Estado de emergência prorrogado na Tunísia
Medida visa garantir a tranquilidade durante as eleições locais e o Ramadão
A Presidência tunisina decidiu, na quarta-feira, em Tunes, prorrogar por mais sete meses, o actual estado de emergência, vigente desde 24 de Novembro de 2015, medida que entra em vigor já na próxima terça-feira.
Segundo um comunicado oficial, o Presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, adoptou a decisão tendo em vista a situação inerente à segurança nacional, à realização das eleições municipais a 6 de Maio próximo, assim como o início da época turística de Verão.
A medida visa igualmente garantir a celebração do Ramadão (mês sagrado do Islão), entre 15 de Maio e meados de Junho.
De acordo com o comunicado da Presidência, a decisão foi tomada por Caid Essebsi, após reunir-se com o Conselho de Segurança Nacional, consultas prévias com o primeiro-ministro, Youssef Chahed, e o líder do Parlamento, Mohamed Ennaceur.
O estado de excepção nacional foi imposto em Maio de 2015, na sequência de um atentado terrorista com explosivos contra um autocarro da guarda presidencial no centro de Tunes.
Na ocasião perderam a vida 12 guardas. Dias mais tarde, o Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado em comunicado difundido nas redes sociais.
Desde o derrube em 2011, do então Presidente, Zine El Abidine Ben Ali, por uma sublevação popular, o país tem experimentado um aumento de ataques realizados por extremistas islâmicos, entre os quais o realizado em Março desse ano, no museu de Bardo, e outro na estância balneária de Port El Kantaoui, três meses depois. Enquanto isso, o primeiroministro tunisino, Youssef Chahed, excluiu a semana passada a possibilidade de uma remodelação do seu Governo, embora tenha reconhecido a necessidade de uma estabilidade para o seu país. O chefe do Governo tunisino reagia assim, aos apelos para uma remodelação do Executivo, há dois meses das primeiras eleições municipais, após a revolta popular da chamada “Primavera Árabe”.
O estado de excepção nacional foi imposto em Maio de 2015, na sequência de um atentado terrorista com explosivos contra um autocarro da guarda presidencial, no centro de Tunes
Nas últimas semanas, vozes, dentre as quais a da União Geral dos Trabalhadores Tunisinos (UGTT), sindicato e actor de peso, elevaram-se para reclamar uma remodelação, argumentando as dificuldades económicas. “A UGTT é uma parceira essencial, mas é o chefe do Governo que decide e, neste momento, não há remodelação” prevista, afirmou Chahed durante uma entrevista à televisão pública.
Na passada quarta-feira, o secretário-geral da UGTT, Noureddine Taboubi, defendeu a necessidade “de injectar um sangue novo e de fazer uma remodelação”. O responsável sindical tinha solicitado às autoridades para assumirem as suas responsabilidades, após a “integração (do país) nas listas negras” europeias de branqueamento de capitais e corrupção.