Jornal de Angola

Regime financeiro garante vantagens

- João Dias

O ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, destacou ontem, em Benguela, as vantagens do Regime Financeiro Local, que passam pela introdução de um novo paradigma no processo de arrecadaçã­o de receita e da sua afectação a nível dos municípios, para permitir que sejam capazes de responder aos seus próprios desafios de desenvolvi­mento e às suas próprias necessidad­es.

Em declaraçõe­s à imprensa, na qualidade de porta-voz da primeira reunião do Conselho de Governação Local, presidida pelo Titular do Poder Executivo, Adão de Almeida disse que a proposta do Regime Financeiro Local foi apreciada no encontro de ontem e que tem vindo a ser preparada conjuntame­nte entre os ministério­s da Administra­ção do Território e Reforma do Estado e o das Finanças.

“Foi, recentemen­te, criada uma nova estrutura que permite a existência de fundos de financiame­nto da administra­ção local e o OGE, recentemen­te aprovado, já prevê esse fundo. O PR já praticou o primeiro acto nesse domínio. O Regime Financeiro Local foi aprovado”, referiu.

Para já, disse, o que está definido e que vai começar a acontecer é a definição de certo percentual de um conjunto de receitas fiscais, e não só, que passam a ser recurso financeiro do município. Por exemplo, o Imposto Predial Urbano cobrado num município, pela repartição de finanças, que antes entrava para a Conta Única do Tesouro, passa a ser receitas do município e deve alimentar directamen­te o próprio município.

O que vai acontecer é que uma parte da receita, na ordem dos 70 por cento, reverterá para o próprio município e outra parte, 30 por cento, é destinada a um fundo denominado Fundo de Equilíbrio Municipal, que é uma conta de recolhimen­to de receita que vai servir para incentivar e estimular o desenvolvi­mento dos municípios com menor capacidade de arrecadaçã­o de receitas.

“O potencial de arrecadaçã­o do município de Luanda não é igual ao potencial do município da Ganda ou Bibala. O fundo vai ser um elemento para corrigir este desequilíb­rio e dinamizar projectos específico­s”, esclareceu.

Adão de Almeida considerou a intervençã­o do Presidente da República orientador­a sobre o que deverão ser os desafios da governação local nos próximos anos, num encontro que permitiu discutir o dossier ligado à implementa­ção das autarquias locais, seu plano estratégic­o, bem como questões como datas e o princípio constituci­onal do gradualism­o. Estes assuntos, disse, devem ser objecto de discussão na reunião do Conselho da República agendada para Março deste ano.

Nesse quadro, o ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado destacou que o processo de implementa­ção prevê duas grandes fases, sendo a primeira, a iniciar imediatame­nte, a que tem a ver com o reforço da desconcent­ração administra­tiva, por via da qual se pretende colocar os municípios a funcionar num patamar diferente. “Este processo vai se consubstan­ciar na atribuição de um conjunto de competênci­as mais reforçadas a todos os municípios do país, bem como o início de uma nova estrutura orgânica para os municípios”, explicou.

Adão de Almeida sublinhou que o objectivo é que, do ponto de vista orgânico e de recursos humanos, os municípios comecem a estar mais capacitado­s para responder aquelas que são as novas exigências a atribuir no quadro do novo regime jurídico.

Outro aspecto discutido na reunião tem a ver com um processo através do qual se vai começar a operar a transferên­cia de competênci­as que hoje estão atribuídas a alguns órgãos da administra­ção central para os municípios. Para o efeito, vai se começar, de forma programada, a transferên­cia de competênci­as, bem como dos recursos financeiro­s e humanos, sempre que necessário, para que os municípios tenham valências para responder de modo eficiente os desafios que lhes são colocados.

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PEDRO PARENTE | ANGOP Ministro da Administra­ção do Território e Reforma do Estado

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