Jornal de Angola

Chuva em Luanda mata duas crianças

- José Bule e Cristina da Silva

Duas crianças, de dois e quatro anos, foram encontrada­s mortas no interior de uma residência, no bairro Belo Monte e, no mesmo dia, um camião de recolha de lixo provocou a destruição da ponte que liga os bairros Paraíso e Augusto Ngangula, em Cacuaco.

O administra­dor do Distrito Urbano de Mulenvos de Baixo, Luís Vicente, que confirmou o facto, disse que a chuva provocou a inundação da residência onde se encontrava­m as crianças sozinhas e a ponte desabou depois de o camião derrapar e tombar sobre a mesma.

Com ajuda dos populares, efectivos dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros levaram cerca de seis horas para resgatar os corpos do local. “Foi difícil remover os cadáveres. A chuva não parava de cair e as vias de acesso à residência estavam intransitá­veis”, disse.

As chuvas obstruíram as obras de construção da passagem hidráulica, que vai facilitar a ligação entre os bairros da Cerâmica e da Pedreira. Os trabalhos iniciados em finais de 2017 devem ser concluídos até Março deste ano.

O director municipal do Ambiente e Serviços Comunitári­os de Cacuaco, Martinho Jerónimo, avançou que, em todas as localidade­s do município, as chuvas provocaram a inundação de centenas de residência­s e dezenas de escolas e unidades sanitárias.

Martinho Jerónimo disse que as valas de drenagem do Paraíso, Forno do Cal, Vidrul, Calumana, Iba, Pescadores e dos sectores 5 e 6 da localidade de Moma passam pelo Distrito Urbano de Cacuaco com destino ao mar.

Explicou que a vala de Calumana recebe a água que vem dos municípios do Cazenga e do Sambizanga, enquanto a do Paraíso facilita a passagem das águas provenient­es do município de Viana.

“Essas valas entram em carga sempre que a chuva cai com alguma intensidad­e”, disse, para acrescenta­r que a maioria das populações afectadas pelas chuvas construíra­m a menos de 30 metros das valas de drenagem e em linhas de água. Mortes por afogamento

Na terça-feira, 13, duas pessoas perderam a vida, igual número, no sábado, um deles por negligênci­a ao nadar na Bacia de Retenção do Coelho, em Viana, no momento em que chovia na zona.

O porta-voz dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros de Luanda chama atenção para a necessidad­e de a população acatar os apelos feitos pelas entidades, por forma a evitar as ocorrência por inundações.

“Temos alertado a população para não depositar resíduos sólidos nas valas de drenagem, nas linhas de passagem das águas, de modos a permitir que as águas tenham o seu percurso normal e não o retorno para as residência­s”, alertou Faustino Minguês.

“Infelizmen­te Luanda no seu todo apresenta risco de inundações. Hoje não existe bairro na capital em que não verifique esta situação quando chove”, explicou.

Os municípios de Viana e de Cacuaco foram os mais afectados pela chuva de segunda-feira, tendo como consequênc­ia, além das duas mortes, cerca de três mil residência­s inundadas.

Faustino Minguês garantiu que estão a ser feitas sucções nas bacias a nível dos municípios e distritos de Luanda.

Na segunda-feira, depois da chuva, as paragens estavam “repletas” de passageiro­s, por falta de transporte­s públicos, obrigando os cidadãos a percorrer quilómetro­s a pé.

Os que conseguira­m apanhar táxi, desistiram ao longo do percurso, preferindo caminhar, por causa da lentidão dos carros, a julgar pela presença de água no asfalto e buracos.

Nos bairros periférico­s, os moradores tiveram que se juntar em grupos para retirar as águas com recurso a baldes e electrobom­bas. As chuvas causaram a queda de árvores em algumas zonas da cidade, tendo danificado parcialmen­te algumas viaturas e painéis publicitár­ios.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Momento em que a ponte desabou devido ao peso do camião

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