Profetas da Desgraça
O clima de mudanças por que passa o país, presta-se a ocorrências de factos protagonizados por muitos que não se revêem nesse momento político, o que, de certa forma, poderá ser considerado normal. Como se diz: a cada acção corresponde uma reacção. Daí a assistir-se a campanhas de diabolização por dá cá esta palha vai um passo, tão rápido quanto às novas tecnologias de informação hoje permitem. Os argumentos dos detractores da política do Governo começam a “sair da toca” à medida que vão ficando sem chão para as suas posições. Isso vê-se não apenas na oposição e ditos independentes, que esquecem, propositadamente, a realidade do país, bem como entre os que estão a ver privilégios beliscados, e alguns interesses instalados começam a ruir por necessidade de devolver à sociedade angolana o que é seu por direito.
Com a recente nomeação de consultores e conselheiros do Presidente da República logo um coro de críticas choveu sobre os nomes escolhidos. É preciso recordar que a maioria dos consultores são pessoas experimentadas, com tarimba na administração pública e com sólidos conhecimentos de dossiers nacionais e internacionais, que muito ajudarão o Chefe de Estado a levar a bom porto a sua vontade de mudar e de dar melhor qualidade de vida aos angolanos, a par de um reforço das competências do poder judicial para um efectivo combate à corrupção.
A escolha dos consultores e conselheiros não foi para funções executivas, foram preferidos pela necessidade que o Presidente da República sente em ouvir pessoas que o ajudem a clarificar políticas, e lhe permitam aquilatar com algum cuidado medidas sensíveis que irão ter que inevitavelmente ser tomadas a curto prazo, e que de certa forma se revelarão complicadas para a vida do comum cidadão angolano.
O lugar comum para se fazer a crítica vem com o cansado argumento de que os escolhidos serem alguns “dos responsáveis pelo estado de degradação económica e social do Pais”; Todos temos essa triste responsabilidade, uns mais outros talvez menos, mas também não se podem ostracizar as pessoas só porque a sua governação foi má. Nesse quadro nem muitos dos actuais membros do executivo, governos provinciais, nem outros agentes teriam legitimidade para dirigirem o que quer que seja. A oposição sempre tão lesta a reivindicar mordomias e outras coisas menores, raras vezes a vemos apresentar propostas alternativas que contribuam para melhorar o que quer que seja.
Ao MPLA foi-lhe dada a maioria para governar, por isso à oposição exige-se mais trabalho e mais responsabilidade na construção da sociedade mais equitativa e com um futuro melhor para a da população. A bancada da oposição tem que sentir o País, como o MPLA o tem que fazer e em conjunto e determinados promoverem a optimização da democracia.
Nos momentos maus, nas alturas em que é preciso alguma unidade combativa para vencer os desafios, ei-los que aparecem os arautos da desgraça, e nisso a oposição, principalmente a UNITA, assume logo o seu inapropriado desígnio, tendo em conta que é o maior partido da oposição e com responsabilidades acrescidas.
Não se trata de uma especulação. Isso mesmo deixou escapar o deputado Maurício Luiele, em artigo publicado neste jornal no passado sábado, sob o título "No Bunker do Kremlin". Com efeito, escreveu ele, depois de afirmar que a popularidade do Presidente estará, supostamente, a diminuir: - "Se, como vem sinalizando, João Lourenço resignar à luta, restará à oposição continuar a sua luta política para derrubar o bloco que ( ... ) se tornou no grande obstáculo à mudança em Angola".
Na surdina alguns “independentes” vão lançando de forma cirúrgica uma série de dúvidas em relação ao passado do actual PR, levantando suspeitas infundadas sobre a sua vida privada, tentando enlamear o seu protagonismo e fragilizá-lo enquanto superior magistrado da Nação.
Do interior do MPLA, o que assistimos por parte de algumas pessoas nas redes sociais, é algum mau estar pela escolha dos elementos críticos da governação anterior para o Conselho da República, com o estafado argumento de que se está “a colocar lá quem sempre esteve no contra”. O Conselho da República é um órgão consultivo do PR, e para além dos que têm assento por direito, há as escolhas de pessoas que ele considera importantes para poderem contribuir para a boa governação do País.
É altura de se começar a construir e acabar com estas guerras de kwata-kwata dos tempos modernos.
A Angola já bastam os problemas que tem, dispensa-se alimentar outros que só fatigam as gentes sofridas que não merecem muitas mais provações.