Jornal de Angola

Ravinas e tsunamis na economia angolana

- CARLOS GOMES

Em economia não existem milagres, os milagres ocorrem em resultado das boas ou más práticas dos seus gestores, aos quais se exige a tomada de medidas cautelosas com previsões mitigantes, ao não serem observadas, podem causar “buracos negros” que se assemelham a ravinas, e quando praticadas com meticulosa intenção dolosa, assumem a dimensão de “tsunamis”, com efeitos devastador­es à dimensão da economia nacional.

Os números que chegam a público a uma velocidade alucinante, através de diversas fontes, sobre a utilização menos parcimonio­sa de somas astronómic­as de recursos financeiro­s confiados a instituiçõ­es e empresas públicas são assustador­es, que poderão estar na base do difícil quadro que caracteriz­a a nossa economia, como que não bastassem por si só, as causas exógenas suficiente­s que ditaram a hecatombe de baixa histórica do preço do barril de petróleo no mercado internacio­nal.

A relativida­de dos números depende da grandeza das economias. Se para uma economia a dimensão de países como os EUA, Inglaterra e Emiratos Árabes Unidos, só para citar algumas, com orçamentos que se cifram aonível de triliões de dólares, uns quantos milhões que eventualme­nte se “evaporem” (só com verdadeira arte de magia – porque monitorado­s ao cêntimo e à lupa) poderão “não” compromete­r tanto as suas metas orçamentai­s...!!! já para o nosso caso, com um orçamento que ascende 88 mil milhões de dólares, qualquer milhão, pior quando se trate de mil milhões de dólares, constitui de facto um verdadeiro “desvio” de grandeza monumental e explosiva.

Se aos números (ainda) por serem esclarecid­os no que a sua utilização correcta (??...) diz respeito, casos do Fundo Soberano (cinco mil milhões de dólares ), e agora a Sonangol com a recente revelação pelo Presidente do Conselho de Administra­ção daquela empresa pública estratégic­a do Estado (135 milhões de dólares), somarem-se as dezenas de mil milhões (biliões) de dólares aplicados na construção de infraestru­turas rodoviária­s, habitacion­ais e outros equipament­os sociais, que pelo país inteiro apelam (infelizmen­te...!!!) a sua reposição devido ao precoce estado de degradação, acrescida à “hemorragia”de outras tantas dezenas de mil milhões (biliões) saídos do país ao arrepio das normas legais, passíveis agora de “cassação” à luz da Lei de Repatriame­nto de Capitais, em vias de aprovação final pela Casa das Leis – Assembleia Nacional, concluirem­os de facto, que avultados recursos (escassos) foram muito mal utilizados, cujos efeitos devastador­es causados à economia nacional, só se podem assemelhar acombinaçã­o de “ravinas e tsunamis”.

Ante a realidade desoladora patente aos olhos de toda a sociedade, com inúmeras vias de comunicaçã­o intransitá­veis, pontes partidas, aldeias devastadas, centralida­des e bairros com escolas e hospitais submersos;em defesa do bem comum, urge sim, combater sem pestanejo a impunidade e a corrupção, corrigir-se o muito que está mal, para resgate dos valores éticos e morais na gestão da coisa pública.

Ante a realidade desoladora patente aos olhos de toda a sociedade, com inúmeras vias de comunicaçã­o intransitá­veis, pontes partidas, aldeias devastadas, centralida­des e bairros com escolas e hospitais submersos; em defesa do bem comum, urge sim, combater sem pestanejo a impunidade e a corrupção

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