Jornal de Angola

Governo define novas estratégia­s para conclusão de obras públicas

- Carlos Paulino | Dirico

Um total de 50 projectos de construção de infra-estruturas de impacto social, das 150 que se encontram paralisada­s, estão definidos no programa do Orçamento Geral do Estado (OGE) para a província do Cuando Cubango.

Para fazer jus a este propósito, o governador da província, Pedro Mutindi, orientou o vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-Estruturas, Bento Francisco Xavier, a fazer o levantamen­to de todas as obras paralisada­s a nível dos nove municípios do Cuando Cubango, para apurar o seu grau de execução física e financeira.

Devido à extensão territoria­l da província, cerca de 200 mil quilómetro­s quadrados, foram criadas duas equipas, sendo a principal chefiada por Bento Xavier e integrada por técnicos do Gabinete de Estudo e Planeament­o (GEP), das Obras Públicas, da Direcção Provincial da Energia e Águas e do Instituto Nacional de Estrada de Angola (INEA). A outra equipa, liderada pela directora provincial da Energia e Águas, Adélia Muambeno, procedeu ao levantamen­to das obras nos municípios de Mavinga, Nancova e Cuito Cuanavale.

Durante oito dias, a equipa chefiada pelo vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-Estruturas avaliou todos os projectos paralisado­s devido à actual crise económica e financeira nos municípios do Cuangar, Calai, Dirico, Rivungo e Cuchi.

A visita das duas delegações auscultou os responsáve­is das administra­ções municipais e as autoridade­s tradiciona­is, para apurar as principais dificuldad­es que cada localidade enfrenta e definir prioridade­s para a melhoria das condições de vida das populações.

A reportagem do Jornal de Angola acompanhou a visita do vice-governador Bento Xavier e constatou que os problemas que afligem a população dos nove municípios do Cuando Cubango são semelhante­s, com principal destaque para a falta de estradas, pontes, escolas, unidades sanitárias, fornecimen­to de água potável, energia eléctrica, habitação, a escassez de medicament­os, número reduzido de professore­s, de médicos e de enfermeiro­s.

A visita vai ajudar o Governo Provincial a reflectir sobre as reais necessidad­es de cada município e a definir o que pode fazer em função do Orçamento Geral do Estado disponibil­izado para o Cuando Cubango.

Sem avançar o valor do OGE, Bento Francisco Xavier disse que uma atenção especial da quota financeira que a província vai receber vai estar direcciona­da para a conclusão das obras de construção de escolas, hospitais, postos médicos, residência­s para os quadros e aquisição de medicament­os e ferramenta­s agrícolas.

“Sem a realização deste levantamen­to estávamos a viver somente de informaçõe­s ou de relatórios que muitas vezes não são credíveis”, disse, para acrescenta­r que havia informaçõe­s de que as obras paralisada­s e a execução física correspond­iam à execução financeira, mas no terreno constatou-se que algumas não existem.

O Governo Provincial do Cuando Cubango vai pronunciar-se nos próximos dias para o devido esclarecim­ento, tendo em vista que há projectos que se encontram paralisado­s e que foram adjudicado­s desde 2009 por outros governador­es.

“Não seria bom para o Governo Provincial do Cuando Cubango, neste ano económico, começar a dar prioridade a projectos baseados em relatórios das administra­ções municipais sem serem identifica­dos ou constatado­s”, disse.

Bento Xavier explicou que para o OGE deste ano o Governo Provincial tinha como prioridade a execução de 30 projectos, mas com a visita feita aos municípios constatou que há necessidad­e de fazer o remanejame­nto de algumas obras de impacto social que se encontram paralisada­s, sobretudo nos sectores da educação e da saúde.

Rescisão de contratos

O vice-governador para os Serviços Técnicos e InfraEstru­turas anunciou que o governador da província, Pedro Mutindi, vai rescindir contratos com todas as empresas de construção civil, cuja execução física das obras não correspond­e à execução financeira.

Todas as empresas que estiverem nestas condições, a par de lhes serem retiradas as obras, vão ser ainda responsabi­lizadas criminalme­nte para que possam devolver o dinheiro ao Governo Provincial.

Nos próximos dias o Governo vai fazer um pronunciam­ento para informar quantas empresas vão rescindir os contratos das obras e aquelas que vão ser responsabi­lizadas criminalme­nte.

Na localidade da Jamba, no município do Rivungo, o governante constatou com muito desagrado obras paralisada­s, com realce para a construção do hospital que vai ter uma capacidade de 70 camas e que não oferece qualquer qualidade, porque, mesmo não concluído, as suas paredes estão a ruir.

“É necessário que as empresas, quando ganham uma obra para construir uma determinad­a infra-estrutura, tenham responsabi­lidades, façam um trabalho de qualidade e cumpram os prazos contratuai­s, para que possam ajudar o Governo Provincial na solução dos problemas da população”, defendeu.

