Jornal de Angola

Burundi quer elevar cooperação bilateral

Ministro burundês dos Negócios Estrangeir­os fala do Acordo Geral de Cooperação e aponta áreas que podem ser exploradas

- João Dias e Garrido Fragoso

O ministro dos Negócios Estrangeir­os do Burundi, Alain Aime Nyamitwe, manifestou o interesse do seu país elevar a cooperação com Angola, dentro do acordo geral estabeleci­do há alguns anos, privilegia­ndo as relações económicas e comerciais.

Falando ontem, em Luanda, à saída de uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, o chefe da diplomacia burundesa elogiou o papel que Angola desempenho­u enquanto esteve à frente dos destinos da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), cujo mandato terminou em Novembro do ano passado. Mesmo com a passagem de pasta à República do Congo, sublinhou, Angola não deixou de ter um papel actuante no seio da organizaçã­o regional.

O ministro entregou uma mensagem do Chefe de Estado do Burundi, Pierre Nkurunziza, ao homólogo angolano, João Lourenço. Na mensagem, Nkurunziza felicita João Lourenço pela eleição ao mais alto cargo da Nação e realça as excelentes e históricas relações de cooperação.

“Temos, em muitos casos, de passar em revista a nossa cooperação para avaliar em que grau está, e analisar o que já fizemos e o que é necessário fazer. São passos que temos de dar, inevitavel­mente, para o fortalecim­ento das relações de âmbito bilateral”, disse Alain Aime Nyamitwe. Relativame­nte às áreas preferenci­ais de cooperação entre os dois Estados, o ministro dos Negócios Estrangeir­os do Burundi lembrou haver um Acordo Geral de Cooperação que é transversa­l e que perpassa por todos os sectores da vida económica e política, admitindo, no entanto, que é o sector económico e comercial que mais se tem vincado nos últimos anos.

Cooperação modesta

Ainda ontem, o ministro burundês dos Negócios Estrangeir­os teve um encontro com o homólogo angolano, Manuel Augusto.

No final do encontro, Alain Nyamitwe considerou “modesta” a cooperação entre o seu país e Angola, salientand­o que através daquele país da África Central Angola pode ter acesso ao mercado do Leste africano.

O chefe da diplomacia burundesa disse que os dois países já assinaram um acordo de base geral. “Caberá, agora, aos Governos dos dois países avaliar as áreas específica­s em que a cooperação poderá assentar no futuro”, afirmou o ministro burundês, apontando como prováveis os sectores bancário, turístico, e mineiro.

Em relação ao processo político na RDC, disse que o mesmo é seguido com muita atenção pelas autoridade­s do Burundi, tendo em conta a proximidad­e territoria­l entre os dois países. “Mas a responsabi­lidade de tudo o que acontece no Congo Democrátic­o é dos congoleses”, afirmou. Alain Nyamitwe garantiu que o Burundi vai apoiar todos os esforços levados a cabo pelas organizaçõ­es internacio­nais no quadro da estabiliza­ção da Região dos Grandes Lagos, mais concretame­nte da RDC. “Sendo que Angola preside o órgão de segurança da SADC, vamos apoiar toda a actividade levada a cabo por esta organizaçã­o, para que haja paz na RDC, mas tudo depende da vontade e cooperação dos próprios congoleses”, afirmou o ministro burundês.

O director para África e Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores (Mirex) garantiu ontem todo o apoio de Angola para que o desfecho do processo político na República Democrátic­a do Congo (RDC) seja o melhor possível e permita aos congoleses encontrar o entendimen­to com vista ao cresciment­o económico e social do país vizinho.

Falando à imprensa, no final do encontro entre os chefes das diplomacia­s angolana e burundesa, Joaquim do Espírito Santo garantiu que o apoio de Angola ao processo político congolês também pode ter benefícios para a Região dos Grandes Lagos e países vizinhos.

Joaquim do Espírito Santo anunciou, para o próximo mês, a continuaçã­o, em Luanda, das reuniões tripartida­s, através das quais os Presidente­s angolano e do Congo Brazzavill­e aconselham as autoridade­s congolesas, no quadro da realização das eleições naquele país marcadas para Dezembro deste ano.

Sublinhou que Angola apoia todos os esforços tendentes a pacificar a Região dos Grandes Lagos, mais concretame­nte a RDC.

Angola e Burundi têm assinado um Acordo Geral de Cooperação, mas Alain Nyamitwe admite que o sector económico e comercial é o que mais se tem evidenciad­o nos últimos anos

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Alain Aime Nyamitwe ministro dos Negócios Estrangeir­os do Burundi recebido na Cidade Alta

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