Chuvas transtornam Luanda
O mau tempo sentido ontem na capital causou vários prejuízos o que aumentou o trabalho dos Bombeiros
A chuva, considerada por muitos o maior “fiscalizador” das obras do Governo, por testar a sua qualidade, voltou a cair ontem em alguns bairros da província de Luanda, uma previsão acertada pelo Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INAMET).
A chuva de ontem começou em áreas onde foram construídas novas urbanizações, em cujas localidades o céu já estava, ao princípio da manhã, nublado ou pouco nublado, um indício de que as quedas pluviais ocorreriam a qualquer momento.
Quem saiu de uma das centralidades, por volta das sete horas da manhã, e passou por Viana, nesta área recebeu pingos de água da chuva e viu o céu totalmente nublado, tendo deixado possivelmente já atrás de si chuva grossa, à medida que caminhava para a cidade de Luanda, onde, em qualquer ponto em que se encontrasse, se via o céu totalmente fechado.
Na Baixa de Luanda, a chuva caiu durante horas, não tendo deixado, desta vez, as ruas engolidas pela água, porque o volume de água foi de pouca monta. Mas a condução era feita com precaução, porque o pavimento estava escorregadio.
Na Samba, houve também chuva, podendo o fenómeno natural ter ocorrido noutras zonas do mesmo distrito e também em bairros periféricos do distrito urbano da Maianga, devido à proximidade que há entre as duas áreas do município de Luanda.
Na noite de terça-feira, a província de Luanda recebeu chuva torrencial, tendo o volume de água que caiu sido de 28,3 milímetros, considerado pelo INAMET uma quantidade moderada.
No balanço, até hoje ainda provisório, está a informação de que houve dois mortos, dois feridos e um desaparecido. As vítimas mortais viviam nos municípios do Kilamba Kiaxi e Cazenga e estavam em moradias que desabaram e arrastadas pela correnteza.
O balanço incluiu também a inundação de três mil moradias, o desabamento de quatro outras e o desalojamento de 300 famílias, em quase todos os municípios da província de Luanda.
A inundação de escolas, de sete centros de saúde e de uma igreja, nos municípios do Cazenga, Cacuaco e Viana, e a queda de árvores nos distritos urbanos da Maianga, Sambizanga e Ingombota constam também do balanço provisório.
Faustino Minguês, porta-voz em Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, alertou para a possibilidade de enchimento e transbordo de bacias de retenção de águas das chuvas e o alagamento da maior parte das ruas secundárias e terciárias dos bairros periféricos. O governador da província de Luanda saiu sexta-feira do seu gabinete de trabalho para verificar os estragos provocados pela chuva de terça-feira à noite em vários bairros da capital angolana.
A chuva de ontem começou nas novas urbanizações, em cujas localidades o céu já estava antes nublado
Adriano Mendes de Carvalho já havia feito o mesmo no dia em que choveu, tendo abandonado o local da realização do desfile central do Carnaval, na Nova Marginal, para, em companhia do vicegovernador para o sector Económico, Júlio Bessa, se deslocar a bairros mais afectados da província de Luanda.
Nas duas visitas de campo, o governador viu praticamente o mesmo cenário de destruição, tendo manifestado a preocupação com a existência de moradias em linhas de águas, o que tem obstruído a sua passagem, provocando inundações e até mortes.
A segunda visita de campo do governador de Luanda começou na paróquia de Nossa Senhora do Carmo, que foi inundada. No local, o governador prometeu que uma avaliação de peritos vai ser proximamente feita, a fim de extinguir a bacia de água ali existente, há mais de dez anos. Depois da paróquia, o governador seguiu para a Ilha do Cabo, distrito urbano da Ingombota, de onde saiu para o Mercado da Mabunda, distrito urbano da Samba. Adriano Mendes de Carvalho esteve ainda no KK-5000, um segmento da Centralidade do Kilamba, no Zango e no distrito urbano do Rangel.
À entrada do Zango 3, no sentido Viana/Calumbo, o governador observou a presença de água parada na via, tendo, por esta razão, orientado o Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA) a efectuar uma intervenção urgente.