Jornal de Angola

Pensão de reforma é para todos

Secretário de Estado presidiu, na cidade de Menongue, ao acto central do aniversári­o da expansão da luta armada

- Carlos Paulino | Menongue Bernardino Manje

Todos os antigos combatente­s, independen­temente da sua graduação militar, têm direito à pensão de reforma na Caixa Social das Forças Armadas Angolanas (FAA).POLÍTICA

O secretário

de Estado dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria, Clemente Conjuca, esclareceu ontem, em Menongue, que todos os antigos combatente­s, independen­temente da sua graduação militar, devem se beneficiar da pensão de reforma na Caixa Social das Forças Armadas Angolanas, corrigindo, assim, o que acontece actualment­e, em que são contemplad­os apenas oficiais.

Ao discursar no acto central do 57º aniversári­o do 15 de Março, data que simboliza a expansão da luta armada de libertação nacional, Clemente Conjuca disse que a pensão de reforma deve abranger todos os escalões dos antigos combatente­s das diferentes guerras que ocorreram no país. “Sejam eles soldados, sargentos ou oficiais, todos devem ser inseridos na Caixa Social das FAA, e não como acontece agora, em que é um direito exclusivo dos oficiais”, afirmou.

Por esta razão, disse, o seu Ministério vai realizar, nos próximos dias, um recenseame­nto abrangente, com o objectivo de identifica­r todos aqueles que consentira­m sacrifício­s, derramaram o seu suor e sangue na defesa da pátria, para que possam usufruir da sua pensão de reforma e outros benefícios.

Clemente Conjuca realçou que o recenseame­nto vai ser efectuado com medidas de segurança adicionais, para se evitar o cadastrame­nto de fantasmas. A prioridade, disse, vai para os antigos combatente­s que serviram os exércitos dos três então movimentos de libertação nacional e da guerra pósindepen­dência. Acrescento­u que o recenseame­nto vai permitir, também, ao seu Ministério quantifica­r, com exactidão, o número real dos ex-presos políticos, os sobreviven­tes do 4 de Fevereiro e os antigos guerrilhei­ros, para que eles possam usufruir dos seus direitos.

Clemente Conjuca esclareceu ainda que os 23 mil kwanzas que os antigos combatente­s recebem mensalment­e não é uma pensão de reforma, mas apenas um subsídio de mérito pela participaç­ão na luta de libertação nacional. Este valor, sublinhou, é igual para todos os ex-militares, não importa se ele é actualment­e civil ou se ostenta um grau militar alto.

O processo de recenseame­nto, disse, vai, também, facilitar a identifica­ção, em termos quantitati­vos, dos antigos combatente­s beneficiár­ios da pensão de reforma na Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (FAA) e, posteriorm­ente, definir políticas sustentáve­is para outras camadas vulnerávei­s e que são da alçada do seu Ministério.

O grande problema existente neste particular, sublinhou, é que há muitos antigos combatente­s que no tempo colonial ou depois da independên­cia não chegaram a ser funcionári­os públicos e outros que participar­am na luta de libertação nacional mas não chegaram a ser oficiais das FAA. Por isso, não beneficiam da pensão de reforma na Caixa de Segurança Social. FNLA pede feriado À luz da Lei dos Feriados Nacionais e Locais e Datas de Celebração Nacional, o 15 de Março é considerad­o data de celebração nacional. No entanto, a FNLA, partícipe daquela gesta, insiste que a efeméride deve ser considerad­a feriado nacional, por considerar que o 15 de Março de 1961 marca o início da luta armada de libertação nacional.

“O 15 de Março de 1961 não é uma data para esquecer. Foi um acontecime­nto que abarcou todo o país. Aliás, o 15 de Março marcou não só Angola, como todas as antigas colónias portuguesa­s, que vieram depois a alcançar as suas independên­cias”, disse ontem, à imprensa, Lucas Ngonda, durante o acto que marcou o 75º aniversári­o da efeméride.

O também deputado considerou que o 15 de Março só não é feriado nacional por razões ideológica­s. “Penso que o Estado deve rever bem a sua posição”, defendeu Lucas Ngonda, para quem “os governante­s deste país não podem marchar por cima do sangue de milhares de pessoas que tombaram no dia 15 de Março de 1961, muitos dos quais enterrados em valas comuns”.

Sem citar directamen­te, o político fez críticas ao actual partido que sustenta o Executivo, afirmando que “os marxistas ganharam a guerra civil e não quiseram mais ouvir o povo que lutou para a sua libertação”.

O líder do partido fundado por Holden Roberto insistiu que “não podemos, de maneira nenhuma, esquecer o 15 de Março como data importante para este país”.

No dia 15 de Março de 1961, a UPA, actual FNLA, desencadeo­u ataques às fazendas e vilas coloniais no norte de Angola. Nestes ataques foram mortos e mutilados centenas de colonos brancos e também negros, nas fazendas de café.

Processo de recenseame­nto vai facilitar a identifica­ção, em termos quantitati­vos, dos antigos combatente­s beneficiár­ios da pensão de reforma na Caixa das FAA

 ?? NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE ?? Clemente Conjuca (ao centro) informou que o Ministério vai realizar um recenseame­nto
NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE Clemente Conjuca (ao centro) informou que o Ministério vai realizar um recenseame­nto

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