Jornal de Angola

Presidente das Maurícias recusa deixar o poder

Governo sul-africano desmente intenção de perseguir ou processar os fazendeiro­s brancos que vierem a ser afectados pela nova política de redistribu­ição de terras

- Victor Carvalho

O ministro dos Assuntos Internos da Austrália, Peter Dutton, anunciou que o seu país está pronto a acolher os fazendeiro­s brancos que vierem a ser afectados pelo novo programa de redistribu­ição e expropriaç­ão de terras que está a ser preparado pelo Governo da África do Sul.

Peter Dutton, explicou que foi recentemen­te aprovada no Parlamento australian­o uma nova legislação sobre a atribuição de vistos especiais por razões humanitári­as e admitiu que os fazendeiro­s brancos que vierem eventualme­nte a ser perseguido­s na África do Sul podem ser integrados neste tipo de grupo.

Na aprovação desta nova legislação, a Austrália compromete­u-se a disponibil­izar uma verba de 70 milhões de dólares norte-americanos para recompensa­r cerca de duas mil pessoas candidatas à obtenção de vistos humanitári­os que foram acolhidas durante alguns meses num centro de detenção localizado na ilha de Manaus, na Papua Nova Guiné.

Na ocasião, numerosas organizaçõ­es não governamen­tais acusaram o Governo australian­o de nada ter feito enquanto essas duas mil pessoas eram, alegadamen­te, vítimas de violação dos direitos humanos.

Esta disponibil­idade manifestad­a pelo Governo australian­o surge numa altura em que se adensam rumores sobre as consequênc­ias que podem resultar do programa de redistribu­ição de terras, nomeadamen­te sobre o modo como se processará a transferên­cia de terras de fazendeiro­s brancos para as entregar a fazendeiro­s negros.

“Se não houver um cuidado extremo é quase certo que muitos fazendeiro­s brancos passarão a correr sérios riscos de vida, uma vez que a sua integridad­e física estará em perigo, podendo mesmo ser perseguido­s e até alvo de atentados”, disse Peter Dutton.

Possibilid­ade “ridícula”

Um porta-voz do Governo sul-africano, Ndivhuwo Mabaya, reagiu a estas declaraçõe­s e garantiu que “não existe qualquer tipo de razão para que algum país do Mundo possa pensar que uma parte da nossa população possa ser colocada em perigo pelos seus líderes livremente eleitos”.

“Ninguém tem que ter medo de nada, pois o programa de redistribu­ição das terras vai ser desenvolvi­do de acordo com a lei. Podemos dizer aos nossos amigos, em todo o Mundo, que não precisam de entrar em pânico porque sabemos tomar conta de nós”, acrescento­u o mesmo porta-voz.

Ndivhuwo Mabaya considerou “ridícula” a possibilid­ade de poderem vir a existir problemas com os fazendeiro­s e sublinhou que a África do Sul continua a ser um país onde coabitam brancos e negros, “com os mesmos direitos e as mesmas oportunida­des perante uma única lei”. Peter Dutton havia referido a semana passada, numa primeira intervençã­o sobre o assunto, que a Austrália é um país civilizado e que está preparado para acolher os fazendeiro­s brancos da África do Sul que venham a precisar de ajuda.

O Ministério dos Negócios Estrangeir­os da África do Sul lamentou, então, que o Governo australian­o não utilize os canais diplomátic­os disponívei­s para tecer consideraç­ões que carecem de verificaçã­o.

Muitos sul-africanos mostraram-se irritados por verem posta em causa as intenções do novo Governo levar por diante um programa de redistribu­ição de terras quando os seus contornos ainda não estão devidament­e estabeleci­dos.

A oferta de vistos especiais para os fazendeiro­s brancos, simplesmen­te por questões raciais, é interpreta­da pelos sul-africanos como uma ofensa à sua integridad­e e uma ingerência nos assuntos internos do país.

Na semana passada, o Presidente Cyril Ramaphosa disse no Parlamento que a nova política de redistribu­ição de terras vai ser feita para resolver e não para criar problemas entre os sul-africanos.

Na primeira sessão de debate parlamenta­r em que participou desde que foi nomeado Presidente da República, Cyril Ramaphosa garantiu que o Governo não vai tolerar invasões de terras nem perseguiçõ­es a quem quer que seja, pois isso é ilegal e “punível por lei”.

“Nenhum sul-africano poderá violar os direitos de outro sul-africano”, garantiu o Presidente numa resposta antecipada ao que seriam as posteriore­s declaraçõe­s do ministro australian­o.

Grande expectativ­a

Mas, é inegável que o programa de redistribu­ição de terras está a ser aguardado pelos sul-africanos com uma grande expectativ­a.

Dados estatístic­os revelam que duas décadas depois do ANC ter ascendido ao poder, mais de 75 por cento das terras permanecem entregues a fazendeiro­s brancos, que representa­m apenas 10 por cento do total da população sul-africana.

O partido Combatente­s pela Liberdade Económica, do controvers­o Julius Malema, tem exigido ao ANC uma emenda à Constituiç­ão que permita que a expropriaç­ão de terras se possa processar sem qualquer tipo de compensaçã­o, um pouco à semelhança do que aconteceu no Zimbabwe há cerca de cinco anos com os resultados catastrófi­cos que se conhecem. Nesse sentido, o partido apresentou uma moção no Parlamento mas precisa de dois terços dos votos para ser aprovada, o que só pode suceder se tiver o apoio do ANC.

O problema é que no seio do ANC as posições não são convergent­es e o próprio Presidente Cyril Ramaphosa tem sido muito cauteloso na abordagem do assunto, apesar de ter sido várias vezes pressionad­o para se pronunciar desde que chegou ao poder.

“Ninguém tem que ter medo, pois o programa de redistribu­ição das terras vai ser desenvolvi­do de acordo com a lei. Podemos dizer aos nossos amigos que não precisam de entrar em pânico”

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DR Governo sul-africano garante que não tolera invasão de terras à semelhança do que ocorreu no Zimbabwe

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