A comunidade Himba
Os Himbas - grupo étnico pastoril, de cerca de 20 mil a 50 mil pessoas, falam a língua Otjihimba, um dialecto Herero. Desde o séc. XV vivem próximos do Rio Cunene que marca a fronteira entre a Namíbia e Angola, contudo circulam livremente entre os dois países. Para eles, não existem fronteiras, pois, vagueiam pelo deserto. Chegam a caminhar 80 quilómetros em busca de água para o gado.
As mulheres são célebres, por se apresentarem cobertas de otjize, uma mescla de gordura de manteiga e ocre, possivelmente, para se protegerem do sol e do vento. A mistura deixa as suas peles com uma tonalidade avermelhada, a simbolizar a cor da terra vermelha e do sangue que representa a vida, e é consistente com o ideal de beleza Himba. As mulheres também trançam o cabelo e cobrem-no com a mesma mistura de ocre.
A tribo Himba é uma das mais encantadoras de África. É um matriarcado no seu expoente máximo, pois quem manda são as mulheres. Elas são as “donas” dos filhos, das casas, do gado e de todos os utensílios que existem nas aldeias.
O povo Himba prática o culto aos ancestrais.
A sua divindade tem o nome de Mukuru, e os Himbas usam um fogo ancestral para comunicar com os espíritos dos seus antecessores. De acordo com a religião do povo Himba, Mukuru criou o homem, a mulher e o gado, a partir da mesma árvore. Ao contrário da maioria de outras religiões monoteístas, Mukuru não tem um poder ilimitado e os antepassados podem influenciar fortemente o mundo dos vivos e o que nele acontece.
Um dos trabalhos do líder masculino da família Himba é manter o fogo ancestral, aproximar-se periodicamente do fogo com o intuito de comunicar com Mukuru e com os seus ancestrais. Na religião Himba, Mukuru controla a maioria dos elementos do mundo físico, como a terra, a água e o clima, mas são os antepassados que detêm o controlo sobre os aspectos como as doenças ou a condição do gado. Por exemplo, se alguém ficar doente, o povo Himba acredita que os espíritos dos antepassados foram de alguma forma ofendidos pelas acções da família.
O gado bovino é o principal símbolo do estatuto de uma família Himba, por isso são consideradas mais ricas e mais importantes as mulheres que possuem mais cabeças de gado. O roubo de gado é punido com a morte.
A carne é reservada apenas para eventos especiais, como casamentos e funerais. Quando um Himba morre, mata-se uma parte do seu gado e as cabeças são empilhadas ao lado da sepultura, para proteger o seu espírito.