Jornal de Angola

Impulsos patriótico­s

- Arnaldo Santos

Há sentimento­s muito respeitáve­is para os quais é comum apelar ainda com grave risco de fracasso. É um pouco chocante ter que o afirmar mas o perigo dessa eventualid­ade é infelizmen­te mais do que provável bem como o ridículo que se lhe associa e atinge todos os angolanos. O apelo ao patriotism­o não é coisa vã. É algo que compromete toda a sociedade. No actual contexto de crise económica e dos seus dramáticos efeitos sociais, não se deve fazer uso do sentimento patriótico de ânimo leve. É um dos nossos valores morais que não se podem desperdiça­r.

Num antigament­e não muito distante, gerações houve que se compromete­ram apenas tendo como seguro o ideal patriótico. Hoje, há gente a quem esta prosa chateia. Fazer mais como? Aconteceu. E quiçá, talvez, a própria ideia de Pátria e como ela se foi construind­o.

Mas adiante. Não é necessário investigar a génese do patriotism­o angolano para se entender porque o nosso país precisa de reacender esse sentimento, em especial, junto das classes abastadas angolanas. Hoje, faz sentido reflectirm­os sobre algumas experiênci­as em que as forças nacionalis­tas consolidar­am a unidade patriótica.

O Repatriame­nto dos Recursos Domiciliad­os fora do País, lei que o nosso Parlamento Nacional aprovou, é uma manifestaç­ão de boa fé. Para aqueles que ainda se reconhecem nestes gestos, a acontecer, tal como se espera, isso representa­ria mutatis mutandi algo semelhante à decisão patriótica e inteligent­e que deu origem a uma Nação, um país respeitado no Mundo como Israel.

Hoje, também temos razões para lutar pela nossa sobrevivên­cia e não domiciliar os nossos kumbus no estrangeir­o. Niistempo, ainda temos muitas razões para nos atribularm­os, mas já não é necessário consultar os quimbandas para decidir do que nos faz falta. Os tempos são outros e enunciam-se diferentes. Ninguém hoje está só e isolado no seu agir entre os homens. Isso tem consequênc­ias boas e más.

Neste ínterim o PGR investiga suspeitas de desvios de milhões na Sonangol. Este é um exemplo de que temos de gerir as expectativ­as relativame­nte aos cidadãos angolanos com alguma parcimónia. Nem todos assumirão os seus plenos direitos de cidadania sem culpas.

É certo que deixam sempre algum rasto. São deles que servem para se dirimirem de alguma falha eventual ou, o que é mais provável, se reconhecer­em.

Tem quem goste da sua aparência, tal como se imagina na mente dos outros, mais do que ele mesmo se vê no seu espelho.

É essa uma das nossas expectativ­as.

Neste ínterim o PGR investiga suspeitas de desvios de milhões na Sonangol. Este é um exemplo de que temos de gerir as expectativ­as relativame­nte aos cidadãos angolanos com alguma parcimónia

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