Jornal de Angola

Israel mantém parceria estratégic­a

Jerusalém colocou de parte o voto a favor que as autoridade­s angolanas deram à Palestina como Estado observador da ONU

- Altino Matos

As relações políticas e diplomátic­as entre Angola e Israel são estáveis, depois de terem sido beliscadas em Dezembro com a votação a favor da admissão da Palestina como Estado observador nãomembro da ONU, mas existem agora boas perspectiv­as de se chegar a uma parceria estratégic­a, considerou o embaixador hebraico acreditado no país.

Oren Rozenblat reconheceu que a opção tomada por alguns países a favor da Palestina, em Novembro de 2016 nas Nações Unidas, foi um episódio que provocou um mal-estar a Israel, “mas rapidament­e percebemos que seria pior se mantivésse­mos uma estratégia de luta ou de costas viradas para parceiros que desde sempre nos foram úteis”.

O primeiro- ministro israelita, Benjamin Netanyahu, criticou a preferênci­a de todos os países, tendo prometido i solar- se de todos, sem excepção, mas não passou das palavras, garantiu o seu representa­nte oficial em Angola. O embaixador Rozenblat disse que a situação foi estudada e “concluiu-se que a diplomacia devia fazer o seu trabalho, com grande cuidado, para preservar o nosso espaço político”.

“Para Israel , o mais importante é mostrar a todos a sua boa vontade em conviver pacificame­nte com todos os povos do mundo, incluindo os palestinia­nos, com quem estamos disponívei­s para partilhar a ideia de um território e dois Estados”, enfatizou o embaixad orde Israel, quando respondia a uma questão sobre o estado das relações com Angola. O embaixador Oren Rozenblat garantiu que Israel não aceita desfazerse da amizade com este “povo maravilhos­o”, nem do compromiss­o político e diplomátic­o com o Governo angolano, fruto de uma relação de mais de 20 anos, que trouxe aos dois países resultados bastante satisfatór­ios.

Israel quer intensific­ar estas relações: “garanto sem quaisquer receios, consideran­do os pontos de contactos de grande interesse solidifica­dos até agora”.

“A cooperação entre Israel e Angola é mais do que aquilo que se possa pensar, é uma cooperação mantida com base em valores supremos e virada para o interesse do cresciment­o em todas as áreas”, afirmou o diplomata israelita.

A cooperação com Israel foi muito intensa durante o período em que os angolanos procuravam mecanismos políticos, militares e de segurança para a pacificaçã­o, consolidaç­ão da soberania, alcance e preservaçã­o da paz.

O embaixador Oren Rozenblat fez questão de deixar um fino argumento sobre este contexto recente da vida do país. O diplomata referiu que as acções políticas são alvo de “ataques” constantes resultante­s de posições específica­s dos Estados, que precisam sempre de um bom momento de estudo para que as mesmas não destruam bases importante­s na diplomacia.

Oren Rozenblat, que chegou ao país em 2016, fez na terça-feira em Luanda o seu primeiro contactoco­mai mprensa nacional para mostrar aquilo que Israel tem para Angola e quais as intenções para um futuro próximo. Israel deseja avançar para um campo mais estratégic­o, disse o embaixador, onde a diplomacia seja de facto um instrument­o de consolidaç­ão de programas e vantagens mútuas.

“Queremos avançar na cooperação em matéria de segurança cibernétic­a e segurança técnica operaciona­l, sem descurar o grande objectivo no campo económico, onde, pelas circunstân­cias, notamos um maior interesse de Angola nesse sentido, o que é perfeitame­nte normal nas linhas estratégic­as dos países”, disse o interlocut­or, deixando transparec­er um ar de grande confiança.

O embaixador de Israel, Oren Rozenblat, sublinhou que sente na acção do Governo angolano uma abertura a parcerias em áreas fundamenta­is como a económica, mas, ao mesmo tempo, existe uma grande atenção noutras sensíveis como a área de defesa e segurança.

Oren Rozenblat destacou igualmente a capacidade política e diplomátic­a de Angola na região dos Grandes Lagos, vantagens que podem ser úteis aos dois Estados, “a pensar na estratégia mais alargada de Israel direcciona­da ao continente africano”.

Queremos avançar na cooperação em matéria de segurança cibernétic­a e segurança técnica operaciona­l, sem descurar o grande objectivo no campo económico

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Embaixador Oren Rozenblat teve uma conversa descontraí­da com jornalista­s angolanos

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