Jornalismo angolano precisa de mais rigor
O jornalismo angolano precisa de maior rigor, isenção e transparência e mais virado para o interesse público, defendeu o professor de Ética e Filosofia do Direito das Universidades Católica e Agostinho Neto, Adão Avelino.
Ao intervir na terça-feira na palestra organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), onde apresentou o tema “Que valor tem hoje a Ética para as profissões”, Adão Avelino apelou aos profissionais para terem mais cuidado com a forma como se faz o jornalismo. “Temos que cuidar a forma como fazemos o jornalismo, guardar castidade nas palavras”, disse.
A isenção e a imparcialidade, frisou, é uma questão que o jornalista deve privilegiar. O académico pediu para se fazer um jornalismo mais humano e verdadeiro. “Não precisamos de um jornalismo maquiavélico, de leviandade, que só passa as piores coisas que acontecem. Temos capacidade para fazer um jornalismo maduro, que conduza à consolidação da paz e da reconciliação nacional”, salientou.
Adão Avelino reconheceu que hoje se faz muito mais jornalismo do que se fazia há algum tempo atrás, fruto da abertura que se regista no país.
Para o jurista Albano Pedro, que apresentou o tema “A relação entre o poder político, a imprensa e a sociedade”, “existe uma relação de clientelismo” entre o poder político e a imprensa, que resulta na ocultação de muitos factos.
Albano Pedro lembrou que o Estado tem a obrigação de prestar informações ao público, através da comunicação social, podendo incorrer em responsabilidade civil por omissão, caso não o faça e disso resulte algum prejuízo para os cidadãos. “Toda a informação importante para a vida pública deve estar disponível”, lembrou, tendo apontado o bom nome, a honra, a reserva da intimidade privada e familiar, o segredo de Estado, o segredo de justiça e o segredo profissional como os limites constitucionais que podem impedir a divulgação de informações de interesse público.
O secretário de Estado da Comunicação Social, Celso Malavoloneke, elogiou a iniciativa do SJA, e pediu para que continue com este tipo de acções. “A formação não faz mal a ninguém”, sublinhou, para apontar o ciclo de formação que o Ministério de tutela está a realizar em todo o país para os jornalistas dos órgãos públicos.
O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolano (SJA), Teixeira Cândido, defendeu a reorientação dos profissionais da comunicação quanto à ética e deontologia profissional. Mas reconheceu que a imprensa pública melhorou, em termos de cobertura e divulgação das notícias, depois da entrada em funções do Governo saído das últimas eleições.
O encontro, que teve o tema genérico “De que jornalismo precisa a nossa democracia?”, teve como primeiro prelector o jornalista Ismael Mateus, que falou sobre “A auto-regulação e a sua influência na qualidade do jornalismo”.