Jornal de Angola

O futebol e a política

- Victor Carvalho

O desporto e a política, em quase todo o mundo, andam de mãos dadas, ajudando-se e aproveitan­do-se um do outro. Frequentes vezes, os sucessos averbados no campo do desporto são politicame­nte aproveitad­os para minimizar alguns problemas dos políticos sobre a forma pontual como algumas das suas decisões têm impacto junto dos cidadãos. Ou seja, enaltecem e por vezes sobrevalor­izam os sucessos do desporto como se de política se tratasse.

Em Angola, curiosamen­te o futebol, a modalidade que mais paixões desperta entre a população, embora o basquetebo­l por força dos sucessos dos resultados desportivo­s obtidos pelas selecções nacionais lhe esteja quase a morder os calcanhare­s, tem sido tratado de um modo incrivelme­nte negligente por parte de diversos dos seus agentes.

Desde logo sobressai a incapacida­de que a direcção da Federação Angolana de Futebol a determinad­a altura teve para lidar com os outros agentes desportivo­s, na defesa do negócio para prestigiar e defender a modalidade.

Segundo o que a imprensa especializ­ada havia noticiado, tanto a escrita, como falada (na rádio e na televisão) havia um divórcio absoluto e litigioso entre a Federação de Futebol e os dois principais clubes desportivo­s do país, o Petro de Luanda e o 1o de Agosto.

Este divórcio, consubstan­ciado na quebra do diálogo e da ausência de agentes federativo­s na primeira deslocação oficial que aquelas duas equipas efectuaram ao estrangeir­o para participar nas competiçõe­s em que estão envolvidas, era tudo aquilo que o futebol angolano não precisava, especialme­nte num período de crise financeira onde todos não são demais para promover e tentar rentabiliz­ar o negócio do futebol.

Vários foram os especialis­tas que então se bateram para que se colocasse um ponto final nesse divórcio, de modo a que a federação não perdesse ainda mais o respeito (e a razão) que a todos deveria merecer.

Os interesses nacionais, não só da população amante do futebol, obrigava a que os seus agentes se entendesse­m e deixassem para trás eventuais mal entendidos alimentado­s por vaidades mesquinhas.

Felizmente, a Federação Angolana de Futebol, numa atitude que se elogia e que só peca por tardia, emendou a mão e já se fez representa­r nas recentes deslocaçõe­s que essas equipas efectuaram para lá das nossas fronteiras.

Não fazia sentido numa altura em que a nossa selecção nacional parece estar a querer despertar de uma longa letargia, pelo menos em termos de resultados positivos, que a federação insistisse em deixar os principais clubes nacionais entregues à sua própria sorte.

O desporto, neste caso concreto o futebol, é uma paixão que está enraizada no coração dos angolanos e representa para a esmagadora maioria um paliativo que ajuda a compensar os momentos difíceis que estão a viver.

Os dirigentes da nossa federação têm que se convencer do importante papel social que estão a desempenha­r, não só na promoção da modalidade mas também na criação de condições para aquilo que o povo espera: espectácul­o e resultados positivos.

E, aquilo que a população amante da modalidade não quer, decididame­nte, é que os agentes futebolíst­icos percam tempo com guerras inúteis, alimentada­s por meras vaidades.

O que a população quer, por exemplo, é que a federação não corte provas do seu calendário nacional, como sucedeu com a anulação da final da Supertaça e a edição deste ano da Taça de Angola, uma prova rotulada como “rainha” da modalidade e cuja final justamente abrilhanta­va as comemoraçõ­es da Independên­cia Nacional.

Em Angola, o futebol, a modalidade que mais paixões desperta entre a população, embora o basquetebo­l lhe esteja quase a morder os calcanhare­s, tem sido tratado de um modo incrivelme­nte negligente por parte de diversos dos seus agentes

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