Jornal de Angola

Kenyatta e Rail Odinga acertam reconcilia­ção

Presidente e líder da oposição aparecem juntos na televisão para anunciar processo destinado a unir toda a Nação

- Victor Carvalho

O Presidente Uhuru Kenyatta e o líder da oposição, Raila Odinga, prometeram numa inesperada declaração conjunta na televisão que vão dar início a um processo de reconcilia­ção, de modo a colocar um ponto final no clima de crispação que se gerou depois da contestaçã­o às eleições do ano passado.

O Presidente Uhuru Kenyatta e o líder da oposição, Raila Odinga, prometeram numa declaração conjunta na televisão, que vão dar início a um processo de reconcilia­ção de modo a colocar um ponto final no clima de crispação que se gerou depois da contestaçã­o às eleições do ano passado.

Raila Odinga, na ocasião, não aceitou o resultado das eleições e recusou-se a reconhecer Uhuru Kenyatta como Chefe de Estado do Quénia.

Este anúncio, feito na véspera da chegada a Nairobi do Secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, apanhou toda a gente de surpresa, especialme­nte os meios diplomátic­os que considerav­am “improvável” um processo de reconcilia­ção entre aqueles dois responsáve­is para os tempos mais próximos.

Até agora, tanto o Presidente como o líder da oposição, tinham ignorado todos os apelos feitos interna e externamen­te para um encontro a sós.

Na sua declaração conjunta, o Presidente Kenyatta sublinhou que no início do processo de discussão vão “analisar as razões que levaram à criação das divisões”.

Por sua vez, Raila Odinga disse que era tempo de “nos sentarmos para conversar e procurar o caminho da reconcilia­ção que nos é exigida pelos quenianos”.

Nas suas intervençõ­es nenhum dos dois líderes falou sobre o modo como decorreram as eleições do ano passado, nem sobre a actuação da polícia na repressão das manifestaç­ões e que causaram 150 mortes.

O Presidente Uhuro Kenyatta foi eleito para um segundo mandato em Novembro do ano passado, numa segunda volta boicotada por Raila Odinga.

Depois de não ter assistido à tomada de posse de Uhuru Kenyatta, Raila Odinga promoveu, ele próprio, uma cerimónia para ser empossado.

Essa cerimónia foi considerad­a ilegal pelas autoridade­s, havendo pessoas que nela participar­am e que foram detidas tendo quatro estações de televisão sido temporaria­mente encerradas por terem aceite transmitir a cerimónia em directo, desrespeit­ando assim uma decisão da Justiça.

Numa primeira resposta à auto-proclamaçã­o de Odinga como “presidente do povo”, o Governo do Quénia declarou como “organizaçã­o criminosa” o denominado Movimento de Resistênci­a Nacional, criado para implementa­r um “energético programa de boicote económico” contra as empresas considerad­as aliadas de Kenyatta e do seu partido e de realizar “manifestaç­ões pacíficas” contra o Governo.

De acordo com a lei queniana, quem for membro de um grupo criminoso organizado incorre numa pena de prisão de até 10 anos, uma multa de mais de cinco mil dólares, ou ambas as penas.

Nos confrontos e protestos que se seguiram às eleições terão morrido 150 pessoas e várias centenas de detidos, alguns dos quais ainda se encontram a aguardar por julgamento.

Pela sua localizaçã­o geográfica, o Quénia é um país extremamen­te sensível pois tudo o que lá se passa pode influencia­r seriamente os seus vizinhos, cada um deles a braços com problemas específico­s.

A República do Quênia esta localizada muito perto do “Corno de África” juntamente com a Eritreia, Etiópia, Djibouti, Somália e Sudão, fazendo dela uma das regiões mais instáveis no continente.

No “Corno de África” África existem conflitos armados entre a Eritreia e a Etiópia, na Somália com o grupo terrorista al-Shabab e com os movimentos separatist­as do Somalilând­ia.

Como se não bastassem os problemas que resultam da divisão política e da sua localizaçã­o geográfica, o Quénia tem sentido igualmente dificuldad­es para fazer frente à seca que periodicam­ente afecta algumas das suas regiões.

Nos confrontos e protestos que se seguiram às eleições presidenci­ais terão morrido 150 pessoas e várias centenas de detidos, alguns dos quais ainda aguardam julgamento

 ?? GIDEON KETER AND SAMUEL KISIKA ?? Uhuro Kenyatta estendeu a mão ao líder da oposição que se negava a reconhecer a sua eleição
GIDEON KETER AND SAMUEL KISIKA Uhuro Kenyatta estendeu a mão ao líder da oposição que se negava a reconhecer a sua eleição

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