Jornal de Angola

EUA anunciam “pacote” de 530 milhões de dólares

Mesmo com o “pacote” financeiro a visita do secretário de Estado norte-americano à África passa quase despercebi­da

- Victor Carvalho

O secretário de Estado norteameri­cano, Rex Tillerson, está desde terça-feira no continente africano para uma visita ao Chade, Djibouti, Etiópia, Quénia e Nigéria, levando no bolso um “pacote” de 530 milhões de dólares norte-americanos para apoiar diversos projectos de financiame­nto.

Esta digressão do chefe da diplomacia norte-americana, por outro lado, visa também minimizar os efeitos da linguagem inapropria­da usada pelo Presidente Donald Trump em Janeiro para descrever a forma como ele vê os países africanos.

Mas, um dos principais objectivos da digressão será o de contrabala­nçar o peso que a China está a ter em África e que o próprio Rex Tillerson já disse que se baseia na prática de “corrupção” junto de diferentes entidades para celebrar acordos que visam “apropriar-se” das suas “reservas naturais”.

No último fim-de-semana, num discurso proferido numa universida­de da Virgínia, o secretário de Estado norte-americano disse que na sua visita a África iria abordar temas que se prendem com o combate ao terrorismo, a democracia, a boa governação, o comércio e o investimen­to.

Rex Tillerson não escondeu, na oportunida­de, que os Estados Unidos da América (EUA) estão preocupado­s com a penetração chinesa em África e reforçou a ideia de que o Governo de Donald Trump vai apostar forte na criação de laços de uma aproximaçã­o “muito significat­iva” com os cinco países que estão no seu roteiro durante esta visita.

Na última década, efectivame­nte, a China conseguiu uma forte e bem sucedida penetração no continente africano graças à sua participaç­ão na reconstruç­ão de infra-estruturas em numerosos países. Crise humanitári­a

Na sua visita a África, Rex Tillerson disse que vai dar uma atenção especial à ajuda a países em crise humanitári­a, como a Somália, Sudão do Sul, Etiópia e a região da bacia do Lago Chade.

Um outro objectivo é convencer os seus interlocut­ores de que os EUA estão verdadeira­mente empenhados em reduzir as barreiras que têm impedido um maior cresciment­o das relações comerciais com África.

Porém, contra si Rex Tillerson tem o facto de os EUA terem recentemen­te decidido reduzir as suas contribuiç­ões para as missões de paz das Nações Unidas que estão na RDC, República Centro Africana e Sudão do Sul.

Um outro aspecto negativo, que não tem ajudado a melhorar a imagem dos EUA em África é o lema que Donald Trump sempre tem defendido, “América Primeiro”, que faz com que o discurso de Rex Tillerson de transforma­r o seu relacionam­ento com África poder ser encarado como incongruen­te.

Tillerson tem participad­o em diversos eventos organizado­s pelas distintas embaixadas norte-americanas em países que visita. Em Novembro, o chefe da diplomacia norte-americana recebeu delegados de 37 países africanos que participar­am numa reunião a convite da Administra­ção Trump, num acto que coincidiu com a visita de uma delegação de líderes da União Africana a Washington.

A presença de Rex Tillerson em África coincide com o périplo que o ministro russo dos Negócios Estrangeir­os, Sergei Lavrov, está a fazer no continente com visitas a Angola, Etiópia, Moçambique, Namíbia e Zimbabwe.

Tudo isto ajuda a perceber a pouca atenção mediática que esta visita está a ter, mesmo na imprensa norte-americana, onde prevalece a ideia de que Rex Tillerson está, simplesmen­te, a gastar tempo e dinheiro numa viagem a um continente que há muito deixou de ver nos EUA uma marca de referência.

Périplo tem pouca atenção mediática, mesmo na imprensa norte-americana, onde prevalece a ideia de que o chefe da diplomacia está, simplesmen­te, a gastar tempo e dinheiro numa viagem a um continente que há muito deixou de ver os EUA como marca de referência

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YURI GRIPAS | REUTRES Tillerson tenta minimizar efeitos da linguagem inapropria­da de Trump sobre os africanos

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