“Dia zero” foi adiado para o mês de Agosto
Consumo médio de água na África do Sul baixou gradualmente nos últimos três anos
Os esforços de poupança no consumo de água que têm estado a ser feitos pela população da Cidade do Cabo estão a ter efeitos que ultrapassam as perspectivas mais optimistas.
Esta semana, um portavoz dos serviços locais de abastecimento de água anunciou que o tão temido “Dia Zero”, que estava previsto para Junho, foi agora adiado para 11 de Agosto.
Inicialmente previsto para Abril, o dia previsto para que a Cidade do Cabo ficasse sem água, foi sucessivamente adiado para Maio, Junho e agora Agosto.
Fontes governamentais daquela região sul-africana disseram que a população está a ultrapassar o que dela se esperava, consumindo menos que os 50 litros diários por pessoa que tinham sido estipulados pelas autoridades.
Curiosamente, é no mês de Agosto, nova data apontada para o “Dia Zero”, que costuma começar a época da chuva, embora os serviços meteorológicos da África do Sul estejam muito pessimistas em relação ao facto dessa possibilidade se confirmar.
Este pessimismo dos serviços de meteorologia da África do Sul é perfeitamente compreensível, uma vez que a Cidade do Cabo vive debaixo de uma seca severa desde há mais de três anos.
“Se as pessoas continuarem a colaborar na redução do consumo de água e mesmo que não chova em Agosto, pode ser que cheguemos ao fim do ano sem termos esgotado totalmente as nossas reservas de água”, disse um membro do Governo da Cidade do Cabo.
O consumo médio de água na África do Sul, que era de 520 milhões de litros por dia em 2015, a partir desse ano baixou gradualmente, sendo agora de apenas 1,2 milhões.
Desde o início deste ano que a Cidade do Cabo entrou num estado de emergência no que respeita ao consumo de água, tendo sido aprovada a cobrança de multas para quem consuma mais de 50 litros por dia.
Algumas organizações de ajuda humanitária sedeadas na África do Sul chegaram a temer que o resultado desta forte seca de mais de três anos fizesse com que a Cidade do Cabo fosse a primeira grande cidade do Mundo a ficar sem água.
A Cidade do Cabo é um importante pólo comercial e industrial, tendo um dos principais portos do país. A sua economia é baseada nos sectores de refinação de petróleo, automóvel, alimentar, químico, têxtil e indústria de construção naval. Por isso mesmo é considerada um dos principais centros financeiros da África do Sul, ficando atrás apenas de Joanesburgo.
Em 2007, altura do último recenseamento efectuado, a cidade, sede do Parlamento sul-africano, tinha 3,5 milhões de habitantes. A área da Cidade do Cabo estende-se por 2.455 quilómetros quadrados, sendo maior do que outras cidades da África Austral, resultando numa menor densidade populacional, cerca de 1.425 habitantes por quilómetro quadrado.
Uma questão de política
Um outro factor que pode ter contribuído para o sucesso das medidas de racionamento do consumo de água, é que elas foram encaradas como uma questão política por força do engajamento positivo dos diferentes partidos.
Desde a altura em que surgiram os receios pela forte possibilidade da Cidade do Cabo poder ser a primeira a ficar sem uma gota de água, como que mobilizou todas as forças políticas para intensas campanhas de sensibilização junto da população.
Desse modo, as redes sociais e os órgãos de comunicação convencionais foram invadidos por milhares de mensagens partidárias de apelo ao cumprimento das directivas impostas pelas autoridades da Cidade do Cabo. Nas suas intervenções públicas, a classe política deu prioridade também à questão da falta de água e dos problemas que poderiam advir se fosse atingido o “Dia Zero”.
Desde o início do ano que a Cidade do Cabo entrou num estado de emergência no que respeita ao consumo de água, tendo sido aprovada cobrança de multas para quem viole o limite de consumo