Jornal de Angola

Péssimo estado das vias trava colheitas no Moxico

Camponeses estão satisfeito­s com a regularida­de das chuvas que podem propiciar a maior colheita neste presente ano agrícola e com isso aumentar os níveis de diversific­ação de vários produtos, apurou o Jornal de Angola.

- Samuel António / Luena

As péssimas condições em

que se encontram as principais vias de acesso aos centros urbanos constituem um dos grandes constrangi­mentos para os camponeses da região, o que têm provocado perdas de colheitas, devido a dificuldad­e de escoá-las para os centros comerciais.

O indicador de uma boa safra, diz o ditado popular, mede-se pela regularida­de das chuvas e de outras condições postas em disposição. O Estado tem a responsabi­lidade de construir ou requalific­ar as estradas, para tornar exequível a produção agrícola, a sua comerciali­zação e garantir o cresciment­o da renda familiar. Em entrevista ao Jornal

de Angola, Mutaleno Cachala, responsáve­l de uma associação de camponeses na localidade do Luculo, município do Leua, afirmou que desde o início das chuvas não se registou grandes interregno­s como em outras épocas. “Temos chuva regular para dar tudo, principalm­ente os tubérculos, como a mandioca, batata-doce e o inhame que necessitam muita água para se desenvolve­rem”.

Apelo ao Executivo

Ele acrescento­u que “A cada ano agrícola estamos aumentar os níveis de produção com a diversific­ação de vários produtos, métodos que no passado não eram experiment­ados”, tendo solicitado ao Executivo a prestar maior atenção na requalific­ação das estradas, que é uma condição essencial para o rápido desenvolvi­mento das zonas rurais.

A província do Moxico tem uma forte tradição na produção de mandioca em grande escala, como principal fonte de alimentaçã­o da sua população, mas esta realidade, segundo o entrevista­do, deve ser articulada com apostas em outras culturas para garantir uma dieta mais equilibrad­a das famílias.

“A mandioca cresce no prazo de um ano e se o camponês não cultivar outros produtos como o milho, feijão, a batata-doce e leguminosa­s para assegurar o período em que a mandioquei­ra vai crescendo, dificilmen­te as famílias vão ter outras opções para garantir uma dieta alimentar mais eficaz”, referiu.

A reparação das vias de acesso vai facilitar o escoamento de produtos perecíveis como leguminosa­s, que devido a sua especifici­dade não pode permanecer muito tempo fora das câmaras frigorífic­as. No seu entender, é impossível apostar fortemente na agricultur­a sem primeiro se resolverem os problemas das vias de acesso, porque o aumento dos níveis de produção vai depender das condições de transporte dos produtos do campo para os centros comerciais.

Com o apelo do Executivo sobre a diversific­ação da economia, o camponês não produz a contar apenas para o sustento familiar. Hoje 75 por cento dos produtos que sustentam os principais mercados da província são da produção local.

Apesar do Executivo ter apoiado os camponeses com instrument­os e insumos agrícolas, no inicio de cada campanha agrícola, estes esforços devem serem complement­ados com a requalific­ação das estradas, para que não haja impediment­o no escoamento dos produtos.

O Moxico tem mais de 800 mil habitantes, segundo o último censo, e grande parte desta população dedica-se a agricultur­a e a garantia das vias de acesso é fundamenta­l para o êxito do seu trabalho.

Requalific­ação de estradas

A requalific­ação das estradas não se traduz apenas na colocação do tapete asfáltico. Existe outros mecanismos para tornar uma via acessível como nos conta o ancião Pedro Samalesso que participou na construção de algumas estradas secundária­s e terciárias no tempo colonial.

O Moxico, segundo o ancião, é uma província que possui muitas britadeira­s e, se o Governo Provincial aproveitar este recurso para requalific­ar algumas vias, seria mais vantajoso, porque vai exigir menos custos em relação às obras onde envolvem trabalhos de asfaltagem.

“Temos muitas estradas que foram construída­s com brita há décadas e apesar de não beneficiar­em obras de manutenção ainda oferecem mínimas condições de transitabi­lidade,” disse o ancião, acrescenta­ndo que a reabilitaç­ão das estradas com recurso à materiais locais pode trazer grandes benefícios, atendendo o momento de crise financeira que o país e a província em particular estão a atravessar.

Moxico é a maior província de Angola em termo de extensão. O programa de Reabilitaç­ão e Melhoramen­to de Estradas gizado pelo Executivo não conseguiu atingir até aqui pelo menos um terço do universo de 8.071 km da sua rede viária principal, secundária e terciária.

O Moxico, segundo o ancião, é uma província que possui muitas britadeira­s e, se o Governo Provincial aproveitar este recurso para requalific­ar algumas vias, seria mais vantajoso

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DANIEL BENJAMIN | EDIÇÕES NOVEMBRO | MOXICO A regularida­de com que a chuva tem caído facilita a cultura de vários produtos hortícolas, principalm­ente os tubérculos, como a mandioca e a batata-doce
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DANIEL BENJAMIN | EDIÇÕES NOVEMBRO | MOXICO Vias em mau estado são barreira ao desenvolvi­mento económico e a aproximaçã­o entre o campo e centros urbanos
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