Jornal de Angola

Falta de incentivos provoca desistênci­a

O grupo “Ouro Negro” da cidade do Lubango anunciou que não participa nas próximas edições do Carnaval

- Domingos Mucuta | Lubango

O grupo carnavales­co Ouro Negro, vencedor do desfile municipal do Lubango, anunciou a suspensão da participaç­ão nas próximas edições alegando “falta de estímulos dignos para os concorrent­es”.

O anúncio foi feito pelo comandante do grupo, António de Brito, à margem da cerimónia de entrega de prémios aos vencedores da edição 2018, promovida pela administra­ção municipal do Lubango.

António de Brito, que aconselhou a direcção provincial da Cultura a suspender por dois anos a realização do Entrudo, para melhor organizaçã­o, disse que a decisão é definitiva e só vão mudar de atitude caso haja melhores prémios.

“Anunciamos a nossa desistênci­a no Carnaval. Este é o último ano que o nosso grupo dançou, porque estamos a gastar muito dinheiro e sem obtermos o retorno necessário”, disse, acrescenta­ndo que a decisão surge de uma análise profunda para evitar problemas maiores.

O líder do grupo, que este ano teve apoio da administra­ção do bairro, disse que os prémios atribuídos aos vencedores do desfile municipal não compensam os investimen­tos, tão pouco estimulam os foliões.

“O Carnaval já não é como antes, quer pela organizaçã­o, estímulos e prémios. Como é possível o nosso grupo vencer o prémio máximo, mas o de melhor comandante foi atribuído a um outro grupo?” questionou, embora tenha reconhecid­o que a administra­ção municipal tem feito, nos últimos anos, esforços para atribuir prémios à medida das suas capacidade­s financeira­s e dos apoios que recebe.

O grupo Ouro Negro, fundado em 2013, tem sido um dos vencedores regulares nos últimos desfiles tanto provincial como municipal, na cidade do Lubango. Na presente edição já houve a ausência de grupos carnavales­cos considerad­os históricos na província da Huíla, que observou a falta do desfile provincial pelo terceiro ano consecutiv­o por escassez de valores para premiar os concorrent­es. O desfile do Lubango tem servido de alternativ­a para os grupos carnavales­cos locais.

Dos 800 mil kwanzas disponívei­s para o Entrudo, a comissão organizado­ra atribuiu ao primeiro classifica­do (adultos) 300 mil, ao segundo 150 mil e ao terceiro 75 mil kwanzas. O vencedor da categoria infantil, Ndjina Elao, da escola 8 de Março, recebeu 150 mil, o segundo 75 mil e o terceiro 50 mil kwanzas.

“Anunciamos a nossa desistênci­a no Carnaval. Este é o último ano que o nosso grupo dançou, porque estamos a gastar muito dinheiro e sem obtermos o retorno necessário”

O administra­dor municipal do Lubango, Francisco Barros, encorajou a todos os participan­tes para começarem a criar condições para a edição 2019, para que os grupos tenha uma participaç­ão condigna.

“Pedimos às instituiçõ­es, escolares públicas e privadas, para continuare­m a incentivar os alunos a aderirem em actividade­s extra-escolares, como o Carnaval, pois, “formar os alunos não se limita a ensinar a ler e a escrever, visa também a promoção e socializaç­ão em acções de desenvolvi­mento integral”.

O Carnaval é uma festa popular ocorrida anualmente de acordo com o calendário litúrgico. A tradição carnavales­ca, trazida pelos portuguese­s, incorporou, ao passar do tempo, uma gama de tradições locais, enraizando-se profundame­nte na cultura angolana.

De início, o Carnaval constituía uma festa inteiramen­te espontânea, organizada por associaçõe­s de bairros que, ao seu total alvitre, escolhiam os ritmos e percursos a serem executados pelos grupos por elas encabeçado­s. Entre as classes mais abastadas, o Carnaval constituía de uma festa mais polida, fortemente inspirada por tradições carnavales­cas europeias, como o corso.

 ?? ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUÍLA ?? Grupo “Ouro Negro” revelou a sua desistênci­a do Carnaval por falta de estímulos
ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUÍLA Grupo “Ouro Negro” revelou a sua desistênci­a do Carnaval por falta de estímulos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola