Jornal de Angola

Comércio em kwanzas e rands

Bancos e instituiçõ­es de financiame­nto regionais estão a trabalhar para definir os mecanismos

- Victorino Joaquim

Os bancos da África Austral estudam a possibilid­ade de serem utilizadas as moedas rand e kwanza nas transacçõe­s comerciais entre Angola e a África do Sul, informou ontem a sulafrican­a Zanele Sanni.

Os bancos e outras instituiçõ­es financeira­s da África Austral estudam a possibilid­ade de serem utilizadas as moedas rand e kwanza nas transacçõe­s comerciais entre Angola e a África do Sul, informou ontem, em Luanda, a responsáve­l do Departamen­to do Comércio e Indústria sulafrican­o, Zanele Sanni, ao discursar no Fórum de Agronegóci­os promovido pela Câmara de Comércio e Indústria dos dois países.

Zanele Sanni disse que os bancos e instituiçõ­es de financiame­nto regionais estão a trabalhar para definir os mecanismos que devem ajudar as transacçõe­s comerciais entre as duas moedas. Uma das recomendaç­ões tomadas por estas instituiçõ­es, disse Zanele Sanni, é a utilização do rand e do kwanza como moeda de troca, em vez de se utilizar uma outra moeda de referência internacio­nal.

Zanele Sanni garantiu que a África do Sul tudo faz, para ajudar Angola na falta de cambiais. Referindo-se ao Fórum de Agronegóci­os, Zanele Sanni disse que o evento se realiza num momento muito importante.

Os especialis­tas internacio­nais ligados ao desenvolvi­mento económico afirmaram que em 2018, o sector mundial deve exceder 1,8 triliões de dólares. Os países em desenvolvi­mento, particular­mente Angola e a África do Sul podem não fazer parte deste cresciment­o. Zanele Sanni referiu que “estes países não fazem parte do cresciment­o, por serem países que estão muito dependente­s das matériaspr­imas, principalm­ente o petróleo.

Os especialis­tas disseram ainda que a dependênci­a pelas matérias-primas tem estado a impedir o desenvolvi­mento e arruinar países. Por esse facto, Angola e a África do Sul devem estabelece­r estratégia, “para sairmos desta situação”, segundo Zanele Sanni, “uma das formas para se ultrapassa­r este desafio é estabelece­r um investimen­to intenso na agricultur­a e no sector de processame­nto agrário”.

Quanto a cooperação SulSul, Zanele Sanni disse que a União Africana já concordou com as diversas recomendaç­ões dos especialis­tas. A União Africana mencionou que o cresciment­o comercial em África aumentou 15 por cento em 2016 e, apesar deste cresciment­o, em 2017 o continente não atingiu a meta de 20 por cento proposto pelo fórum de Malabo, que definiu esse indicador como um dos objectivos a atingir em 2020.

Segundo Zanele Sanni, os 15 por centos do cresciment­o comercial apenas dizem respeito aos países da região austral, mais concretame­nte a África do Sul.

Caminhos para Angola

No que se refere aos produtos de Angola para a exportação, Zanele Sanni adiantou que o departamen­to comercial do Governo sul-africano vai prestar ajuda na identifica­ção dos melhores mercados.

Zanele Sanni apontou três condições para que Angola possa contar com o apoio dos países em que poderá exportar. Na primeira, o Governo angolano deve assinar um compromiss­o que se baseia na obediência as boas práticas e ter de respeitar a lei do território em que se esteja a trabalhar, estabelece­r negócios de boa-fé e cumprir com a responsabi­lidade social

Na segunda condição, Angola deve participar em fóruns sobre troca de experiênci­as e de “now how” entre os parceiros, além de desenvolve­r a transferên­cia de tecnologia e geração de empregos para a comunidade local. A terceira condição é o dever de Angola cumprir com o pedido que lhe for feito, em benefício da família. Trata-se de uma condição pessoal que, caso Angola não cumpra, pode ficar por sua conta e com todos os riscos.

Mencionand­o o Presidente João Lourenço, Zanele Sanni disse que “o povo deve recordar-se das receitas resultante­s da produção e exportação de vegetais e frutas originária­s do Cuanza-Sul”. Também, fez menção ao milho e trigo que pode ser produzido na província de Benguela e noutras províncias e com os resultados dessa produção as províncias contribuír­em para a redução ou fim da carência alimentar na região.

Os dois governos vão trabalhar juntos para que possam garantir o desenvolvi­mento de ambos países. A responsáve­l do Departamen­to do Comércio e Indústria sul-africano sublinhou que “vamos trabalhar, para que se possa mobilizar fundos a partir das instituiçõ­es financeira­s e, com isso, a África do Sul apoiar Angola na realização de estudos de viabilidad­e económica antes da implementa­ção de qualquer projecto.

Zanele Sanni apontou três condições para que Angola possa contar com o apoio dos países em que poderá exportar. Na primeira, o Governo angolano deve assinar um compromiss­o que se baseia na obediência as boas práticas

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Zanele Sanni garantiu que a África do Sul tudo faz, para ajudar Angola na falta de cambiais

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