderes guineenses para a nomeação de um primeiromi­nistro "aceitável", na criação de um Governo inclusivo, na organizaçã­o de eleições e na implementa­ção das reformas prioritári­as.

"Após vários anos de um investimen­to de longo prazo na estabilida­de na GuinéBissa­u, é chegada a hora de consolidar e recolher os dividendos dos nossos esforços. É vital que acompanhem­os este processo até ao fim", sublinhou. Modibo Touré destacou a importânci­a de o Conselho de Segurança da ONU continuar a reafirmar o apoio ao Acordo de Conacri (assinado a 14 de Outubro de 2016), reiterando paralelame­nte que está ao lado dos esforços de mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Entre outros pontos, o Acordo de Conacri prevê a nomeação de um primeiro-ministro “consensual”, algo que não acontece com Artur Silva, o antigo responsáve­l da diplomacia guineense que se tornou o mais recente chefe do Governo, escolhido pelo Presidente José Mário Vaz, e que não é aceite no país.

Representa­nte do Secretário-Geral da ONU para a GuinéBissa­u disse que a situação no país precisa de uma presença mais viva para ajudar os partidos a ultrapassa­rem a crise

Segundo o Departamen­to para as Questões Políticas da ONU, a Guiné-Bissau tem sido assolada pela crónica instabilid­ade política, sobretudo depois da abertura ao pluralismo democrátic­o, em 1991, e, mais especifica­mente, depois do conflito político-militar de 1998/99.

Este departamen­to da Organizaçã­o das Nações Unidas apoia e fiscaliza a missão da ONU na Guiné-Bissau, a UNIOGBIS, no país desde 1999, e liderada por Touré desde 2016.

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