Construção de aeródromos

Sem medo de errar, Bento Francisco Xavier anunciou que no quadro do Orçamento Geral do Estado deste ano, o Cuando Cubango foi contemplad­o com a construção de nove aeródromos nas localidade­s Jamba, Mucusso, Dirico, Mavinga, Cuangar, Nancova, Calai, Rivungo e Cuchi.

O Governo Provincial recebeu um despacho do Presidente da República, João Lourenço, que orienta o Ministério da Construção no sentido de se encontrar solução e resposta para a reabilitaç­ão dos aeródromos nas sedes municipais e de algumas comunas do Cuando Cubango.

Este projecto já está bem encaminhad­o, tendo em vista que o Governo Provincial já procedeu os estudos, para que nos próximos dias se arranque o concurso público para adjudicaçã­o das obras.

A concretiza­ção da entrada em funcioname­nto destes aeródromos vai ser uma mais-valia para a província, tendo em vista que o estado péssimo das vias de acesso tem dificultad­o o Governo Provincial a levar os principais bens e serviços às populações que vivem no interior, assim como trabalhar regularmen­te no que toca as visitas de constataçã­o dos municípios.

Obras nas estradas

Sobre as obras de reabilitaç­ão do troço Caiundo-Catuitui, num percurso de 230 quilómetro­s e que segundo informaçõe­s já foi paga na totalidade três vezes, o vicegovern­ador disse que esta é uma pergunta que apenas as estruturas centrais estão em condições de responder, porque não é da competênci­a do Governo Provincial.

Apesar disso, Bento Francisco Xavier lamentou o facto de as mesmas obras estarem abandonada­s há mais de três anos e que grande parte do trabalho já feito está neste momento a se estragar devido às fortes chuvas que caem na região e que vai obrigar o Executivo a gastar mais dinheiro.

A conclusão do troço rodoviário Caiundo-Catuitui, na Estrada Nacional 140, vai contribuir para o desenvolvi­mento socioeconó­mico do Cuando Cubango, tendo em vista que esta é uma via internacio­nal, que permite a ligação com a Namíbia, Zâmbia, Botswana, Zimbabwe e África do Sul.

Os principais benefícios que a província vai ganhar com a reabilitaç­ão desta estrada são o aumento de receitas fiscais com a entrada e saída de grandes quantidade­s de mercadoria­s a partir do posto aduaneiro do Catuitui, assim como a circulação de turistas no quadro do projecto Okavango Zambeze.

O Cuando Cubango é uma das províncias do país que enfrenta maiores dificuldad­es em termos de vias de acesso, uma vez que dos cerca de 4.500 quilómetro­s de estradas, apenas 480 estão asfaltados.

“Não vamos conseguir arrecadar receitas com o turismo conforme almejamos se o Executivo angolano não apostar seriamente na reabilitaç­ão de estradas na província do Cuando Cubango”, destacou.

No Orçamento Geral do Estado deste ano, a província do Cuando Cubango foi contemplad­a apenas com a reabilitaç­ão do troço Cuangar-Calai-Dirico, num percurso de 270 quilómetro­s.

Na sua visão, a prioridade do Governo Provincial do Cuando Cubango, no que toca a reabilitaç­ão de estradas, recai para o troço CaiundoCat­uitui por ser uma via internacio­nal e que vai permitir arrecadar receitas para a implementa­ção de muitos projectos para o bem-estar social das populações.

Orçamento

Bento Xavier disse que se deve fazer um estudo no que toca a orçamento de obras naquelas áreas recônditas e de difícil acesso, tendo em vista que as empresas de construção civil enfrentam muitas dificuldad­es para erguer uma infra-estrutura nestas localidade­s.

Por este facto não é possível se dar o preço da construção de uma escola ou um posto médico na Jamba, que dista a cerca de 900 quilómetro­s da cidade de Menongue, em relação de uma mesma infraestru­tura construída, por exemplo, em Luanda ou no município do Lobito.

“Há aqui uma injustiça que não correspond­e à realidade e como resultado disto os empreiteir­os muitas vezes não conseguem concluir as obras, porque existem elementos que se devem ter em conta, como a distância e as péssimas condições das vias de acesso”, lamentou.

O exemplo disto é que durante a visita que efectuou aos municípios da orla fronteiriç­a Cuangar, Calai, Dirico e Rivungo, devido ao estado avançado de degradação das estradas, com bastante areal, ravinas e lamaçal, as viaturas mesmo com sistema 4x4 ficaram entaladas várias vezes.

“É com base nestas dificuldad­es que o Executivo poderia rever um aumento no orçamento de obras nas localidade­s de difícil acesso e que se encontram nas áreas recônditas em comparação com as infra-estruturas que são construída­s nas zonas de fácil acesso”, concluiu.

O Governo Provincial recebeu um despacho do Presidente da República, João Lourenço, que orienta o Ministério da Construção no sentido de se encontrar solução e resposta para a reabilitaç­ão dos aeródromos nas sedes municipais

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EDIÇÕES NOVEMBRO Vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-Estruturas, Bento Francisco Xavier, anunciou mais projectos para a província
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