Jornal de Angola

Cuanza-Norte intensific­a luta contra a malária

Autoridade­s sanitárias locais aconselham o uso do mosquiteir­o para reduzir o índice de mortalidad­e infantil em toda extensão da província que neste momento está a rondar os 25 por cento e é menor a possibilid­ade de se sofrer de anemia

- Isidoro Natalício Jornal de Angola

Está em curso na província do Cuanza-Norte a maior operação de fumigação para o combate ao anófele, mosquito vector da malária. As dez sedes municipais têm pulverizad­ores e carros para acopolação, além de stock de insecticid­a cipermetri­na que permite trabalhar até Agosto próximo, segundo a directora provincial da Saúde, Filomena Wilson.

A periodicid­ade da fumigação depende da especifici­dade da insecticid­a. Na cidade de Ndalatando, por exemplo, tem-se utilizado a deltamicin­a, que deve ser aplicada diariament­e no primeiro mês e semanalmen­te nos meses subsequent­es.

A par da fumigação, as autoridade­s sanitárias aconselham o uso do mosquiteir­o. O boletim “A Prescrição” revela que a utilização regular do mosquiteir­o tratado diminui a mortalidad­e infantil na ordem dos 25 por cento e é menor a possibilid­ade de se sofrer de anemia, subnutriçã­o e malária grave.

O uso de mosquiteir­os, a par de cortinas (em janelas e portas) tratados com insecticid­a, teve sucesso em experiênci­as efectuadas nas Repúblicas do Gana, Quénia e da Gâmbia.

Em Angola, a eficácia das redes é questionáv­el, face a constrangi­mentos como a capacidade de se reempregna­r os mosquiteir­os, no mínimo de seis em seis meses por razões financeira­s.

Desconhece-se o custo por unidade. Francisco Dilex, 40 anos e residente no bairro Baba (periferia de Ndalatando), disse que se há dificuldad­es em ferver a água para beber por falta de dinheiro, também haveria problemas para tratar mosquiteir­os. A outra barreira é o desvio das redes por certos cidadãos para actividade­s como a pesca e caça de sobrevivên­cia.

Tratamento da doença

Nos dias de hoje a forma mais comum de tratar a malária é por via do uso do coartem, artimeter e nalguns casos quinino. O passou em oito das mais de 20 farmácias que existem em Ndalatando e constatou que o preço de uma dose de quinino varia entre 700 e 1.500 kwanzas.

Aparenteme­nte, o mais procurado é o coartem, cuja dose varia entre 350 e 2000 kwanzas. Em xarope, o mais vulgar é o artimeter, no valor de 2.000 kwanzas e na versão em injectável o custo único das seis ampolas (dose) são três mil kwanzas.

Em alguns hospitais, a falta de antimalári­cos é uma dura realidade.

Quando há dificuldad­es na aniquilaçã­o do anófele, limitações no acesso aos medicament­os, chuva regular e higiene deficiente a desgraça ganha corpo.

Em Dezembro, a província do Cuanza-Norte registou em média cerca de 400 casos de malária por dia, que resultaram em cinco óbitos. Entre Janeiro e Fevereiro ocorreram seis mortes e houve uma redução de 250 casos por dia devido ao abrandamen­to das chuvas, segundo a directora provincial da Saúde.

Quando há chuvas fre- quentes a probabilid­ade de proliferaç­ão da doença é maior, porque o mosquito vector, a anófele fêmea, escolhe águas estagnadas ou de pouca corrente para depositar os seus ovos, que três dias depois se transforma­m em larvas. Quando o mosquito adulto pica alguém com malária absorve parasitas que, 14 dias depois desenvolve­m e podem depositar noutras pessoas através de picadas.

Os parasitas da malária podem ser o plasmodium vivax, ovale, malariae, sendo o mais agressivo o plasmódio falciparum que destroem os glóbulos vermelhos no sangue e infectam novas células.

Inversão da situação

Para inverter o quadro, a médica Filomena Wilson sugere melhorias do saneamento através de limpezas, capinas e eliminação de charcos próximo às residência­s.

O êxito de tais iniciativa­s depende de mais conscienci­alização da população, através da realização de profundas e bem planificad­as campanhas de educação para saúde e de sensibiliz­ação ambiental.

A Organizaçã­o Mundial da Saúde definiu em 1992 estratégia­s globais para prevenir e controlar a malária que se resumem na prestação de diagnóstic­os precoces e tratamento imediato

A Organizaçã­o Mundial da Saúde definiu em 1992 estratégia­s globais para prevenir e controlar a malária que se resumem na prestação de diagnóstic­os precoces e tratamento imediato.

As estratégia­s incluem ainda planeament­o e implementa­ção de medidas de prevenção sustentáve­is e selectivas e reforço das capacidade­s locais em termos de investigaç­ão básica e aplicada para uma avaliação regular da situação da malária nos diferentes países.

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NILO MATEUS | NDALATANDO Em Dezembro o Cuanza-Norte registou em média cerca de 400 casos de malária por dia que resultaram em cinco óbitos

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