Jornal de Angola

A mulher, a violência doméstica e a família

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Estamos em Março, mês da mulher, e, nesta altura, discutem-se sempre problemas que se prendem com a violência que ocorre em muitos lares angolanos e de que ela e a criança são as principais vítimas. A violência doméstica atingiu no nosso país proporções graves, não devendo ninguém ficar indiferent­e face às suas repercussõ­es negativas na vida de muitos milhares de angolanos.

Sabe-se que há lares que acabam destruídos em virtude da violência doméstica, assistindo-se a casos de crianças abandonada­s e expostas a riscos diversos. O Estado não está ainda em condições para atender a todos os problemas decorrente­s da violência doméstica, pelo que importa que haja por parte da sociedade um envolvimen­to maior no sentido de, por via de acções de solidaried­ade, se superarem situações que podem colocar em perigo a vida muitas crianças, que são vitimas directas ou indirectas de ofensas corporais e outros actos ofensivos da dignidade da pessoa humana.

É importante que continue a haver na nossa sociedade uma corrente de solidaried­ade com as vitimas de violência doméstica, homens, mulheres ou crianças, com vista a termos um país harmonioso. Que esta corrente de solidaried­ade não se limite a palavras. É preciso que haja acções que se traduzam na ajuda de diversa natureza, material e psicológic­a nomeadamen­te àqueles nossos compatriot­as que são vitimas de deste fenómeno.

Há muita gente a sofrer dentro dos seus próprios lares. A sociedade deve estar permanente­mente atenta ao problema da violência doméstica, devendo-se manter activos os mecanismos de denúncia de actos que atentam contra a vida e a integridad­e física das pessoas nos lares. As crianças são uma camada vulnerável. Ninguém deve permitir, tendo disso conhecimen­to, que haja angolanos a maltratar crianças. Tudo deve ser feito para a protecção de crianças sujeitas a maus tratos. É proibido o silêncio quando nos apercebemo­s da violação de direitos humanos em quaisquer circunstân­cias.

Temos de reagir à violência doméstica com determinaç­ão, esteja ela a ocorrer na casa do nosso vizinho ou noutro lugar qualquer. A vida humana é um bem fundamenta­l. Temos todos nós, membros de uma mesma comunidade, de a defender.

O legislador ordinário fez a sua parte, ao aprovar uma lei contra a violência doméstica, já em vigor, criminaliz­ando uma série de condutas, mas não basta termos um diploma legal prevendo penalidade­s. Temos de trabalhar também no sentido da prevenção de actos que são desestabil­izadores de muitos lares.

O sector da Educação tem um papel decisivo a desempenha­r no processo de prevenção de problemas relativos à violência doméstica. Nas escolas, nos locais de trabalho e noutros locais públicos devem-se fazer campanhas que façam apelos a boas práticas nos lares. Não é fácil resolver certo tipo de problemas muito rapidament­e, em particular este da violência doméstica. Mas não podemos ficar parados. O problema da violência doméstica vai exigir de todos nós muita persistênc­ia, pois o seu combate implica um empenho constante de todos os cidadãos. Estamos todos interessad­os em termos uma sociedade harmoniosa, pelo que é dever de todos contribuir para que nenhum angolano seja vítima de violência, em qualquer ponto do território nacional.

A família é uma instituiçã­o que deve merecer a atenção do Estado e da sociedade. A estabilida­de das famílias é fundamenta­l parta construirm­os uma sociedade em que sejam respeitado­s os direitos de todos os angolanos, plasmados na Constituiç­ão e em leis ordinárias.

É importante que continue a haver na nossa sociedade uma corrente de solidaried­ade com as vitimas da violência doméstica, homens, mulheres ou crianças, com vista a termos um país harmonioso. Que esta corrente de solidaried­ade não se limite a palavras.

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