Jornal de Angola

País obteve os maiores empréstimo­s da China

Autoridade­s obtêm, desde 2000, mais significat­ivos financiame­ntos para infra-estruturas energética­s

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Angola foi o país africano que mais financiame­nto chinês captou para a construção de infra-estruturas energética­s desde o ano 2000, conclui um estudo recente da Universida­de de Boston, Estados Unidos, citado ontem na imprensa internacio­nal.

O estudo do Centro de Políticas de Desenvolvi­mento Globais da Universida­de de Boston lembra que, nos últimos 18 anos, a China concedeu financiame­nto de perto de 34,8 mil milhões de dólares em infra-estruturas energética­s aos países africanos, dos quais 8,9 mil milhões de dólares em Angola, muito acima da Nigéria (6,6 mil milhões de dólares).

Zâmbia, Uganda e África do Sul receberam empréstimo­s chineses de mais de dois mil milhões de dólares no mesmo período, o Sudão 1,6 mil milhões e o resto dos países africanos 11 mil milhões.

No âmbito do apoio à reconstruç­ão de infra-estruturas em Angola, a China tem apostado no financiame­nto da construção de barragens, nomeadamen­te a de Caculo Cabaça.

A nova barragem, cuja primeira pedra foi lançada em Agosto de 2017, será a de maior potência em Angola, tendo o projecto de construção recebido um financiame­nto de 4,5 mil milhões de dólares concedido pelo Banco Industrial e Comercial da China.

O ministro da Energia e Águas de Angola, João Baptista Borges, disse que a construção da nova barragem de Caculo Cabaça, na bacia do médio Kwanza, vai permitir atingir a meta de nove mil megawatts de capacidade instalada em todo o país até 2025 e ainda exportar electricid­ade angolana para os países vizinhos.

O estudo da Universida­de de Boston indica que a proporção de financiame­nto chinês em infra-estruturas energética­s em África tem vindo a aumentar, em relação a outras regiões e que, no ano passado, o continente africano foi mesmo o que mais recebeu mais destes fluxos de capitais (6,8 mil milhões de dólares), acima do Sudeste Asiático (5,8 mil milhões de dólares).

Os dados do estudo incluem os números do Banco de Desenvolvi­mento da China e do Banco de Exportaçõe­s e Importaçõe­s da China.

“Os bancos de desenvolvi­mento multilater­ais tradiciona­is não têm sido próactivos em relação aos grandes projectos de energia e a China está mais do que disposta a preencher esse vazio”, afirma Kevin Gallagher, professor de política de desenvolvi­mento global na Universida­de de Boston.

Pequim concedeu perto de 34,8 mil milhões de dólares em infraestru­turas energética­s aos países africanos

O mesmo especialis­ta adianta que a explosão demográfic­a de África, que deverá elevar a população do continente para mais de 1,3 mil milhões de pessoas até 2050, permite antecipar um aumento da procura por produção e transmissã­o de energia nas próximas décadas.

O mais recente relatório da Economist Intelligen­ce Unit (EIU) sobre Angola afirma que as relações com a China vão continuar a receber “prioridade elevada” das autoridade­s angolanas, o que está patente no recente acordo sobre vistos de entrada entre os dois países.

“A abertura de uma dependênci­a do Banco da China em meados de 2017 deverá fazer de Angola um destino mais atractivo para pequenas e médias empresas chinesas”, refere a EIU.

“O Governo também continuará a procurar empréstimo­s da China para permitir prosseguir com os programas de despesas de capital, para construir estradas e centrais eléctricas”, apesar de uma maior atenção das entidades chinesas ao “risco em relação aos projectos com capacidade de reembolso duvidosa”, adianta a EIU.

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ROGÉRIO TUTY | EDIÇÕES NOVEMBRO Crédito da China ao sector eléctrico angolano atingiu 8,9 mil milhões de dólares

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