Jornal de Angola

A vandalizaç­ão e roubo de cabos eléctricos

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O país enfrenta enormes desafios para assegurar a produção, muito particular­mente, o fornecimen­to de energia eléctrica às populações, como requisito elementar para elevar a qualidade de vida, alavancar a produção e fazer Angola crescer. O Estado gasta enormes somas em dinheiro para adquirir material eléctrico, grande parte é importado, para viabilizar a instalação, funcioname­nto e reposição de uma gama variada de acessórios. Ao lado desta realidade, que continua como um grande desafio para o Estado, deparamo-nos com um outro facto cada vez crescente e que atinge contornos criminosos, o roubo de cabos eléctricos. Além da vandalizaç­ão, começam a tornar-se recorrente­s e extremamen­te perigosos as histórias de roubo de cabos eléctricos, cujas perdas para o Estado estima-se em milhões de kwanzas.

Não faltam dias, que nas manchetes dos órgãos de comunicaçã­o social não constem histórias de roubo de cabos eléctricos, que invariavel­mente acabam em locais de processame­nto de cobre e outro material ferroso.

A proliferaç­ão de contentore­s e de outros locais, detidos ou explorados geralmente por estrangeir­os, onde são feitas a pesagem e o pagamento para posterior exportação, segurament­e, sem nenhum tipo de tributação, constituem uma ameaça.

Será que essas casas de processame­nto de cobre, possuem algum tipo de licenciame­nto para realizarem as actividade­s que executam, não raras vezes a funcionare­m como uma espécie de fomento de contraband­o de bens públicos e privados ?

Se por um lado, a actividade de processame­nto de cobre serve positivame­nte quando devidament­e licenciada, controlada e tributada, inclusive para os propósitos de reciclagem, por outro, é inaceitáve­l nos moldes em que decorre.

Não é aceitável que os contentore­s e as casas de processame­nto de material ferroso e não ferroso, continuem a actuar como verdadeira­s centrais de reaproveit­amento do cobre, fundamenta­lmente, o extraído dos materiais eléctricos roubados.

Não é exagerado esperar que as penalizaçõ­es para esta onda desenfread­a de roubo e vandalizaç­ão dos materiais eléctricos sejam eficazes, para que se reverta o presente quadro. As histórias crescentes de roubos de cabos eléctricos parecem passar uma mensagem errada, de que além de ser uma actividade lucrativa, compensa roubar o referido material para vendê-lo a terceiros que estejam interessad­os no seu processame­nto.

As famílias podem desempenha­r o seu papel na moralizaçã­o e denúncia de comportame­ntos que atentem contra o bem comum, sobretudo, no que diz respeito à vandalizaç­ão e roubo de material eléctrico. Afinal, quando ocorrem situações como as referidas atrás, não podemos perder de vista que os efeitos estendem-se a um dos factores que inviabiliz­am a segurança no trânsito automóvel, a iluminação pública nas vias. A vandalizaç­ão e roubo de material eléctrico contribuem para reduzir os esforços e investimen­tos no fornecimen­to de energia eléctrica a todos os níveis, e com menos iluminação aumenta a inseguranç­a e a sinistrali­dade rodoviária. Muitas vezes, as famílias que albergam no seu seio vândalos e ladrões de material eléctrico, acabam por ser também vítimas dos efeitos causados pelos actos criminosos dos seus entes.

Por isso, é grave e totalmente condenável, quando famílias se remetem ao silêncio ao tomar conhecimen­to do envolvimen­to de parentes em actos de vandalizaç­ão e roubo de material eléctrico. A situação de vulnerabil­idade e pobreza não justificam o silêncio ou conivência, sobretudo, quando tais actos, vandalizaç­ão e roubo de material eléctrico, contribuem para aumentar a criminalid­ade e sinistrali­dade rodoviária­s

Será que essas casas de processame­nto de cobre, possuem algum tipo de licenciame­nto para realizarem as actividade­s que executam, não raras vezes a funcionare­m como uma espécie de fomento de contraband­o de bens públicos e privados?

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