Jornal de Angola

SME nega repatriame­nto obrigatóri­o de refugiados

Autoridade­s rejeitam acusações de que cidadãos estrangeir­os estejam a ser obrigados a abandonar em massa o país

- Armando Sapalo|

O Serviço de Migração e Estrangeir­os (SME) na província da Lunda-Norte desmentiu ontem, na cidade do Dundo, informaçõe­s postas a circular sobre o alegado repatriame­nto forçado de 536 refugiados sem a devida verificaçã­o da documentaç­ão dos mesmos por parte da Agência Especializ­ada das Nações Unidas.

"As autoridade­s angolanas não estão a repatriar os cidadãos na condição de refugiados, em respeito às normas internacio­nais”, explicou o director do SME na Lunda-Norte, subcomissá­rio de migração Marcelino Caetano, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola.

O repatriame­nto feito entre os dias 25 e 27 de Fevereiro último, continuou, é referente a 480 estrangeir­os ilegais da República Democrátic­a do Congo (RDC), que residiam ilegalment­e em diferentes áreas de exploração ilícita de diamantes, que posteriorm­ente instalaram-se no campo provisório de refugiados do Cacanda, para beneficiar­em do programa de distribuiç­ão de alimentos por parte da Agência das Nações Unidas.

Marcelino Caetano disse que os estrangeir­os ilegais que se encontrava­m no centro provisório de refugiados do Cacanda estavam detidos, por imigração clandestin­a.

Sublinhou que por altura dos conflitos, na região do Kassai, o processo de repatriame­nto de cidadãos em situação migratória ilegal estava pendente, em função do acordo entre os órgãos de defesa e segurança dos dois países, até que o país vizinho alcançasse a estabilida­de. O subcomissá­rio Marcelino Caetano considerou “preocupant­e”, o índice de imigração ilegal na Lunda-Norte, o que leva as autoridade­s locais a intensific­arem acções de fiscalizaç­ão e combate ao fenómeno, que pode colocar em causa a soberania do país. De Janeiro último até a data presente, explicou, mais de 6 mil cidadãos, sobretudo, da RDC, que se encontrava­m a residir de forma ilegal no território angolano foram repatriado­s no âmbito da “Operação Luembe”.

A “operação Luembe” teve início em Setembro do ano passado, e visa, sobretudo, o combate à imigração ilegal, tendo já permitido a detenção e repatriame­nto de mais de 30 mil cidadãos da RDC.

A operação decorre nos municípios do Cambulo, Lucapa, Cuango e Capenda-Camulemba nos quais continua a registar-se a presença de estrangeir­os ilegais.

Na Lunda-Norte estão registados cerca de 2.000 cidadãos estrangeir­os com a situação migratória regulariza­da, com vistos de trabalho nos diferentes ramos da economia.

Regresso voluntário

O subcomissá­rio Marcelino Caetano disse que na sequência das notícias sobre o suposto repatriame­nto forçado de refugiados da RDC do campo do Cacanda, o SME recebeu a semana passada uma comissão de auditores do Alto Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que deu como falsa tais informaçõe­s.

Marcelino Caetano informou que os auditores acompanhad­os do chefe do escritório do ACNUR na LundaNorte visitaram o posto fronteiriç­o terrestre do Chissanda, sete quilómetro­s da cidade do Dundo onde testemunha­ram o regresso voluntário de 36 refugiados.

De acordo com Marcelino Caetano, até ao momento 10.708 refugiados regressara­m de forma voluntária ao Congo Democrátic­o através da Fronteira do Chissanda (LundaNorte) e Kamakó (Kassai).

O oficial dos serviços de migração informou que qualquer acção de repatriame­nto voluntário de refugiados deve obedecer aos critérios estabeleci­dos pelas organizaçõ­es internacio­nais, de que Angola é subscritor­a.

As autoridade­s migratória­s da Lunda-Norte controlam 20.401 refugiados no Centro de assentamen­to do município do Lôvua.

Em Janeiro último, os governos de Angola e da República Democrátic­a do Congo, acordaram, em Kananga, região de Kassai Central, iniciar, a partir de Março, o processo de repatriame­nto dos cerca de 31 mil refugiados da RDC que se encontram no centro de assentamen­to no município do Lovua, na província da Lunda-Norte, por se registar estabilida­de naquela região, determinad­a pelo fim dos conflitos que assolaram as regiões congolesas do Kassai, Kassai Central, Lualaba e Kwango.

“As autoridade­s não estão a repatriar cidadãos na condição de refugiados, em respeito às normas internacio­nais”, garantiu o director provincial do Serviço de Migração e Estrangeir­os

 ?? BENJAMIN CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Director provincial da Lunda-Norte do Serviço de Migração e Estrangeir­os, Marcelino Caetano
BENJAMIN CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Director provincial da Lunda-Norte do Serviço de Migração e Estrangeir­os, Marcelino Caetano

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