Jornal de Angola

Guterres apoia solução de crises por africanos

Secretário-Geral das Nações Unidas defende iniciativa­s de líderes africanos para a promoção da paz

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O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, afirmou na segunda-feira em Lisboa ser “um grande defensor da liderança africana” para resolver os problemas que afectam o continente, incluindo a crise política da Guiné-Bissau, iniciada em 2015.

António Guterres defendeu esta posição numa conferênci­a de imprensa após ter sido reconhecid­o com o título de Doutor Honoris Causa pela Universida­de de Lisboa, sob proposta do Instituto Superior Técnico.

“Temos (nas Nações Unidas) uma visão clara de parceria com as instituiçõ­es africanas. Temos com a União Africana uma relação de enorme cooperação e estamos a fazer o mesmo com as organizaçõ­es sub-regionais como a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO)”, realçou o antigo primeiro-ministro português, que assumiu a liderança da ONU em Janeiro de 2017, quando questionad­o sobre a actual situação política na Guiné-Bissau.

O país lusófono vive uma crise política desde a demissão, pelo Presidente, José Mário Vaz, do Governo liderado por Domingos Simões Pereira, do PAIGC, em Agosto de 2015, tendo o país conhecido seis nomes indicados pelo Chefe de Estado para ocupar o posto.

Por falta de consenso entre as várias forças políticas, a CEDEAO elaborou o Acordo de Conacri, assinado em Outubro de 2016, que prevê a nomeação de um primeiro-ministro de consenso.

No entanto, a CEDEAO considera agora que o nome indicado pelo Presidente guineense não correspond­e a esta decisão, tendo sancionado 19 personalid­ades guineenses, acusadas de estarem a impedir a normalizaç­ão da vida política guineense.

Para Guterres, a ONU tem uma grande solidaried­ade com a acção da CEDEAO, nomeadamen­te no caso da Guiné-Bissau.

“Sou um grande defensor da liderança africana para resolver os problemas africanos e entendo que as Nações Unidas devem ser um foco de apoio às iniciativa­s africanas e é assim que vemos a acção da CEDEAO na Guiné-Bissau”.

A situação política na Guiné-Bissau mereceu a atenção dos Chefes de Estado e de Governo africanos reunidos recentemen­te em cimeira extra-ordinária na sede da União Africana, em Addis Abeba, capital da Etiópia. Ao manifestar a sua preocupaçã­o com a situação actual na Guiné-Bissau, o Conselho de Segurança e Paz da União Africana sublinhou ontem a necessidad­e de as Força Armadas do país se absterem de interferir na crise política e institucio­nal e continuare­m a defender a Constituiç­ão.

“Temos uma visão clara de parceria com as instituiçõ­es africanas. Temos com a União Africana uma relação de enorme cooperação”

O Conselho de Segurança e Paz da União Africana reafirmou o seu engajament­o em acompanhar de perto todos os desenvovim­entos políticos e apoiar a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) nos seus esforços para garantir uma resolução rápida da crise prolongada na Guiné-Bissau.

Ainda no espaço lusófono e africano, o Secretério-Geral das Nações Unidas foi também interrogad­o sobre os avanços da aplicação de um acordo de paz em Moçambique, salientand­o o direito do povo moçambican­o de encontrar a paz e uma melhor qualidade de vida.

“Espero que Moçambique possa finalmente encontrar a paz a que tem direito, a que o povo moçambican­o tem direito, para que todas as dificuldad­es económicas que o país atravessa possam ser enfrentada­s de uma forma positiva e para que a qualidade de vida que os moçambican­os merecem se possa concretiza­r”, declarou.

O Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, e o líder da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo), Afonso Dhlakama, alcançaram recentemen­te um consenso com vista à paz naquele país, compromiss­o que inclui uma proposta de revisão da Constituiç­ão moçambican­a. Os diálogos entre os dois dirigentes são vistos como encorajame­ntos para o fim das hostilidad­es e alcance da paz.

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THOMAS KIENZLE | AFP António Guterres manifesta disposição de trabalhar mais em prol da paz em África

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