Trump agrava tarifas sobre alumínio e aço
Chefe de Estado promulga medidas que podem levar à guerra comercial contra os principais parceiros
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretou quinta-feira a imposição de tarifas de 25 por cento sobre a importação de aço e de 10 para a entrada de alumínio naquele país, tal como tinha prometido exactamente uma semana antes.
O anúncio gerou controvérsia, não só junto dos parceiros comerciais dos Estados Unidos, mas também no próprio Partido Republicano, que apoia Donald Trump, com muitos membros a oporem-se à ideia.
Naquele mesmo dia, a agência de notícias Associated Press avançou, citando fontes próximas do processo, que todos os países que se vissem afectados por estas tarifas poderiam negociar exclusões.
O Presidente Donald Trump promulgou estas medidas, que entrarão em vigor a 23 de Março, isentando apenas o Canadá e o México.
Já tinha sido avançado que, em troca de cedências do Canadá e México para a assinatura de um novo Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA), estes dois países poderiam ser isentados das medidas.
A ideia de aplicação destas medidas proteccionistas tem penalizado fortemente as bolsas de valores, com especial incidência para a de Nova Iorque, devido aos receios de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e os seus parceiros.
Descrevendo o “dumping” - prática de preços mais baixos, penalizadores da economia do país importador - sobre o aço e o alumínio nos Estados Unidos como um “ataque ao nosso país”, o Presidente Donald Trump afirmou em conferência de imprensa que o melhor resultado para as empresas será deslocalizarem as suas produções para o seu país.
O Presidente voltou, assim, a defender a produção no país por razões de segurança nacional, tal como tem feito com inúmeras outras indústrias. “Se não quiserem pagar impostos, tragam as vossas fábricas para os EUA”, afirmou, citado pela Reuters.
Depois de um encontro com responsáveis da Administração, chegaram pormenores sobre o plano, que referia a possibilidade de outros países visados poderem solicitar isenção do pagamento destas tarifas, sendo que as fontes citadas pela Associated Press afirmaram mesmo que isso se aplica a todos os países.
O discurso do Presidente norteamericano nada refere, entretanto, sobre exclusões, a não ser no que diz respeito ao Canadá e México.
Retaliações à vista
Grandes parceiros comerciais dos Estados Unidos, nomeadamente a União Europeia, avançaram nos últimos dias que responderão a estas medidas com uma acção directa.
“Se Donald Trump aprovar as medidas, temos todo um arsenal à nossa disposição para respondermos”, declarou esta quinta-feira o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici.
Presidente Donald Trump afirmou em conferência de imprensa que o melhor resultado para as empresas que não querem pagar taxas agravadas, será deslocalizarem a produção para o seu país
Entre os produtos exportados dos Estados Unidos que podem ver agravada a carga fiscal para poderem ser comercializados na União Europeia estão calças de ganga, camisolas, motas e milho, tendo já sido mesmo especificadas marcas como a Levi’s e a Harley-Davidson.
Ainda na quinta-feira, a China ameaçou adoptar duras represálias contra as ideias protecionistas do Presidente Donald Trump, apesar de que as remessas de Pequim sejam caracterizadas com exportações em alta e um enorme excedente face aos Estados Unidos.
A China adoptará, “sem dúvida, uma resposta apropriada e necessária” diante das sanções comerciais borte-americanas, afirmou quinta-feira o ministro das Relações Exteriores do país asiático, Wang Yi.