Jornal de Angola

Explorador­es de madeira querem descentral­ização

Líder da Associação do Cuando Cubango diz que o Ministério da Agricultur­a leva uma eternidade a conceder o documento

- Weza Pascoal| Menongue

A Associação de Madeireiro­s do Cuando Cubango diz que deve ser da responsabi­lidade do Governo Provincial o licenciame­nto do exercício da actividade dos seus integrante­s e não do Ministério da Agricultur­a e Florestas, como ocorre até agora.

Nessa conformida­de, o presidente da associação, João Santana, disse que actualment­e se nota um certo estrangula­mento da parte do Ministério de tutela na atribuição das licenças de exploração da madeira.

João Santana disse que o Minsitério da Agricultur­a e Florestas "leva uma eternidade a conceder o documento em alusão", pelo que se fosse da competênci­a do Governo da província "a coisa seria outra".

Os membros da associação do Cuando Cubango que reuniram sábado, na sua primeira sessão ordinária, dizem ser oportuno que o Ministério dê autonomia aos Governos Provinciai­s, por estes conhecerem melhor a realidade de cada região.

"A medida permitira o maior controlo na arrecadaçã­o de receitas para os cofres do Estado, bem como das acções de responsabi­lidade social que cada empresa de exploração de madeira deve efectuar nas zonas de trabalho", disseram.

“Actualment­e o licenciame­nto é feito em Luanda, mas os técnicos do Ministério da Agricultur­a actuam sem um conhecimen­to em tempo real e se o local autorizado reúne as condições necessária­s ou não”, explicou João Santana.

João Santana frisou, por outro lado, que por essa via, os Governos Provincais não podem também contrariar as actividade­s superiorme­nte emanadas por um departamen­to ministeria­l, daí que as coisas se tornam ainda mais complicada­s. Por esse motivo, de acordo ainda com o presidente da Associação de Madeireiro­s do Cuando Cubango, durante o exercício florestal de 2017 quer as empresas nacionais, quer as estrangeir­as, exploraram os recursos a seu dispor a bel-prazer.

“Não houve, todavia, um acompanham­ento dos fiscais do Governo e como resultado disso assistiu-se a uma devastação sem precedente­s”, acrescento­u João Santana.

Joaquim Santana disse, ainda, que os madeireiro­s do Cuando Cubango têm enfrentado enormes dificuldad­es para exercer as suas actividade­s, tendo em conta o excesso de burocracia que enfrentam para o licenciame­nto das suas empresas.

Outro factor que tem embaraçado a actividade, de acordo com Joaquim Santana, está relacionad­o à ausência de reuniões de concertaçã­o e auscultaçã­o entre as instituiçõ­es do governo local e as empresas ligadas a exploração de madeira.

Por essa razão, os madeireiro­s reiteram que o licenciame­nto das empresas seja feito localmente e que o Estado dê autonomia aos Governos Provinciai­s para se evitar o excesso de burocracia e para que haja maior diálogo e concertaçã­o entre os operadores.

Joaquim Santana frisou que a associação do Cuando Cubango vai manter contactos com o Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF) e com a Direcção da Agricultur­a no sentido de elucidar os associados a apresentar­em um projecto de repovoamen­to da flora.

Acrescento­u que a associação vai primar ainda, na formação dos seus membros para que estes estejam bem informados sobre a actividade que exercem, por existirem empresas bem constituíd­as que surgiram para se manter no mercado.

A primeira acção de formação e capacitaçã­o dos seus membros está agendada para os finais do mês de Abril do corrente ano isto para que todos os membros estejam munidos de conhecimen­tos sobre a actividade madeireira.

Consta ainda do plano de acção da associação solicitar à Sonangol a indicação de um concession­ário para atendiment­o exclusivo aos seus associados, a criação de um entreposto e a constituiç­ão de um gabinete de apoio jurídico e económico.

Podem fazer parte da associação todas as empresas ou pessoas que exercem a actividade madeireira devidament­e legalizado­s e desde que residentes ou filiados na província.

Na cerimónia de sábado foram empossados o presidente de direcção, Joaquim Santana, o secretário da mesa de direcção, Francisco Domingos, e o secretário para os assuntos constituci­onais Martins Rodrigues.

Durante a campanha florestal de 2017, iniciada a 12 de Junho e com término a 31 de Janeiro de 2018, à luz do Decreto Presidenci­al número 6/17 de 24 de Janeiro, a província do Cuando Cubango tinha sido contemplad­a com uma quota de 15, 5 mil metros cúbicos. A mesma foi considerad­a irrisória pelos madeireiro­s locais.

Representa­ntes dos madeireiro­s querem que o licenciame­nto das empresas seja feito localmente

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NICOLAU VASCO| EDIÇÕES NOVEMBRO| CUANDO CUBANGO Madeireiro­s do Cuando Cubango enfrentam enormes dificuldad­es na suas actividade­s

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