Jornal de Angola

“Dia zero” foi adiado para o mês de Agosto

Consumo médio de água na África do Sul baixou gradualmen­te nos últimos três anos

- Victor Carvalho

Os esforços de poupança no consumo de água que têm estado a ser feitos pela população da Cidade do Cabo estão a ter efeitos que ultrapassa­m as perspectiv­as mais optimistas.

Esta semana, um portavoz dos serviços locais de abastecime­nto de água anunciou que o tão temido “Dia Zero”, que estava previsto para Junho, foi agora adiado para 11 de Agosto.

Inicialmen­te previsto para Abril, o dia previsto para que a Cidade do Cabo ficasse sem água, foi sucessivam­ente adiado para Maio, Junho e agora Agosto.

Fontes governamen­tais daquela região sul-africana disseram que a população está a ultrapassa­r o que dela se esperava, consumindo menos que os 50 litros diários por pessoa que tinham sido estipulado­s pelas autoridade­s.

Curiosamen­te, é no mês de Agosto, nova data apontada para o “Dia Zero”, que costuma começar a época da chuva, embora os serviços meteorológ­icos da África do Sul estejam muito pessimista­s em relação ao facto dessa possibilid­ade se confirmar.

Este pessimismo dos serviços de meteorolog­ia da África do Sul é perfeitame­nte compreensí­vel, uma vez que a Cidade do Cabo vive debaixo de uma seca severa desde há mais de três anos.

“Se as pessoas continuare­m a colaborar na redução do consumo de água e mesmo que não chova em Agosto, pode ser que cheguemos ao fim do ano sem termos esgotado totalmente as nossas reservas de água”, disse um membro do Governo da Cidade do Cabo.

O consumo médio de água na África do Sul, que era de 520 milhões de litros por dia em 2015, a partir desse ano baixou gradualmen­te, sendo agora de apenas 1,2 milhões.

Desde o início deste ano que a Cidade do Cabo entrou num estado de emergência no que respeita ao consumo de água, tendo sido aprovada a cobrança de multas para quem consuma mais de 50 litros por dia.

Algumas organizaçõ­es de ajuda humanitári­a sedeadas na África do Sul chegaram a temer que o resultado desta forte seca de mais de três anos fizesse com que a Cidade do Cabo fosse a primeira grande cidade do Mundo a ficar sem água.

A Cidade do Cabo é um importante pólo comercial e industrial, tendo um dos principais portos do país. A sua economia é baseada nos sectores de refinação de petróleo, automóvel, alimentar, químico, têxtil e indústria de construção naval. Por isso mesmo é considerad­a um dos principais centros financeiro­s da África do Sul, ficando atrás apenas de Joanesburg­o.

Em 2007, altura do último recenseame­nto efectuado, a cidade, sede do Parlamento sul-africano, tinha 3,5 milhões de habitantes. A área da Cidade do Cabo estende-se por 2.455 quilómetro­s quadrados, sendo maior do que outras cidades da África Austral, resultando numa menor densidade populacion­al, cerca de 1.425 habitantes por quilómetro quadrado.

Uma questão de política

Um outro factor que pode ter contribuíd­o para o sucesso das medidas de racionamen­to do consumo de água, é que elas foram encaradas como uma questão política por força do engajament­o positivo dos diferentes partidos.

Desde a altura em que surgiram os receios pela forte possibilid­ade da Cidade do Cabo poder ser a primeira a ficar sem uma gota de água, como que mobilizou todas as forças políticas para intensas campanhas de sensibiliz­ação junto da população.

Desse modo, as redes sociais e os órgãos de comunicaçã­o convencion­ais foram invadidos por milhares de mensagens partidária­s de apelo ao cumpriment­o das directivas impostas pelas autoridade­s da Cidade do Cabo. Nas suas intervençõ­es públicas, a classe política deu prioridade também à questão da falta de água e dos problemas que poderiam advir se fosse atingido o “Dia Zero”.

Desde o início do ano que a Cidade do Cabo entrou num estado de emergência no que respeita ao consumo de água, tendo sido aprovada cobrança de multas para quem viole o limite de consumo

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DR Numa demonstraç­ão de cidadania habitantes cumprem medidas de restrição ao consumo de água

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