Chineses acusados de causar incêndio
Dois cidadãos de nacionalidade chinesa são acusados de serem os causadores de um incêndio de médias proporções, que deflagrou num armazém de venda de mobiliário, avaliado em cerca de 400 milhões de kwanzas, no bairro Lucrécia, arredores da cidade do Lubango, província da Huíla.
A proprietária do armazém, Suzana Prisco, disse ao Jornal de Angola temer que os autores do incêndio se coloquem em fuga por estarem soltos.
Segundo Suzana Prisco, no armazém havia mobiliário que se destinava ao abastecimento das filiais do Grupo Seventh Sky, situadas nas províncias do Bié, Namibe, Cuando Cubango, Luanda e Huíla.
Do material queimado, referiu, constam urnas, sofás, armários, alcatifas, camas, colchões de molas e de esponja, guarda-fatos, mesas de madeira e vidro, oriundos da China, Portugal e Brasil, além do material feito localmente.
A empresária informou que, depois do sucedido, informou à Polícia que abriu um processo, mas infelizmente os autores, identificados como Vô Xuân Duc e Nguyên Thanh estão soltos.
“Sei que os processos em Tribunal levam algum tempo. Quem me garante que os chineses não fujam”, interrogou-se a proprietária do armazém, que disse pagar impostos e outras contribuições ao Estado, daí a sua preocupação caso declare falência por causa do incêndio.
“Tinha 50 trabalhadores. Depois do incêndio, tive de despedir um grande número deles”, informou a proprietária do armazém que foi destruido pelo fogo.
Para a empresária, os autores deviam estar detidos. “Quem me vai pagar os enormes prejuízos? Peço a quem de direito a permanência dos dois chineses na cidade do Lubango e no país até que o tribunal faça o julgamento”, disse Suzana Prisco. Luanda foi a cidade que, em determinados aspectos, mais caro pagou os efeitos das guerras que o país foi obrigado a travar para se manter com as fronteiras que tem.
A capital foi, naturalmente, quem recebeu os foragidos das invasões e guerras fratricida que cobriram o país, de uma ponta a outra, com mantos de medo, lágrimas, sangue e luto. Era em Luanda, apesar das dificuldades que ela própria vivia, que eles procuravam a paz possível.
Luanda jamais regateou solidariedade. Encolheu e aumentou espaços para os acolher. Repartiu o que tinha. Se não tinha, inventava. Sem pedir nada em troca. Aceitou as diferenças. Quando a paz conquistada chegou, festejou. Sem esperar, quanto mais exigir, a devolução de espaços ocupados, árvores abatidas, caminhos alterados. Como mãe, continuou de braços abertos a todos, a abraçá-los como filhos. Regozijou-se, quando se viu crescer. Na esperança de ter, finalmente, algum descanso. Enganou-se. A pressa de a tornar grande impôs-lhe espartilhos. O frenesim de a “reconstruir” à imagem de outras capitais sufocou-a. O gosto pequeno burguês apoderou-se dela. Até já lhe privatizam espaços públicos. Que deviam ser de todos. Até quando?