Sector industrial registou níveis próximos da expansão
Três das quatro variáveis que medem a evolução da actividade tiveram, no quarto trimestre, comportamento positivo, com a ocorrência de crescimento homólogo na “Produção e Distribuição de Electricidade e na “Indústria Transformadora”
O Índice de Produção Industrial (IPI) registou uma variação negativa de apenas 0,3 por cento no quarto trimestre do ano passado com relação ao mesmo período do de 2016, graças à evolução positiva de três das quatro variáveis que medem o indicador.
Uma nota de imprensa do Instituto Nacional de Estatística (INE) dedicada ao IPI do período entre Outubro e Dezembro de 2017, consultada ontem pelo Jornal de Angola, indica a “Indústria extractiva”, que retrocedeu 1,2 por cento, foi a único sector que registou variação homóloga negativa.
A “Captação, tratamento e distribuição de água e saneamento” com 29,4 por cento, “Produção e distribuição de electricidade” com 12,9 e “Indústria transformadora” com 2,2 evoluíram de forma favorável durante aquele período, de acordo com o documento.
O INE acrescenta, entretanto, que a variação da actividade industrial do quarto trimestre, comparada com os três meses anteriores, foi inferior em 3,00 por cento, com o desempenho da “Produção e distribuição de electricidade” a evoluir em 23,4 por cento, seguida da “Indústria transformadora” com 2,3 e “Captação, tratamento e distribuição de água e saneamento” com 0,6.
O Índice de Pessoas ao Serviço, durante o quarto trimestre de 2017, registou um decréscimo de 0,4 pontos percentuais com relação ao mesmo período de 2016 e de 4,00 por cento quando comparado com o terceiro trimestre do ano passado.
O Índice das Horas Trabalhadas registou, no mesmo período, uma variação homóloga negativa de 1,3 por cento e uma trimestral de 3,1 por cento, de acordo com a nota de imprensa.
Analisando o IPI por tipo de bens, verifica-se que, de Outubro a Dezembro últimos, os “Bens intermédios” registaram maior crescimento em relação ao quarto trimestre de 2016, com uma variação de 2,6 por cento, enquanto os “Produtos de energia” foram os que tiveram maior decréscimo naquele período, com 1,2 por cento.
Com relação ao terceiro trimestre de 2017, os “Bens de consumo” avançaram 3,5 por cento, os “Bens intermédios” com 0,6 e “Produtos de energia” recuaram em 4,00 por cento.
Previsões de crescimento
As perspectivas institucionais apontam para um crescimento de 1,8 por cento do sector industrial em 2018, suportado, em parte, pela entrada em funcionamento de novas unidades fabris, de acordo com dados do relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (2018), aprovado em meados de Fevereiro pela Assembleia Nacional.
O documento reconhece que a indústria transformadora foi um dos sectores que mais se ressentiu das consequências da retracção do mercado cambial, que desde Junho de 2014 enfrenta uma séria escassez de divisas para satisfação das necessidades do sector, com a importação de equipamentos, matérias-primas e peças sobressalentes.
Apesar de o país depender da importação, em grande medida, dos bens industriais que consome, há indicadores de excedentes no sector das bebidas e cimento, fruto das políticas traçadas e dos investimentos feitos nestes dois sub-sectores da indústria angolana.
A título de exemplo, nos cimentos, o país tem necessidades de consumo avaliadas em seis milhões de toneladas, quando a capacidade instalada das cimenteiras do país já supera as oito milhões de toneladas.
O sector da indústria de bebidas cresce três por cento ao ano, fruto dos investimentos que tem recebido e é responsável por cerca de 14 mil postos de trabalho directos e 45 mil indirectos.
Perspectivas institucionais apontam para um crescimento de 1,8 por cento do sector industrial em 2018, suportado, em parte, pela entrada em funcionamento de novas unidades fabris
O país possui mais de 40 empresas de bebidas, como água, refrigerantes e cerveja, este último, um domínio em que as quantidades produzidas já correspondem à procura do mercado, de três mil milhões de litros por ano.
No quadro do processo de relançamento da actividade industrial no país, estão em curso acções para dinamizar os pólos de Desenvolvimento Industrial de Viana e Bom Jesus (Luanda), Lucala (Cuanza-Norte), Negage (Uíge), Caála (Huambo), Catumbela (Benguela) e Futila (Cabinda).