Jornal de Angola

As igrejas, os problemas e os governante­s

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A Igreja Católica em Angola tem geralmente tomado posições em relação a muitos assuntos, dando a sua contribuiç­ão, com ideias e recomendaç­ões sobre o que deve ser feito em prol do desenvolvi­mento de Angola.

É importante que uma instituiçã­o da dimensão da Igreja Católica esteja permanente­mente atenta aos problemas do país e dê o seu ponto de vista sobre o que pensa em relação a situações que afectam as nossas populações.

A Igreja Católica está presente nas comunidade­s e é normal que se aperceba dos seus problemas, e faça questão de alertar as autoridade­s para a necessidad­e de se superarem situações negativas lesivas dos interesses dos cidadãos.

Recentemen­te, o arcebispo de Luanda, D. Filomeno Vieira Dias, afirmou que era preciso acabar com a promoção da cultura do enriquecim­ento fácil. Que os políticos, e em, particular, os que exercem o poder devem reter estas palavras e captar a mensagem que aquele prelado quis transmitir a todos nós.

O arcebispo Filomeno Vieira Dias é angolano e conhece bem a situação difícil em que a maioria dos angolanos vive. A sua posição em relação a problemas que acontecem no país decorre certamente do acompanham­ento que faz do que ocorre em Angola e do contacto directo com pessoas.

O país tem muitos problemas por resolver, pelo que faz sentido que a maior instituiçã­o religiosa angolana reaja a situações contrárias à promoção do bem comum, quer criticando o que está mal, quer encorajand­o os detentores do poder a fazerem uma boa gestão da coisa pública.

Os bispos da Conferênci­a Episcopal de Angola e São Tomé pediram na quarta-feira ao Presidente da República, João Lourenço, que prossiga o caminho das reformas do Estado, para que todos os angolanos primem pela dignidade, honra e nobreza de espírito, fazendo com que as assimetria­s regionais desapareça­m, a cultura da justiça se afirme e os bens de todos a todos beneficiem.

Quando João Lourenço foi eleito Presidente criaramse expectativ­as em relação à sua capacidade para mudar muita coisa que anda mal no país, tendo os cidadãos acreditado que o novo Chefe de

Estado é capaz de tomar as medidas necessária­s para, sem hesitações, corrigir o que está mal e melhorar o que está bem.

Os angolanos percebem que é hora de alguém começar a pôr ordem no país, e os seus olhos viram-se para aqueles que, por via do poder que lhes foi conferido pelo povo nas urnas, estão em condições, no respeito da Constituiç­ão e da lei, de ajudar a construir um país melhor.

As igrejas têm importante papel a desempenha­r na nossa sociedade. Não se pode ficar indiferent­e à injustiça e às desigualda­des sociais. As igrejas devem tomar posição clara e oportuna quando se apercebem de situações que lesam os interesses das comunidade­s. Os problemas existem e muitos deles são gravíssimo­s. As instituiçõ­es religiosas não devem ficar inertes como se nada estivesse a acontecer, nos domínios político, económico e social.

Vale sempre a pena fazer-se alguma coisa em prol da justiça. Os cidadãos querem que se construa no país uma sociedade justa e próspera. Não basta que tenham uma Constituiç­ão e leis avançadas. É também necessário que tenhamos governante­s com elevado sentido de responsabi­lidade. Quem exerce o poder deve tomar consciênci­a de que tem a missão de servir milhões de cidadãos.

Que tudo se faça para se acabarem com a más práticas e que se inicie de facto um novo ciclo , que seja marcado pelo trabalho em prol do bem-estar dos cidadãos. Que as igrejas sejam um segmento activo neste processo de construção de uma Angola em que todos possam ser felizes.

O país tem muitos problemas por resolver, pelo que faz sentido que a maior instituiçã­o religiosa angolana reaja a situações contrárias à promoção do bem comum, quer criticando o que está mal, quer encorajand­o os detentores do poder a fazerem uma boa gestão da coisa pública

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